Confessionário

O prazer é um pecado, e às vezes o pecado é um prazer. 
(Lord Byron)

As luzes lá fora já se apagaram. Os quatro comprimidos sublinguais de Rivotril duas miligramas estão se desmanchando na boca. O conhaque Presidente está pela metade, sorrindo pra ela, o gato oportunista passeando entre as pernas, entrelaçando-se, olhando pra cima e emitindo o som estranho que vem dos gatos: ronronar… Ronronar. Ela sempre gostou desta palavra, soa estranhamente erótico. Doente… Pensou ela… O gato, de alcunha Byron, queria carinho? Não, ele quer comida, está sempre faminto, com olhares piedosos, tal como o gato do desenho do ogro verde e o burro falante. O prato de Byron, o Gato está vazio. Talvez tenha um pouco de leite não coalhado na geladeira e um resto de comida de gato enlatada. Byron a encara, na penumbra da madrugada aqueles olhos amarelos lhe dão arrepios e ele a segue sentindo-se satisfeito quando ela coloca a tigela de comida ao chão.

Gatos desgraçados, tão classudos, comendo sentados, parando para respirar, olhando ao redor. Aqueles olhos amarelos de reprovação, enquanto ela toma goles longos de conhaque e acende a porcaria dos cigarros mentolados que ela esconde na gaveta. Os comprimidos de Rivotril, numa pasta nojenta, misturando com o conhaque made in Paraguai na boca. Aquela sensação relaxante, quente, densa e consoladora, com um peso de um homem entre as pernas, seu velho homem.

Os olhos do gato dizem: tal como o peso daquele seu velho homem ao qual você nunca teve.

Dá uma alta risada de escárnio, e vai se derretendo no sofá, com o olhar perdido no teto mofado com pintura descascada. Talvez toda a concepção que ela tenha a respeito de sexo, seja como aquelas paredes, aquela pintura… Incompleta, inacabada, cheia de manchas. Talvez ela se junte ao trovador bêbado que passa todas as noites declamando versos desconexos embaixo de sua janela, mas hoje, justamente hoje que ela precisava se deleitar do escárnio dos desgraçados, eles não cantam suas emoções. Fica somente o eco das vozes na escuridão, repetindo como trechos de canções em disco riscado…

And no one makes me close my eyes

And no one makes me close my eyes

And no one makes me close my eyes

And no one makes me close my eyes

And no one makes me close my eyes

É o que diz no disco riscado do Pink Floyd. Enquanto “Echoes” toca e ela delira no sofá, os olhos do gato, reprovadores, encarando-a como os olhos do padre durante a confissão. Lembrou-se que só se confessou uma vez na vida, na primeira comunhão. Entrou em uma sala no pátio da Igreja Nossa Senhora Aparecida, da cidadezinha pacata onde todos puxam o “r”. O padre estava sentado numa grande cadeira de madeira maciça e couro. Conte-me seus pecados minha filha, do que você se arrepende? Mas eram pecados de criança, tal como roubar doces, gastar dinheiro do lanche com fliperama,  subir no telhado escondido, simular sexo com a Barbie e o Ken, e fazer desenhos sem educação sobre a professora chata. Vou-me confessar Byron… Só você me entende, eu sei e você agora está com aquele olhar de que quer me ouvir…

Byron, o gato, se aproximou, lambeu-lhe a mão, não gostou muito, tinha gosto de conhaque, nicotina e sangue. Ela cortou a mão na lata de comida pra gato e não percebeu. O chão da cozinha estava manchado, contando histórias no chão. Mas o gato ficou lá, sentado, olhando pra ela, seminua e bêbada no sofá.

Byron eu pequei… Eu peco todos os dias, todas as noites…

O gato arrepia os pelos, lambe as patinhas e volta em sua posição de olhos atentos.

Eu queria beijar-lhe a boca inteira, afundar minhas mãos nos negros cabelos,

 Daquele seu velho homem que você nunca teve, disse o gato, com os olhos…

 Eu poderia lamber-lhe a cara, eu poderia beijar todos os pelos do rosto. Aquela barba negra por fazer. Eu poderia Byron… Eu poderia pensar em um milhão de coisas sujas e vulgares, eu poderia dançar nua pela sala, eu poderia fazer uma rima pobre e podre, mas eu não sou poeta. Eu poderia percorrer-lhe o corpo inteiro, como um inseto ou morder-lhe como um animal sádico, brincando com a presa. Aquele velho homem… Velho… Antigo, empoeirado, um quadro inacabado perdido em um souvenir.

Tomou mais um gole de conhaque; desejar sem poder é pecado? Até onde minhas entranhas expostas são um grito desconexo de utopia? O que é utopia? O que eu tenho medo? Qual o índice da minha maldade? Da nossa maldade, sem exceções? É matar alguém com 200 facadas, é torturar uma criança até a morte por inanição? É ver um cadáver na rua esperando o rabecão e tomar uma cerveja na calçada da esquina? Eu posso sufocar meu tesão com um travesseiro e pedir desculpas depois? Eu posso lhe arranhar as costas, posso traçar mapas de desejo no meio do suor, pelos, veias e tendões? Qual o prazer em sentir dor? De ver meu corpo rasgado e com marcas profundas de dedos, pequenas irritações causadas nas pele por causa do passeio de um rosto barbado? A preguiça masculina de 3, 4 dias de pelos na cara. E o meu corpo no espelho, dilacerado, desalmado e talvez amado? Qual foi o meu pecado? Pecado Byron… PE-CA-DO…

 Byron subiu no sofá, sentou no ventre nu e suado daquela que balbuciava eloquências e metáforas, e com olhos piedosos passou a língua áspera no ventre dela, como se quisesse caçar as mariposas no útero. E os pelos do gato como uma carícia, as patinhas pressionando como dedos. Ele se deitou, encarou-a com os olhos de incógnita e o piscar de felino. Trouxe-lhe a exata sensação de que o pecado era para ser vivido, mesmo na utopia. Dormiu, sonhou com o seu velho homem, que tem olhos e jeitos de felino. Dorme e sonha com dias poéticos, desgastados, descascados, com um pouco do mofo das tristezas, cores sinestésicas e os ventos de alegrias cheias de tragédia. Versos, neologismos, dor, beijos e gemidos.

 O gato olhou para a janela, poderia dar um passeio lá fora, no mundo paralelo dos gatos, perturbando o sono alheio com as transas felinas que atiçam o sono dos incautos, mas ficou com sua dona, e pensou nos albatrozes, “imóveis no ar”, do disco riscado do Pink Floyd. A noite foi como eco, cheio de vozes e desejos ensandecidos. A noite apenas começou, com seus encantos, prazeres, pecados e desejos, deitando em metáforas, aforismos, metonímias e falácias. O bêbado trovador passou embaixo da janela.  Todos os olhos felinos piscaram e sorriram, enquanto lambiam-se uns aos outros, as patas, a cara, o corpo, o sexo…

Escrito ouvindo isso aqui várias vezes:

Front

Já estive aqui antes, contemplando outros amanheceres. Já estive aqui, andando de um lado para o outro, com as mãos manchadas de sangue. Já vi meus velhos amigos perderem a luta em campos de batalha, minhas mãos e roupas cheias de sangue. Matei meu melhor amigo com um tiro na cabeça, porque ele me implorava para acabar com os sofrimentos que sentia. As tripas saltando da barriga, e ele segurando-as nas mãos, numa tentativa desesperada de botá-las para dentro de novo. Mate-me, por favor, por amor à sua vida, mate-me… Ouço isso me atormentando, dia após dia, ano após ano… Já ouvi os sinos da velha capela anunciar muitos funerais. Pessoas de luto a murmurar orações, cujos ecos invadem meus ouvidos, levando ao longe velhos murmúrios já tanto desgastados, e aquele som entalado na minha garganta. E Deus, aquele velho tolo que não existe… Estou sempre cansado de lamentações. Se eu pudesse, andaria milhas e milhas pelos campos de centeio, e como Holden Caulfield, eu salvaria as crianças de caírem dentro do abismo. Muito prazer minha amiga, sinta todo o calor de minhas mãos trêmulas. Mas você tem as mãos tão frias, que me sinto diante de minha própria morte. Teu rosto já tão fundo, as olheiras marcando um profundo desespero embaixo de teus olhos. Tens a fala mansa, muitas vezes eu não escuto. E olhando dentro dos teus olhos, vejo apenas uma garotinha aturdida, perdida. Talvez, falte algumas mãos empurrando-lhe, naquele balanço velho, perto do velho poço. Quando eu era um garotinho, sem barba na cara, você chegava e me pedia para empurrar-lhe no balanço. Você não tinha forças, minha cara amiga, para dar sentido ao teu próprio voo. Dizia-me que me encontraria algum dia, perto da velha capela. Fiquei esperando, anos e anos. Amigos morreram, guerras aconteceram, ouvi tiros, explosões, gritos de desespero. Cruzei rios, pegando cadáveres que boiavam ao meu redor. Esperava que com o tanto de peso que tinha, eu afundasse, para abraçar o inferno que tanto me espera. Mas era apenas eu e o fedor de meus companheiros mortos em campos de batalha. E hoje carrego no peito uma medalha  de ouro ridícula, pelo trabalho realizado, salvando vidas e a honra de companheiros. Consegue ver, o quão bonito é isso? Lembro-me das noites que passei em bares, enchendo a cara, e ao final da noite saía com prostitutas. Elas amavam um homem de farda. Algumas me davam de graça, e por mais que eu implorasse que aceitassem o pagamento, diziam que um homem de honra deve ter amor todos os dias. E que merda de Amor é esse?

Encarei a vida como um pássaro voando sem rumo no horizonte. Lembro-me, quando criança, de matar um a um com estilingadas, sentia todo o prazer de enterrá-los, um cemitério de pássaros, no jardim de minha casa. E você me ajudava, colhendo flores para fazermos o enterro. Eu já gostava do teu sorriso sádico, desde quando você era uma criança, descabelada, desdentada, com seu vestidinho branco impecável, sempre sujo de terra ao final do dia.  São essas doces lembranças que me fazem escorrer lágrimas de delírio.

Queria agora, dar tiros em todas as direções, ver pessoas correndo de desespero, implorando por misericórdia, enquanto seguro a arma, ouvindo um coral de anjos desafinados a cada gota de sangue derramado, e eu poderia lhe ver dançando nua em cima do mar de sangue formando-se aos seus pés e então eu amaria cada pedaço de tua pele, como se fosse a coisa mais divinamente perfeita neste mundo. E diante de deuses em fúria, cometeria o maior pecado do mundo, e seria então feliz, discordando da boa moral e costumes das pessoas que eu mais amei, apenas você e eu, num mundo vermelho, manchado de injúrias, apenas com a dor e tristeza de passeatas fúnebres. Mas estou aqui neste funeral, e a marcha militar fúnebre vai começar. E o barulho dos tiros ao alto, sou apenas um homem na multidão, um homem condecorado, um herói de guerra, manco… Salvei vidas e quase acabei perdendo a perna. A ironia da vida quase me mata, e os gritos de sofrimento ainda me perseguem, ainda tenho o mesmo pesadelo durante anos. Ainda amo a mesma mulher, ainda desejo casar e ter filhos e contar-lhes crônicas de guerra. Ainda quero andar embaixo da chuva, mas sem que nenhum pensamento me atordoe. No próximo anoitecer, durante a madrugada, serei um andarilho miserável vagando pela casa com uma arma na mão, uma garrafa e murmúrios. Vejo você, dizendo-me que sou apenas um homem fracassado, largado à sorte de meu próprio destino. Se chover nesta noite querida, deixarei que cada gota d’água escorra para meus lábios e que lave este meu rosto de ressaca. Poderei estourar os vasos que herdei de minha mãe. Dentro de cada um deles tem as cartas que ela me enviava durante a guerra. Muitas se perderam no front de batalha, algumas têm manchas de sangue, algumas outras me trouxeram alguns minutos efêmeros de paz e aconchego. Minha velha mãe na soleira da porta me dando adeus. Foi a última imagem dela que eu tive em minha vida. E a saudade do aconchego dos braços de minha velha mãe, é o único calor que me traz um sorriso no rosto. O calor do amor materno, as palavras de apoio, os sermões. Se eu pudesse trazer algo de volta, seria ela, mas os anos passaram, perdi amigos, amei e fui amado. Tento parar de pensar nesses disparates, a fim de manter longe o canhão de meu revólver longe de minhas têmporas.  E é assim todas as noites. Tenho apenas uma bala no tambor do revólver, e sei bem como usá-la. Quando vier me visitar, limpe o meu sangue, troque os lençóis, apague a luz e feche as portas.

Quando eu era menina…

Seu eu morrer muito novo, ouçam isto: Nunca fui senão uma criança que brincava. (Alberto Caeiro)

Eu me lembro como se fosse hoje, a rua cheia de crianças. A velha rua sem saída que tinha a poucos passos de minha casa. Naquela época, ao menos, assim eu penso, analisando os dias de hoje, cerca de 18 anos depois, aqueles tempos era seguro brincar nas ruas, mesmo aquelas que tinham saída. Pode ser que no meu olhar de criança, eu não enxergava a maldade. Não existe nada mais belo que o olhar inocente de uma criança. Existe apenas a consciência do querer brincar pra sempre, de nossas mães ou aqueles que cuidam de nós, de nunca alcançarem o portão de casa e nos chamar porque estava entardecendo. Talvez este fosse o momento mais triste do dia. Quando eu era criança, eu não almejava o entardecer, quando ele chegava eu sabia de alguma forma muito simplista de que teria de me despedir de outras crianças e entrar para casa. Hoje, adulta, eu almejo os entardeceres, pois sei que minha jornada de trabalho está chegando ao fim e que eu posso chegar em casa, tomar um banho e relaxar. O mais engraçado é que quando éramos crianças, queríamos ser adultos. Esta é a coisa mais besta que uma criança possa querer. Eu falo aos meus irmãos menores que eles nunca devem ter pressa de querer ser adultos.

E a rua sem saída e demais ruas ao entorno era um palco de sorrisos e brincadeiras. Naquela época as crianças ainda fabricavam suas próprias pipas, e corriam para buscar as que caiam no céu. Dias atrás fui num churrasco com os amigos em um bairro da periferia. Lá pude ver as pipas no céu. Me trouxe uma lembrança doce dos meus tempos de criança. Estávamos na calçada com nossas “bebidas de adulto” e cigarros que já não eram de chocolate. Um menino desceu correndo atrás da pipa que foi derrotada. E quando ele subiu novamente e passou por nós, parabenizamos a criança: “Ehhhhhhhhhhhh!” e então o menino abriu um sorriso e levantou a pipa em sinal de vitória. Fazia tanto tempo que eu não via isso, e então pensei o quanto estou ficando velha ranzinza em um bairro de metrópole onde as crianças das famílias que existem por aqui brincam trancafiadas em casa com seus videogames, tablets, carrinhos de controle remoto. Não existem mais brincadeiras na rua. Não vejo mais carrinhos de rolimã, meninos soltando pião, rodinha de crianças jogando bafo ou bolinhas de gude. Como costumo dizer, as brincadeiras hoje se transmutam em divertimentos eletrônicos sem nenhum contato com o que existe real. Antes eu brincava na terra. Hoje uma criança dificilmente brinca na terra, talvez a única terra que elas “tocam” são as dos canteiros do Farmville.

Lembro-me que eu sentava na soleira da calçada e via os meninos descendo a mil nos carrinhos de rolimã. Às vezes um se ralava todo e a mãe saia correndo preocupada. Ficavam alguns dias de castigo e depois voltava, com um carrinho de rolimã novo. E não era só isso que tinha pelas ruas. Na rua de casa, tinham jogos de amarelinha desenhados no asfalto. Eu me lembro de que nós roubávamos giz colorido da escola para poder desenhá-las no chão. O céu era feito com giz azul, o inferno com giz vermelho, e os números, obviamente com giz amarelo. E pegávamos pedras da rua para jogar. Lembro-me o quanto era difícil acertar o número 10, mas as crianças que chegavam até o final da amarelinha, tinham o dia ganho. E as tardes semanais e finais de semana eram recheadas de pega-pega, pique-esconde, pula corda… Eu era muito ruim em pular corda. Ficava frustrada por ser desengonçada. Mas mandava bem nos patins. Um dia peguei uma ladeira e me arrebentei porque uma pedra apareceu no meio do caminho, e não deu tempo de desviar, foi a única vez que eu me arrebentei nos patins. Eu pulava, fazia manobras, coisa de criança doida mesmo. Carrego em meus joelhos e cotovelos as marcas da queda. No dia chorei, hoje dou risada. Lembro-me de que naquela época merthiolate tinha álcool. E ele era o terror das crianças travessas, o terror dos que andavam de bicicleta, patins e rolimã. Jogar futebol e chutar o chão ao invés da bola era lágrima certeira. Nada era mais terrível que o merthiolate, as crianças queriam voltar para suas casas com roupas imundas e pés sujos, mas não queriam voltar cedo e encarar aquele vidrinho daquele “negócio que ardia”.

Tinham as lendas que contavam para as crianças. Nunca me esqueço do homem do saco. O homem do saco era o terror para as crianças cujos pais as educavam para ficarem sempre por perto de casa ou dos pais durante os passeios. Um dia, fui à feira com minha mãe e me perdi dela para comprar pastel. Achei que fosse encontrá-la e me enganei. Então fiquei esperando na banca de pastel. Ela me encontrou e me deu o sermão do velho do saco. Quando chegamos ao portão de casa, um velho com um saco nas costas estava descendo a rua, e ele olhou pra mim e disse: “Que criança linda! Quer ir embora comigo?”. Então corri pra dentro de casa, e fiquei anos acreditando que o homem do saco existia, e tinha certo medo de ir pra escola sozinha e encontrar o velho, e ele me pegar à força e colocar dentro do saco. Eu acreditava mais no velho do saco do que em papai noel. Sempre soube que o papai noel era meu tio, mas o homem do saco não, ele existia e não era o papai noel, era um homem velho que sequestrava as crianças e depois as comia ou vendia.

Além do velho do saco, tinha o velho do muro… O velho do muro era um tio de um menininho que estudava na mesma escola que eu. Ele sempre ficava até altas horas no muro da casa dele, apenas com a cabeça aparecendo. Era um muro alto. Fiquei sabendo da real causa da aparência dele, anos depois, quando adulta. Eu tinha medo dele. Ele era um senhor de idade muito pálido, com covas profundas no rosto e sem nenhum cabelo, completamente careca. Quando a noite chegava e nas vezes que iá com meu irmão comprar tortuguitas na vendinha, ele estava lá, espiando a vida por cima do muro. E as luzes das luminárias de rua davam mais ênfase a palidez dele. E eu sempre dizia que não gostava do velho do muro. Um dia minha mãe me perguntava por que eu não gostava dele. Eu respondi a ela que era porque nunca tinha visto uma expressão tão triste em alguém. Eu não conhecia muito a tristeza até os meus 8 anos, quando tudo era teoricamente normal em minha vida. Aquele velho foi meu primeiro encontro com a expressão de tristeza no rosto de alguém. Dos meus oito anos em diante, descobri a tristeza em meu próprio olhar. Mas daí já é uma longa e talvez desnecessária história, ainda com dores não curadas, talvez alguns meses de terapia me ajudem. Mas só posso dizer que sei na pele o que é não saber conviver na mesma esfera de compreensão de uma criança.

Vocês dizem: “Cansa-nos ter de conviver com as crianças”. Tem razão. Vocês dizem ainda: “Cansa-nos porque precisamos descer ao seu nível de compreensão”. Descer. Rebaixar-se, inclinar-se, ficar curvado. Estão equivocados. Não é isso que nos cansa, e sim o fato de termos de elevar-nos até alcançar o nível de sentimentos das crianças. Elevar-nos, subir, ficar nas pontas dos pés, estender a mão. Para não machucá-los. (Janusz Korczak)

Eu tive um namoradinho na infância. Eu inclusive já falei dele. Chamava-se André Luis. Era um menino que me escrevia cartinhas de amor com as canetas coloridas da irmãzinha. Já escrevi aqui também que um dia eu e ele encontramos uma pomba no chão, e ignorantes das certezas da vida, achávamos que ela “dormia” na calçada. Depois, descobrimos que era apenas uma pomba morta com vermes devorando as entranhas. Mas ela estava ali, no meio da calçada, como se tivesse feito um ninho. E eu me lembro daquele momento até hoje, e do cheiro das balas de doce de leite de Andre Luis, e do momento que eu chorava inconformada por causa de um pássaro morto, e ele simplesmente me deu a mão e fomos de mãos dadas até o portão de casa. Ele me deu um beijinho no rosto. Era um beijo melado, com cheiro e sabor de doce de leite. Hoje, quando vejo aquelas balas quadradas de doce de leite, lembro-me de André Luis, e seu cabelo loiro tigelinha. Ele tinha os olhos quase claros, de um castanho esverdeado. Era uma linda criança. Eu acho que eu era uma criança bonita também, os meninos do jardim me davam flores, mas André Luis foi o único a quem eu andei de mãos dadas naquela época. E o mais engraçado é que eu via os adultos se beijando na boca e tinha nojo daquilo. E comentava com André que ele não faria aquilo. E ele dizia: “Blergh, não… É nojento”. E ficávamos somente nos beijinhos de despedida e nas cartas inocentes com letras tortas, reféns de cadernos de caligrafia. Não posso dizer, (ou posso?), que eu vivenciei um amor na sua esfera mais pura, mas não sei dizer, 17 anos depois, se aquilo foi amor. Foi uma história de infância, cheia de timidez e risinhos. Era como um amigo com algo a mais. Eu e André Luis dividíamos o lanche, contávamos nossos segredos um ao outro, e, sobretudo, andávamos de mãos dadas, e eu acreditava que por ele estar comigo, estaríamos protegidos do homem do saco. Quando descia a rua de mãos dadas com André, eu nem me lembrava do “Velho do Muro” e sua fisionomia triste. Descobri muitos anos depois que aquele velho na verdade não era um velho. Era um homem de quarenta e poucos anos que sofria de câncer. Quando ele morreu, eu em minha consciência de criança, eu achava apenas que ele tinha enjoado de ficar ali. Descobri que as coisas e pessoas morrem quando vi a pomba morta no chão. E chorei dias seguidos com medo de perder alguém próximo. Os adultos me confortavam dizendo que as pessoas que morrem vão para um lugar bonito, onde não existia tristeza e demais coisas ruins. No ano passado confortei meu irmão menor que chorou dias e dias a morte de um amigo de minha família que vendia pastel na rodoviária e que por costume íamos até o trailer dele toda sexta-feira. Meu irmãozinho aguardava ansiosamente a “Sexta-feira do pastel”. E teve um dia que a pastelaria nunca mais abriu. O Senhor dos Pastéis foi executado cruelmente. Amarrado, colocaram-no de joelhos e deram-lhe um tiro na nuca. Tudo por causa de uma furadeira, uma televisão e cerca de quinhentos reais. E a notícia correu quatro cantos. Meu irmão viu a foto tirada ao longe do corpo sem vida do seu amigo pasteleiro jogado no canavial. Foi vítima do sensacionalismo barato. Ele chorou nos meus ombros. A Morte pra ele foi mais traumática. O meu primeiro encontro com ela foi através de um pássaro no meio da calçada, mas ele passou para um degrau filosófico muito mais pesado que aquele que eu passei. Ele em tenra idade passou a questionar quanto vale a vida… E ficava triste pelos cantos, até que o Tempo lhe curou as dores…

Quando eu era menina, e ficava triste pelos cantos, eu subia no telhado de casa. A vida era incrível lá em cima. Isso passou a ser corriqueiro na época em que eu me tornei uma criança triste, fragilizada emocionalmente. Era em cima do telhado que eu encontrava minha paz que tanto me fazia falta. Eu era feliz quando meu irmão Ricardo ia me visitar, e nós íamos ao cinema, escutávamos música, ou quando ele me levava para brincar em piscinas de bolinhas ou carrinhos bate-bate. Ele sabia que eu passei a ser uma criança sozinha em um mundo de adultos estressados, deprimidos e alguns deles, opressores. Quando ele não estava lá, eu ficava no telhado. Escondida, sim, escondida. Porque as pessoas passavam sempre olhando em frente ou olhando para o chão. Nenhuma delas olhava pra cima para ver o quanto o céu estava bonito, ou o bem-te-vi que sempre cantava em galhos nas árvores da minha rua. Outra alegria que eu tinha era levar minhas cachorras para passear. Ver a alegria delas cheirando pequenos canteiros e chegarem cansadas em casa era uma forma de eu ficar feliz. Um dia minha cadela Gabi, já velhinha, talvez ciente de sua morte, fugiu. Dizem que os cães sabem quando vão morrer, e alguns deles se afastam dos donos para evitar que eles sofram. Todos os meus bichinhos sabiam quando eu estava magoada. Eles deitavam ao meu lado e não saiam, e os mais novos faziam graça para tentar me fazer rir. E de certa forma, funcionava. Hoje, sinto falta de ter um cão. O amor dos animais é incondicional. Um amigo me disse que eles são mais humanos do que aqueles que recebem essa alcunha. Falam que o Homem é ser-HUMANO… Tenho minhas dúvidas. A criança sim, esta é um ser humano. Um ser em perfeição, tão incompreendido. Não penso em ter filhos, não agora. Penso que o mundo é cruel demais para seres tão perfeitos conviverem. E então eu pensei se ainda podemos oferecer para as crianças um mundo mais bonito. Mas o problema não está em nós, está ao redor. O que podemos fazer? Mantê-las em redoma de vidro? No momento sou egoísta o suficiente para apenas eu sofrer com as dores e intempéries do mundo, a ponto de querer ter de volta a inocência que eu tinha anos atrás. Eu era apenas uma menininha banguela, magrela que sorria brincando em balanços. Muitas vezes eu sonho com essa época, com as crianças que eu brincava, com André Luis… Um lapso momentâneo daquilo que perdemos ao passar dos tempos. Mas quando eu acordo, vejo que estou de volto para aquilo que corresponde à minha realidade. Hoje, não vejo mais crianças nas ruas. Não mais como antigamente… Não mais… Ser adulto é tão chato!

Lembro-me que eu usava polainas, sonhava em ser bailarina. Meu pai tinha me presenteado com um porta-joias que quando dava-se corda, a bailarina dançava. Então, eu sempre dava corda, e tentava fazer igual. Ao fim eu nunca me tornei bailarina, nem médica, nem toquei violino, nem astronauta... Não fui nada que eu sonhava quando criança. Mas eu sinto que essa menininha aí da foto nunca me abandonou...
Lembro-me que eu usava polainas, sonhava em ser bailarina. Meu pai tinha me presenteado com um porta-joias que quando dava-se corda, a bailarina dançava. Então, eu sempre dava corda, e tentava fazer igual. Ao fim eu nunca me tornei bailarina, nem médica, nem toquei violino, nem astronauta… Não fui nada que eu sonhava quando criança. Mas eu sinto que essa menininha aí da foto nunca me abandonou…

Escritores e escritoras.

A alma de um escritor não tem fim. Apenas começo e meio. Na trama de uma prosa ou melodia de uma poesia, as linhas exalam um tom profético, outrora apenas desejos que martelam incessantemente nos pensamentos de quem já foi criança, isenta de malícia e qualquer forma de maldade. Penso simplesmente, que se eu não escrever, eu vou enlouquecer. Terei olhos dançantes de mulher louca. Ao privar o homem de seu vício, dá a ele os primeiros lapsos de embriaguez tresloucada, causada pela abstinência daquilo que mais ama. No primeiro momento em que sentir-se livre de sua privação, trancar-se-á no universo que tanto ama. Como disse um amigo meu, escrever, além de prazer e vício, “também é dor e sofrimento”.

E pegando um reflexão de uma leitura de Vargas Llosa: escrevo porque sinto saudade…

Memórias da madrugada: Onde as flores morrem e a ilusão em alto mar.

Um homem pode ser destruído, mas não derrotado.

Ernest Hemingway

Eu poderia estar dormindo agora sabe?Mas não, é na minha insônia que encontro a paz de espírito, pois faço o balanço das resoluções do meu dia. E o que eu tenho a dizer? No meio de um monte de infinidades que atormentam minha alma, eu confesso aqui em linhas insones que eu poderia ser diferente, do que sou agora, talvez tentar ser normal, mas não, aqui jaz uma alma que tem olhos desacostumados, e sabe por quê? Porque eu tento, nesse mundo tão vazio, cheio de ideais fúteis, que não levam a nada, eu tento, como uma errante, tal como Dom Quixote de saias, montada em meu cavalo, tenta ver um mundo mais cheio de cores, mesmo ele sendo tão monocromático. Eu embaixo de um poço racional, ou escondendo-me por trás de uma muralha de uma mulher forte, dizem por aí “mais macho que muito homem”. Eu ando por aí, com meu guarda-chuva aberto, mesmo em dias de sol, eu já escrevi que estamos constantemente nos protegendo, daquelas coisas que por muitas vezes só são vistas por nossos olhos, ninguém vê, mas está lá, e você sabe que existe, no seu mundo de máscaras, aquela que tanto carregamos no dia a dia, vivemos um dia de sorrisos, uma falsa convicção, um sorriso falso de “Oi querido, tudo bem, comigo está ótimo!”, aquela mesmíssima coisa falsa de sempre. Mas por dentro, nós, humanos tolos e atores de nosso próprio espetáculo de personagens de contos de fada, sabemos que somos todos personagens de Hemingway. Já leram algum conto dele?Experimentem, ali, naquelas palavras estão traçadas a natureza nua e crua do ser humano, sem frescura, personagens com sonhos, mas numa realidade igual a que vivemos, com fracassos, vitórias, amor, desamor, ilusão. Muitas pessoas não gostam desse tipo de leitura, sabe, aquela leitura que te dá chibatadas, aquela que te faz chorar, dá aquela perturbação aquele aperto, o gosto amargo nos lábios, porque sabemos que a verdade não nos é conveniente, sabemos que quando achamos que pescamos um peixe grande em alto mar, podem vir as ilusões, em forma de tubarões, e então você luta, pega os remos da esperança e tenta acabar com cada ilusão que tenta devorar nossa vontade, aquele sonho, fisgado por mãos tão calejadas. Você sonha, você luta, trabalha feito um desgraçado ou uma desgraçada, e quando vê que seus oitenta e quatro dias de espera no mar, estão perdidos, esperamos em vão que algo bom finalmente lhe olhe nos olhos? Não necessariamente, depende dos olhos de cada um. Enquanto isso, navegamos com nossos barcos em alto mar, conversamos com as gaivotas de nossos pensamentos, e são eles, nossos amigos, de todas as horas. No momento que escrevo essa memória, que talvez seja totalmente amaldiçoada ou despercebida, eu estou deitada na minha cama. Eu tentei dormir, isso é fato que venho tentando, sabe?Ter uma noite de sono normal, mas na minha cabeça, eu estou sempre escrevendo, em sonhos, eu escrevo também, e quando não escrevo, eu acordo pensando em escrever, parece tão simples não é? Deixei meus remédios de dormir de lado. Sou teimosa, quando não se pode lutar contra algo, o que fazemos?Entregamos-nos a ela. Existem coisas nessa vida, que tem um propósito. Tal como o Velho de Hemingway, eu mantenho em mim uma Força, e não estou falando da Força tão discutida no universo de George Lucas, eu falo de uma Força frente à realidade. Não acredito em Felicidade eterna, nem em paz na república, conflitos sempre existirão. A vida é feita de momentos, e no meio de tantos momentos, vemos frames de drama, comédia, suspense. Temos sete formas de arte não é?Eu digo que temos oito… A vida integra todas as outras sete, somos atores, pintores, músicos, nós somos toda a maravilha da arte, de forma condensada, conseguem ver isso? Já parou para pensar, para olhar com outros olhos, toda a intensidade e beleza do que está ao teu redor, ou apenas pensou em juntar dinheiro para ter um carro zero? Aí que está… Nós andamos pelas ruas e chutamos as flores que nascem no asfalto. Um dia me escreveram que elas são amaldiçoadas pela falta de atenção. É meus amigos, e você, já deu atenção para as coisas ao teu redor? Já amou alguém, ou Amor é uma palavra tão desconhecida quanto um termo jurídico escabroso qualquer? Muitas pessoas dizem por aí, ahhh eu amo? Você ama o quê?Já parou pra pensar? Ou tem medo de enlouquecer? Sim, evitamos pensar nos dilemas que nos atormentam, fazemos com eles o que fazemos com as flores que nascem no asfalto, ignoramos, ela está lá, vai morrer um dia.

 

Numa manhã, certo dia, eu tirei uma fotografia de uma dessas centenas de flores que nascem por aí. Hoje eu digo centenas, pois eu vi que ela não era única no bairro em que eu moro. Da janela do meu ônibus de todos os dias, eu vi várias, numa imensidão de cores. A flor que eu fotografei, não existe mais, assim como o girassol tão bonito que eu via num jardim todas as manhãs. Mas sei, eu não desisto, eu sei que novas flores nascerão novamente, sei que pássaros brincalhões e com fome, na sua festa, no banquete de seus dias, ao pousar naquele girassol, derrubaram algumas sementes no chão, e ele nascerá lá novamente, tão belo como seu sucessor. Vejo o girassol, como uma metáfora de esperança, de luta. Quando achamos que nossos ideais e sonhos morreram, ou que fomos vencidos pelo Tempo, eis que ressurge uma nova esperança, basta a nós aceitá-la ou não, e por mais que possa vir a ser uma ilusão, quando vistas no horizonte, por outros olhos, ela podem a ser belas, porque não? Ilusões destroem, mas fazem parte dos nossos dias de ir e vir. Quando nos cansamos, vamos deitar, em nossas camas, mesmo elas não sendo feitas de jornais velhos, quando chega a noite, caminhamos em praias de areia branca, cheias de leões, ou qualquer outra coisas que seja agradável, mesmo que fuja de nossa realidade. Mas não nos esqueçamos, de olhar as flores do asfalto. Vamos deixar nossa arrogância de lado, nossa maldição, a falta de atenção. Um dia me disseram que aquela flor não pediu para nascer, mas nasceu, ali, no asfalto, amaldiçoada pela nossa falta de atenção, e não existe nada pior nesse mundo, que o desprezo. Eu sigo minha luta, em alto mar, um pedaço de linha nas mãos, faça sol, chuva, eu sigo, navegando no oceano de minhas convicções, e no meu desconforto, eu sigo com os olhos bem abertos, sou uma mulher forte, que não perde jamais a esperança de dias melhores, me chamem de tola… Os tolos são justamente tolos, por acreditarem sempre que dias melhores virão, mesmo sabendo que os contos de fada existem apenas nos livros. A realidade é bem diferente, a vida nos dá bofetadas no rosto, o príncipe na verdade sempre será sapo, cavalos brancos sempre nascem rebeldes, a beleza não é eterna, dinheiro não traz felicidade, nada é eterno. E a única certeza que temos nessa vida, chama-se Morte, e o Tempo, que tentamos enganar sempre, achando que aqui ele sempre vai existir. Ele é breve, não vamos perdê-lo com coisas mesquinhas, a vida é curta meus amigos, e não se vive sem correr riscos, e a vida é assim, como o oceano, imprevisível… Temos dias calmos, de maré baixa, marolas tímidas, outros amaldiçoados pela falta de sorte e nós não conseguimos prever, nem a sorte, nem a falta dela. Boa noite!

Querida, eu já estive aqui antes Eu vi este quarto, eu andei neste chão Eu vivia sozinho antes de conhecer você E eu vi sua bandeira no arco de mármore E o amor não é uma marcha da vitória É um frio e sofrido Aleluia... Leonard Cohen
Querida, eu já estive aqui antes
Eu vi este quarto, eu andei neste chão
Eu vivia sozinho antes de conhecer você
E eu vi sua bandeira no arco de mármore
E o amor não é uma marcha da vitória
É um frio e sofrido Aleluia…
Leonard Cohen

Escritos de terminal de ônibus.

Saí hoje de meu trabalho com meus velhos fones de ouvido, viajando nos instantes das notas musicais. Gosto de atravessar a passarela da rodovia, depois de um dia cheio de trabalho. É uma forma de paz, de missão cumprida, não importando o tempo de mais ou tempo de menos que eu passei no meu trabalho. O simples fato de ter atravessado aquela passarela, significa que foi mais um dia de labuta. É uma forma de gratidão incontida, o vento batendo-me no rosto, os carros passando lá embaixo em velocidades variadas. Às vezes eu paro e fico olhando a movimentação, as luzes amareladas, a cidade no horizonte, e coloco-me a pensar no meu dia, nas minhas vitórias, meus fracassos, meu Amor, e também, nos dias que virão. Esses dias futuros, eu os encaro como uma probabilidade. Uma probabilidade que possa acontecer ou não, pois os dias futuros, na maioria das vezes é focalizado em nossas mentes pensativas, como um sonho a se realizar, e nós não temos controle nenhum no nosso destino, pois se fosse assim, acredito que ninguém teria dificuldades nessa vida, pois nós controlamos nosso destino. Ninguém quer ter o destino de morrer atropelado por um caminhão desgovernado. Essa coisa de destino, faz-me lembrar de minha avó, que está internada e em coma num quarto de UTI. Ela sempre nos dizia que passaria dos cem anos, porque ela vivia a base de feijão, farinha, banana, pinga e cigarros. E quando ela fosse morrer, ela não sentiria dor, pois ela morreria dormindo. Quem vai poder nos dizer, que ela sofreu?Depois de um AVC, pneumonia e infarte, logo levada inconsciente para o hospital, sem ter o poder de dizer o que sentiu…Teria ela, mulher de 75 anos, que nunca foi internada em uma hospital, realmente não sentido dor?

Confesso que tomo consciência, de que alguns dias nunca virão me saudar com o amanhecer na janela. São aqueles dias de utopia, aqueles sonhos que nós almejamos,. O que sabemos nós, meros mortais, meras incógnitas que não é compreendida nem por nós mesmos, o que nós temos controle do nosso destino?Mesmo que ele seja onírico, os sonhos que carregamos conosco nem sempre é realizado, ou quando são, não são iguais aos contos de fada. Sim, podemos nos surpreender? Pode ser algo que não imaginamos, ou algo melhor ainda do que achávamos que fosse, mas sempre, SEMPRE ficará a dúvida…Minha mãe sempre diz, que na dúvida, fique sempre com o benefício dela. Sejamos otimistas, mas um pouco de pessimismo é ter os pés fincados no chão. Temos que nos permitir delirar em sonhos, mas lembramos que para um sonho se realizar, temos que ter as raízes bem plantadas no solo, mas, árvores também morrem, mesmo aquelas que são regadas todos os dias. Talvez nossa luta, seja cega, surda e muda, nossos sonhos sejam apenas um escopo de projeto que chegou em deadline. Lutamos, lutamos, lutamos, mas a luta chegou ao fim. Vamos enterrar nossas espadas na pedra. Talvez vamos voltar mais tarde, retomar nossa luta, ou esperaremos que alguém retire a espada cravada na pedra da derrota, vamos esperar, tem pessoas que esperam, de braços cruzados, sem mover a bunda da cadeira. Vivem na comodidade de não fazerem porra nenhuma e se aproveitar do sonho dos outros. Enfim, é apenas mais um desabafo escrito à mão, num terminal de ônibus num bairro universitário suburbano.

Quando minha pele estiver enrugada, todos os meus fios de cabelo estiverem brancos, meus olhos, tão grandes e arregalados, estiverem miúdos e caídos, ainda lembrarei dos meus sonhos que eu tive em minha vida inteira, a não ser que eu esteja debilitada demais mentalmente. Eu penso que quando eu envelhecer, no fim dos meus dias aqui nesse universo, eu vou perder a senilidade, e não saberei mais o que escrever num editor de textos, minhas mãos talvez irão tremer, e eu mal conseguirei segurar minha caneta. Eu terei um mundo esquizofrênico ou um mundo sem memórias, não reconhecerei os olhos das pessoas que eu amei ou amarei em vida. Uma vez eu ouvi uma frase, que dizia que a Morte, quando se aproxima, nos priva primeiro daquilo que mais amamos. Eu amo escrever…Talvez eu perca isso um dia, algo me privará daquilo que eu amo tanto. Penso que um dia, não terei mais a eloquência suficiente para escrever o que eu penso. É uma sensação que levo comigo, pois eu gasto tanto minha mente com minha hiperatividade, que por instantes é acalmada com um comprimido de Rivotril de meio miligrama, e mesmo com ele, nas noites que eu não consigo desligar-me de minha tempestade de ideias e indagações, ele me dá sono, e no sono meus pensamentos são transmutados para os sonhos, nas minhas poucas horas de sonhos, eu, inconscientemente ainda não atingi a minha paz.

Eu sou intensa demais para deixar uma palavra ou várias delas, passarem batido, despercebidas. Eu sou mulher demais para confessar que eu amo mesmo não tendo certeza sobre o outro lado da moeda. Isso não me mata, pelo contrário, me fortalece. Aquele que se cala perante meu turbilhão de indagações, tagarelices, loucuras e momentos de “sensatez insensata”, é aquele que me cativa. Eu gosto daquilo que me é contrário, pois me completa no sentido de me ensinar aquilo que eu não tenho. Não costumo ser silenciosa, logo uma alma silenciosa faz-me aprender a ser mais contida e menos verborrágica, no sentido não de escrever menos, mas de conversar com os olhos, sem ter que cuspir um milhão de palavras. “Dê tempo ao tempo “, sempre diz a minha amável e sábia mãe. Eu tento, desengonçadamente, não contar as horas, minutos e segundos para o alvorecer de um sorriso. A Vida ensinou-me a Amar tudo aquilo que eu carrego nela. Se a solidão e o silêncio andam comigo, de mãos dadas, eu abraço a decisão de que não poderia ser melhor, mas tenho sã consciência que a Vida é uma caixinha de surpresas, e muitas vezes nossas convicções são traídas com um belo tapa na cara, e uma cara de surpresa. A vida é uma incógnita, um sistema escalonado sem solução…Ela é bipolar, nos abraça com suas maravilhas de instantes, mas nos dá chicotadas nas costas, e elas podem ser cruéis, muito cruéis, somente o Tempo e sua Sabedoria poderão curar nossas feridas.

Eu seria muito imbecil se eu acreditasse que poderíamos ser felizes o tempo inteiro, que o Amor sempre será mútuo, que teremos um Amor para a vida toda. Nós vivemos num mundinho que instalou a cultura de que tudo é descartável. Eu acho lindo, aqueles casais de idosos que estão juntos desde a mocidade, um acompanhando as derrapadas e vitórias durante tantos anos. Minha avó diz, que o segredo das pessoas que vivem juntas por muitos anos, é que elas não tratam as pessoas como coisas descartáveis. Se há uma briga no casal, a primeira coisa a se fazer não é pedir divórcio, é sentar e conversar, e não jogar fora como um brinquedinho de plástico. Em falar em divórcio, via a dois e tudo mais, eu sou uma mulher que não tem o sonho tão clichê e simbólico de casar numa igreja e fazer uma mega festa. Hoje, o casamento é uma instituição falida. Sou partidária que não há problema algum, juntar as escovas sem casamento. Se um dia, eu for casar, se isso for realmente necessário, será uma cerimônia bonita em um cartório, e depois um churrasco para os mais chegados. Não quero gastar com festas e tudo mais. Prefiro guardar a grana que gastaria para um casamento, para usar numa lua de mel. Prefiro gastar meu dinheiro em noites tórridas de sexo na Europa, do que encher a pança de pessoas que sairão reclamando da festa, e depois eu terei boletos e boletos pra pagar. Desculpem-me as mulheres sonhadoras de véu e grinalda, isso apenas é uma opinião minha, e confesso que muitas vezes eu gostaria de ser mais “normal”, ter aquela coisa de casar na igreja, agradar meus pais, avós católicos, mas não é meu ideal de vida. Eu faço aquilo que é melhor, se meu parceiro, aquele que me acompanhará não faz questão de casamento, ótimo. Eu sempre digo que conheço casais que não são casados, mas que possuem mais sinceridade e amor mútuo do que muito casal com aliança grossa no dedo. A hipocrisia impera neste mundo, aquele que lhe diz que você errou por não ter casado, tem um casamento infeliz.  Pode apostar que o divórcio está chegando em galopadas de guerra.

Antes só do que mal-acompanhada. Eu sempre acreditei neste ditado. Acostumei meus olhos e instintos que viver sozinha é uma forma de aprendizado e auto-conhecimento. Mas eu digo, que quando eu amo alguém, eu não a trato como uma coisa de plástico. Não é como na música “Fake Plastic Trees”, do Radiohead. Eu não amo um homem de plástico. Pessoas possuem sentimentos, não gosto de brincar com eles, e eu também não sou uma mulher de plástico. Sou feita de emoções, sensibilidade, Amor, ódio, raiva, tristeza. Toda mulher carrega com ela todos os sentimentos do mundo, o homem também. Somos feitos de um conjunto de sentimentos, e alguns nunca sentiremos na vida, se não houver um estopim, um tiro, um ponto de partida, um insight…

Enquanto eu caminhava pelo terminal de ônibus, eu estava pensando em meus projetos para o futuro. Eu gostaria de ter uma casinha simples e linda, com um quintal agradável, com flores, árvores e bichos correndo pelo quintal. Eu amo os animais, sua pureza de espírito e seu amor incondicional. Se for um apartamento, pode ter um dormitório só, mas que tenha uma sacada para que eu possa escrever sentada numa cadeira confortável, e quando me erguer e parar com a cabeça apoiada nas mãos, observando a vida miúda e interessante lá de baixo, que eu possa divagar sobre a vida e os acontecimentos daquilo que eu vejo. E terá somente o silêncio de meus pensamentos, que serão também daquele que estender-me a mão algum dia.

Quero eu, ao envelhecer, ter meu velho Amor ao lado, com um sorriso talvez banguela, de bengala, ou com uma dor nas costas típica daqueles que levaram as dores do mundo nos ombros, durante a juventude. Este meu velho, nos meus sonhos de velhice, estará ao meu lado, na alegria, na tristeza, na raiva, na pobreza, na riqueza, na vida e na morte. E ele olhará para os meus olhos, tão calejados perante as surpresas agradáveis ou não que a vida nos proporciona, ele olhará pra mim, teremos um cachorro cego, surdo, velho e gordo deitado aos nossos pés, as folhas cairão tímidas lá fora…Ele olhará em meus olhos, me dará um sorriso de velho, e me dirá: “Você se lembra quando…”

Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a . Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem, Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos aos, estes ainda reservam prazeres. Sêneca
Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a . Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem, Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos aos, estes ainda reservam prazeres. Sêneca

I don’t know what to say…

Let it go, when I meet you
All the clouds parted, all that light came shining through…

This… I write now, is the hardest thing I’ve ever put on paper. And this text here, I’ll be the most honest and straight I’ve been. I never lied to you, believe me, but especially when you read this, I do not get no doubt, because I tried not to use metaphors, what you read here will not be hidden on a veil of a second interpretation, or a “do not get me wrong.”Now, I will not be misunderstood. And I pray, I pray to God that don’t misunderstand me. Have you ever … I wonder, have you ever not understood what I wanted to tell you?Did you got it all wrong so far? What kind of woman cliché you think I am? You think I’m just one? Dear … sorry to tell you, well, I’m not an ordinary woman. I doubt, I put my hands on fire, you’ve met someone like me. I am only my love, I make all the difference in a crowd, but this difference are very few who see. Few people that I see inside, there are few people who come to me and say, I’m unusual because I pretend, I pretend not do difference. I love me, know this, I have a like “Lion” to be, but this is not the side …Its not most important thing that matters now … my self-love?Don’t interest now. What’s important is that I never wrote anything with so much love and sincerity. Now, at this point, I’m putting everything I ever wanted to tell you, from the outside. Maybe that’s what you want … a bit of sincerity, or a little more sincerity? Want something outright? Direct and straight? All I ask, my love, I’ll do the only thing that can not and will I deny is that I love you. And this love, this love, brought me better days, and I saw the light again. I was so worried, and you appeared, and then I recalled a childhood sweetheart, 12 years ago, when I saw you sing. And until then, until you reappear, I did not know it was you, and when you said “Delight, I’m Figaro…” I choked on toast. I am the beast my love, I am moved with little. Love, I’m so simple, nothing too complicated. I’m not a complicated woman, but I’m no one. I’m not an ordinary woman. I used a ridiculous yellow dress on the day you first saw, and the second time I wore black clothes and white gloves. And now I touch your face with my white gloves, as much as now they do not serve me more, but it is with them that I will touch the face, because my love is pure.

And years later, I saw you on the road some mornings, and I always found it beautiful, but I did not know you inside, I never got around and asked: “I know you from somewhere?.” I saw her face and liked him. I’d like to see you lost, sitting waiting for the bus… and lost. One day I saw you with his old girlfriend in the supermarket parking lot, there near the church Aparecida(Pague-Menos market, same street of church), and for a minute I felt a slight envy, and I thought, “cute couple”. And then I went back to reading my book. But I did not realize, I do not imagine that one day you will rise again. And the way you came, it was funny … I saw you on facebook, and I recognized, I’m back in the years that I looked lonely waiting for the bus. And I commented to a friend, “Bia, I remember him waiting for the bus, he is the brother of Leo, remembers?”, And I exclaimed “Heavens, every day this man is more beautiful,” and then she said, “he added … add like a friend! what are you waiting?”. And I just said,”Are you crazy? He did not know me, and I do not know. Because he accept? We have never spoken a word to each other, I’m not crazy to do that!”. Don’t know, i don’t knew little about you, we never talked around, and you never remember my face. And so it was, and I watched their profile photo for several moments, but then I went to sleep. I went to sleep because it would the beach with my family. During one week, I was thinking about life and meaning. And it was there on the edge of the beach, I asked someone good in my life. I said, “God, someone special place in my life, someone who see me inside.” And then I came back from my retreat by sea on a Sunday night, and then you appeared, wanting to be my friend. And now you’re gone. You disappear, no longer responds to that I ask. I asked him how was your exams in college, and you did not answer me, I asked him how was the show of Roger Waters,and you ignored me. You were the first person I told about my promotion at work, I expected it to be happy, but you did not answer. And that hurt me. And do not think this would happen only with yourself. Any person I respect and feel the least affection, if Ignored it, I would be very sad.. I will not let go of what I wrote to you, because nothing in life is in vain. My love is true, however you do not believe in it or is it just iluded man. Love, I’m not playing with those feelings, and in no time I played with her. I’m sorry if you ever had that thought about me, I believe people make mistakes. If you think I’m a giddy, love, I forgive you, and forgive me if I spent that impression. Forgive me if I fell for you, from the moment you read that text about my childhood, a fact that nobody gave importance, everyone thought it was fool, no one paid any attention, and then you appear out of nowhere and you read without difficulty. And then that song has now become a sad thing. I thought it a sad beauty, and that song made me smile …but now…make me cry.

I will not beg, kneel asking who loves me. You know now, I think that more direct here, is not impossible? Baby I love you, and I’ll be here, you know, I love this place. Do you know where to find me, if you’re just confused again … be my friend and let nature and time take care of it. God knows how I take care of my garden every morning I water my flower with tiny drops of water, and it is a beautiful sunflower. He did not sprout, but I know it’s there … unknown and hidden beneath the soft earth. And I can not, I can not beg to be born.

I ask only to stay, pretend you don’t know that I love, then I pretend that I believe it, I can also pretend that you never felt nothing, absolutely nothing, and then we’ll be fine. Be my friend and pretend nothing happened. And in our pride, we will continue our lives, just as friends. I do not know anything, neither do you. Let’s be cynical, one with another,everyone has a friend is not cynical? Everyone has a sarcastic friend, everyone has a friend who denies all the time. And when I told you never loved anyone, know I’ll be being ironic. And now I do not love you anymore, I’m just your little friend now. And as I write this, is not going no tears, I feel no pain, I feel nothing. And you know why? Want to hear more once the damn truth? Why do I love you, and I do not know what else to tell you.Therefore, I Love You, Lover, I’ll say it one last time, the next “I love you” will just be me, in my silence, in my solitude. And if I ever see you in the crowd, know that I still love you, but I do not know what to tell you … I’ll just say “Hello how are you!” Because I’m cynical and sarcastic, even with tears eyes, I’ll ask if it’s okay!

I’m sorry if I’m too scary to you. But believe me, I have also felt fear when I discovered that I loved. But I dont deny my love, but even so, if it makes you feel better, Love, I’m sorry for scaring you. I’m too intense and I scared you as a little boy afraid of the dark. Are you close this place it is now, with its stones in his imaginary mountain, but you can not see, can not you see I’m just a woman who does not deny feelings. Sorry my love, my sincerity to hurt you, sorry because I like to write what I think, sorry if you curse me for simply exist, but not my fault, I do not have the fabric of fate in my hands, I am a woman who barely know how to sew. Forgive me if I just made you suffer, if that happened, because I don’t know, what goes through your lovely and confusing mind. Forgive me if you think I brought you illusions. I can’t control your feelings, I can’t demand anything from you, your friendship, not a pathetic “good morning”. But if you want, if you want to be a my friend, I can pretend that nothing happened. Honey, be just my friend, but don’t leave me this way. Talk to me as if nothing had happened. Never happened…Nothing happened between us, and that’s half true … is not it? I’m lying now?

I’ll keep writing what I feel, what I see, what I want. But the mind is so powerful that you just need to imagine that when you read “I love you” on something I just imagine that I like just another person. You can? You can lie to yourself? Can you deny your own feelings?When you say you do not love me and that everything is an illusion, I see your whole body cheating. When you say I’ve never felt anything, your eyes will look down, the palm of your hand is up, you move your hands constantly, you’re in a cold sweat, and has too many line expressions on his face. I doubt that one day, never felt anything for me, not a little love, nothing … I doubt I did not move with you … did not I never once shook? You never thought of me No time? I wish I could look in your eyes and ask. But I can not do that. I can not and will not do. I’m just outsider, a stranger, and I don’t want to scare you. Are you an “anti-social” being who wants to distance, so I’ll respect that. Love involves respect for others. I could hate you,offend you, but I can not. Who loves consent … I even joked the first day of April, saying that I hate you, but that was a lie! And when I tell you “I love you”, “I don’t desire you” we’ll be two liars. We will be two beautiful children, lying to one another that the pockets are empty, but in fact, are full of candy.

And before I leave, stay in this place I love, before you go away with their excuses, their beliefs and feelings, you know: I love you. And if one day you want to go back, if you ever wanted something, you know where to find me. And if you ever come to me, it’s just a “Ana, how are you?” I’ll be happy. Love, I am content with little, if they are sincere.

And I end this text here, so in another language. It can have many errors here, but know that it was difficult for me. I like challenges, and I’m a box of surprises, love, I learn things very easy, especially if they challenge me. I am proud, proud a fool to express themselves without limits. I feel like I do, I love, I love writing, even if it causes me pain, as I feel now. I never, never opened myself so much in my life. I do not regret, I do not regret loving you, even you giving up everything. I have no fear of looking like a fool, Love, I am so aware of it. If you do not accept me this way if I scare you, leave you confused, love … what can I do about it? You want me to leave? You really want to try to get away? I will respect your silence, I respect your distance and your space, but I will not stop loving you and stop being myself because this.  Although crying now, this moment that I write, I am a strong woman, a strong woman who is showing to you all that I feel, I do not care what you will find that, if going to like it or not, but I that when I read this, you are aware of what I feel. Why not, I’ll never be able to say, to anyone, you never knew that. And what do you want to know about me, if you still have any doubt about the person I am, ask me and I will answer you, whatever you want. They say that only time heals our hurts, I do not want that time will take my love away, but if this is necessary, there is nothing I can do. If I could turn back the time, I would have been more sensible … or not, I believe it would fall again and again writing it again. And if I’m wrong about all this, if I really is a mad woman, God gives me a little more wisely next time. But I say again … I absolutely do not regret anything I did, or wrote, I am fully aware of what happened to me, than I feel. I do not have remorse for being the more foolish person that ever appeared in your life. I believe in the beauty of the belief of fools. I believe that the world is better with their existence. Better be a fool than ever believing anything…

Maybe someday, I say “Good Night” again, when you are tired and sleepy …

However far away…
I will always love you
However long I stay
I will always love you
Whatever words I say
I will always love you
I will always love you…

Oração

Pessoas gritando, pessoas correndo,

Crianças sorrindo, brincando em círculos,

Há a pressa, há a o ódio, há sorrisos.

Dia após dias, as pessoas seguem seus caminhos,

Num lugar onde pode se chamar de seu, o lugar que se ama,

Ou aquele único que restou, a última opção.

Quando chegar, e deitar seu corpo cansado,

Um novo dia virá coberto pela incerteza.

Por mais planos que sejam traçados,

Há sempre os erros de percurso,

Aquelas esquinas que entramos errado,

Aqueles caminhos na contramão de cada dia,

Fugindo da rotina, fugindo da mesmice.

Um linha torta, um passo em vão,

Um segundo, um gesto, um passo para trás,

E assim mudamos todo o eixo de nossas vidas.

E na contramão do destino estamos então,

Cada passo errôneo, caímos em falso,

Esbarrando no acaso de todos os dias,

Com um sorriso tornamos a graça, o nosso limite,

E assim em passos desnorteados em uma dança,

Em meus passos sem sincronia, estamos na deriva.

Nossos barcos balançam em mar revolto,

Quando chegamos na orla da praia,

Há uma brisa e as ondas estão calmas,

Por enquanto estou na tempestade em alto mar,

E eu achava que lá longe existia um Farol,

Mas ele não está lá, eu sei disso,

Está ventando e estou seguindo meu rumo,

Assim sem destino, sem esperança, apenas seguindo,

Estou me afogando com olhos bem abertos,

Erguendo minhas mãos aos Céus,

Estou pedindo uma vida mais sensata e bonita,

Onde posso ser eu mesma, sem medo, sem medo.

Pessoas choram, correm, falam ao celular,

Enquanto isso, estou distante, estou distante,

Ergui minhas mãos aos céus, buscando sentido.

Um momento após o outro,

Um dia após o outro, Senhor, me dê me um pouco…

Só um pouco de paciência e juízo,

Tire de mim todas as minhas ilusões,

Não existe Farol, estou sozinha, agora

Esse sentimento é só meu, só pertence a mim.

Não me faça acreditar naquilo que não existe,

Não me deixe cair em tentação naquilo que é distante,

Distante, recluso, incógnito,

Por que Senhor?Porque eu gosto daquilo que é distante e complicado?

Senhor, porque eu gosto tanto de sofrer?Me dê apenas amores de finais de semana…

Me permita Amar uma pessoa como um Objeto,

Amar sem esperar absolutamente nada em troca,

Me deixe enxergar tudo como algo banal, sem sentido.

Senhor, você sabe que eu nunca me senti assim,

Senhor, porque fez isso comigo?

Senhor…na orla da praia eu te pedi…

“Senhor, coloque alguém especial no meu caminho”,

E agora você ri, há uma cascata de deboche nos meus ombros…

Senhor, em cada ar que eu respiro,

Me traga a serenidade…nesse tempo de desespero e incerteza.

Que a Ignorância não me acometa, não me deixe cega,

Deixe meus olhos enxergarem apenas a realidade.

Só acredito vendo!Senhor…me deixe ver…me dê o ceticismo de São Tomé.

Senõr, que cada sentimento seja Forte, seja verdadeiro,

Mas que seja exato, e não incerto, que seja real e não apenas dor.

Eu agradeço por cada passo em falso, que segui nesta vida

Eu não amaldiçoo mais meus erros, minhas linhas tortas.

Eu sou intensa como uma orquestra, tenho a saudade de uma criança,

Toda criança tem um amigo imaginário, eu tenho um agora,

Será que ele é real?Só acredito vendo Senõr…

Ele me mostra suas chagas, mas sou pior que São Tomé…

Estou livre agora, estou em paz, Senõr, me dê um pouco mais,

De sensatez…e ceticismo…eu acredito agora…não…eu não acredito.

Senõr, afaste as mãos de meu rosto e enxugue minhas lágrimas…

Senhor, Senhor meu Pai, quantas vezes eu já gritei?

Por mais silenciosa que seja a minha oração,

Você me ouviu, quando eu lhe pedi, aos pés da orla,

Senhor, coloque alguém especial na minha vida,

E assim eu que não acreditava em nada, passei a acreditar,

Mas minha dor é tanta, que estou São Tomé de novo.

Senhor, quero meu ceticismo de volta,

Me faça acreditar, que ninguém pode me Amar,

E que Ilusões não nos trazem nada, apenas a dor.

Senhor, me traga o bálsamo do tempo,

Ele é uma Eternidade, ele cura as feridas,

E é nesse tempo, na paz e na solidão dos dias,

Que eu estou esperando teu apóstolo,

Na calma, no silêncio e na incerteza dolorosa de meus dias.

Me traga o seu bálsamo, para limpar as feridas,

Do meu Amor crucificado na cruz em forma de x.

Ele está machucado, eu posso sentir sua dor,

Só vou acreditar, quando ele me mostrar suas chagas

Enquanto não chega, e pode ser, pode ser Senhor,

Que esse dia nunca chegue, mas eu estarei aqui,

Na solidão, no silêncio, e na minha reclusão.

Talvez…talvez…um dia…eu acredite.

Traga seu apóstolo aqui e me aponte as chagas,

E então eu acreditarei…eu vou acreditar…

Eu somente acreditarei naquilo que meus olhos podem ver…

Mas meus olhos não vêem, mas meu coração sente…

E este sentimento, que eu quero não acreditar,

Agora, neste momento, enquanto eu escrevo,

Gostaria de não sentir nada, nada…

Absolutamente nada, nem as lágrimas, nem dor, nada…

Há um maldito cheiro de caramelo no ar,

Mas estou em silêncio…em silêncio

No escuro, na reclusão, sentindo cheiro

Fios de caramelo em minhas mãos,

Senhor, me tire daqui, dê-me paz,

E um pouco de paciência,

Está tão frio Senhor…eu quero os fios de caramelo,

Mas eu só acredito vendo…e sentindo…

Estou enxergando agora, Pai…Pai…eu enxergo com meu coração…

Meus olhos sangram e estão em constante arritmia,

Seu apóstolo, o irmão de Pedro não está encostado em meu peito,

Porque se Ele estivesse, ele sentiria meus olhos baterem bem alto…

E Mark Twain dizia: “Não abandones as tuas ilusões. Sem elas podes continuar a existir, mas deixas de viver…”