Bagunça

Estrelas repletas de brilho no céu, poeira e quasares
E todo esse brilho é tão antigo, esparso nesse caos
Refletindo nos olhos como um sol de milhões de noites passadas
E os sons desta noite relaxam meus nervos amo essa bagunça…
Enquanto caminho as luzes estão piscando, amarelas, neon…
E eu estou apenas lembrando doces lembranças dos dias
Reino de tragédias, donzelas com febre, histórias em livros aleatórios
Retirados de uma estante cansada de tanto peso, páginas velhas.
Um dia me disseram, ”prove deste reino distante e bonito”
E o que eu direi?Algumas palavras escarradas ao vento.

Carrego comigo todas as emoções brincantes com minha sombra
Isto é divertido não é?Talvez um dia qualquer eu voltarei a ser criança
Cobrirei meus olhos com velhos filmes de máquinas fotográficas,
Olhando o céu, escondendo os olhos, do brilho eclipsado
Eclipse muito bonito, assim, queimando meus olhos
Talvez eu já esteja completamente cega, mas não creio nisso
O que eu tenho de melhor a oferecer além de minha falta de fé?

Há uma rosa em minha mesa, outrora ela foi jovem
Mas agora ela está a envelhecer, e as pétalas caem em meus pés…
Ao olhar novamente, ela continua bela, ao desfalecer
Se eu pudesse reconstruí-la, eu pintaria suas pétalas,
Com um vermelho vivo mas eu posso, revivê-la?
A beleza de um rosa eterna, desnecessário reconstrução
E numa página perdida eu guardo as pétalas velhas
Guardo o registro de uma bagunça, o que eu acho disto tudo?
E o que estamos fazendo aqui?Vivendo o melhor dos momentos?
Está tudo uma bagunça, eu sou forte demais para entender isso?

Olhos com ressaca, face embriagada, insônia, que bagunça é essa?
Bagunça de minhas emoções, sentimentos sinceros e tresloucados
Perto de minha janela, linda noite inquieta, eu amo o caos
Essa bagunça que tu deixastes há alguns meses, faço limpeza?
Esfrego meus sentimentos com gotas de razão em pó…

Simplesmente, nesta bela bagunça, com minhas rosas desfalecendo
Sapatos espalhados, aromas e páginas velhas, rasgando poemas
Rasgar meus sentimentos fora?Jogar numa fogueira?E as recordações?

Hoje à tarde eu saí para caminhar, e eu pensei nesse caos, nesse cortiço…
E por um instante eu quis, abrir mão e partir. Mas por quê?
Esse reino onde dragões estão vivos e as princesas apenas esperam?
Eu não acredito em contos de fada, um dia a princesa matará o dragão?
Com suas próprias mãos, um dia as princesas roubarão espadas?
Porque nessa bagunça, não há mais cavalheiros, não há fadas, não há nada.
Um muro de utopia, talvez um muro de verdades, surpreenda-se
Caminhava na tarde ensolarada, os carros passavam, as pessoas reluzentes
Emoções estampadas em passos apressados e cansaço descontente
Silêncio…

Invasão de felicidade no meu silêncio particular, caminhando por aí
Bagunça que eu vivo agora, dores bonitas, cores incompreendidas,
Mas o que eu tenho a perder?Perdas e ganhos?Ilusões e expectativas?
Alegrias, Amor, ruas tortas e sem sentido, felicidade, frustrações?
Eu não sei dizer…

Nesta bagunça que deixaste, esse Caos em meu peito estilhaçado
No meu pedaço insone cheio de papéis e livros na estante,
Eu estou atirando meus sapatos nessa bagunça que eu Amo
Convido-lhe a jogar teus sapatos também… Venha então…
Errante desordeiro…

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