Rêveries de l’aube en français

(Publiquei, porém estou aos poucos aperfeiçoando o texto em francês, com a ajuda da Aline Pascholati, que mora em Paris há um tempo! 😀 )

J’ai vendu mon sourire à l’aube insomniaque . Je voulais fermer mes yeux ce soir et me réveiller en rêvant encore des bisous des intempéries dans la caresse de la nuit, mais le temps c’est passé, et il pourrait revenir d’un claquement de mes doigts… Mais la vie n’est pas comme ça, la vie est pleine de raisons, les personnes impliquées dans les vérités les plus amples, ou les raisons qui nous apportent des mensonges ou des demi-vérités, on est tellement à l’aise dans l’incertitude, qui nous caresse l’âme, pour masser notre égoïsme… Nous sommes si petits! Avale notre désamour et embrasse les mensonges confortables. Donc, c’est celle là ma vie ? Je vois les glissements du temps à travers mes minces doigts, et il n’y a rien que je puisse faire.

J’observe le grains d’un vieux sablier, je peux attendre que l’aube vienne et m’apporte les réponses, celles dont je sais que je ne suis pas seule dans les rêves d’aller et venir, dans l’espoir d’une lettre à la main, mais je suis une sotte… Je l’espère pour le bien des causes perdues, les moulins étant quand à eux des dragons ou pas, ma lutte se poursuit, jusqu’à ce que je meure … Aujourd’hui? Demain? Peut-être, honnêtement? Je ne sais pas, et le doute est l’avantage de l’incertitude

(Eu vendi o meu sorriso no insone amanhecer. Queria eu fechar os olhos nesta noite e acordar ainda sonhando com os beijos de intempéries na carícia da noite, mas o tempo já foi, e ele poderia voltar no estalar de meus dedos. Mas a vida não é assim, a vida é cheia de razões, as pessoas envolvidas nas verdades mais amplas, ou razões que nos trazem mentiras ou meias-verdades, encontra-se a incerteza tão confortável, que acariciam a alma, para massagear o nosso egoísmo. Somos tão mesquinhos! Engula o nosso desencanto e abrace as mentiras confortáveis​​. Portanto, esta é a minha vida? Eu vejo os deslizamentos de tempo através dos meus dedos magros, e não há nada que eu possa fazer.

Observo os grãos de uma velha ampulheta, posso esperar o amanhecer chegar e me trazer respostas, aquelas que eu sei que não estou sozinha nos sonhos de ir e vir, na esperança de uma carta na mão, mas eu sou uma tola… Eu espero por amor às causas perdidas, os moinhos sendo eles dragões ou não, minha luta continua até que eu morra… Hoje? Amanhã? Talvez, sinceramente? Não sei, e a dúvida é o benefício da incerteza.)

Abaixo, uma canção francesa do século XIV, de amor cortês:

Cores de Almodóvar

Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar…

"Ouça-me bem amor Preste atenção, o mundo é um moinho Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos Vai reduzir as ilusões à pó."
“Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.”

Acordou, eram sete horas da manhã quando o despertador tocou. Ela colocou um ringtone de um galo cantando, pois isso a lembrava os bons tempos em que morava com os pais numa chácara de uma cidade do interior. Estava gostoso, ali, na sua cama, debaixo das cobertas. Deixou o modo “cochilo” por 10 minutos, apenas para colocar os pensamentos em ordem. Ela não gostava de se levantar em movimentos bruscos, acordar logo após o despertador. Era necessário um tempo, para retomar a realidade que a esperava todas as manhãs, um tempo para se recordar como foram seus sonhos, um tempo para se recompor de um pesadelo, simplesmente um tempo efêmero, que equivale a finalmente abrir o olhos, se espreguiçar e deixar as roupas ao chão em direção ao chuveiro. Uma paradinha básica para ver o rosto amassado no espelho do banheiro e os olhos de ressaca. Ficou contemplando a imagem matutina no espelho, até que o vapor do banho morno borrou sua face. Entrou pra debaixo do chuveiro, e em 15 minutos, no seu ritual diário de purificação, limpou o corpo e a alma dos fantasmas da noite passada, e em meia hora depois, trancou as portas de casa e atravessou a rua para o ponto de ônibus.
O dia lá fora estava de cores mistas. Um lado do céu estava triste, em tons de cinza. Do outro lado, um azul tímido queria surgir entre o alaranjado do amanhecer que estava desvanecendo. A brisa batia suave, e o cheiro era de orvalho de grama da ruazinha de baixo. Naquele bairro suburbano, as árvores davam um tom mais amistoso na cidade de pedra e nos dias de outono, as folhas amareladas davam o tom nas calçadas de concreto. No ponto de ônibus, pessoas com seus maus-humores habituais. Ela diz “Bom dia!”, mas talvez, o talvez o tom acinzentado do céu transmita às pessoas um tom mais frio, certa vontade de recolher-se pra dentro. Na esquina, na beirada da calçada com a rua, uma rama de flor nascia no asfalto, e não estava “atrapalhando o trânsito”, nasceu amaldiçoada pela falta de atenção. As pessoas poderiam pisar nela, e nem ao menos perceberiam que aquela flor ali encontrou seu espaço de vida ali, naquele lugar tão incomum. Suas pétalas eram brancas, e naquele dia de uma provável tarde chuvosa, o seu instinto de sobrevivência seria agradecido pela água da chuva que desce calmamente pela rua.

Nasceu assim, entre a calçada e a rua, sobrevivendo ao caos do bairro do subúrbio.
Nasceu assim, entre a calçada e a rua, sobrevivendo ao caos do bairro do subúrbio.

Ela ouve então o barulho do ônibus virando na esquina. As pessoas ao seu redor, continuam de mau humor. Se ela pudesse ver a aura daquelas pessoas, elas seriam de um tom cinza escuro, como se uma tempestade estivesse ao redor delas. Engraçado até, ela pensar desta forma, tendo em vista que gosta de tempestades. A tempestade a tranquiliza, e ela acredita que a chuva tem um poder de sedução muito forte, é algo triste, para a maioria das pessoas, mas pra ela, tempo de chuva é algo absurdamente sexy, tal como uma mulher de vestido e salto alto vermelho, Penélope Cruz e um homem comendo pêssegos, amarelos, macios e carnudos. E já lhe disseram um dia: “Você é assustadora”. Ela apenas concordava, com um sorriso sádico de canto de boca, um sorriso carmim.
Subiu no ônibus, e não era mais aquele motorista que não devolvia-lhe o seu “Bom Dia”. Este motorista era alegre, ele respondia bom dia e perguntou se estava tudo bem. Coisas assim fazem toda diferença, e as pessoas que estavam com ela, talvez por isso, pelo bom humor e cordialidade do novo motorista daquele horário. O tempo, aos poucos está mudando lá fora, os primeiros tímidos raios alaranjados do sol estão brilhando, naquela janela do ônibus. Enquanto as pessoas se protegem debaixo de seus Ray-Ban, ela apertava os olhos, gostava daquilo. Gostava de sentar sozinha no banco de ônibus, porque todos lhe pedem para fechar a cortina por causa do sol, como se já não bastasse os óculos escuros, e ela então deixa uma fresta pela janela, só pra ela. Ela aprecia viajar com músicas nos ouvidos, não gosta de conversar muito nas viagens, gosta de observar lá fora, “viajar na maionese”, como dizia sua mãe, ficar com os olhos perdidos, pensar num poema, rabiscar as palavras que lhe chegavam, convidando para brincar. A beleza da vida em movimento, a velha que todos os dias cuidava do jardim, estudantes andando de bicicleta, as barracas de cachorro quente, crianças sonolentas esperando a van que as levaria para a escola, os cachorros e seus respectivos donos, senhoras e senhores se exercitando no gramado e existia o caos, e ela de uma certa forma precisava disso, e ela acreditava, que todos nós devíamos enxergar a importância dos caos nessa nova vida. Sem ele, talvez as coisas perderiam um pouco de sentido, e tudo poderia ser entediantemente fácil. Ela ficaria irritada com o tom azul demais das coisas. Tempos negros, são necessários…
Chegou na empresa, cumprimentou os colegas. Chegou na máquina de café, pediu um expresso com pouco açúcar. Um amigo a recebeu com dois pães de queijo quentinhos, se atualizaram sobre o final de semana. O dela foi pacato, tranquilo, umas boas leituras, alguns rascunhos no papel, chá com bolachas e seriados ao final da noite. A vida dela necessita de um pouco de calma, uma paz, no meio de todo o caos, um tempo sozinha para respirar, é o que precisa. Um tempo para pensar na vida, e nas suas consequências e inconsequências. No final das fofocas de expediente e expectativas daquele dia de trabalho, o dia tomou rumo, com suas tarefas, compromissos e stress. Foi embora, no final do dia passou pela passarela que corta a rodovia. Era horário de verão, e ela amava aquilo, porque nos tempos de criança, significava que podia brincar até tarde na rua, e quando eram oito horas da noite, seu pai gritava seu nome no portão, para ela entrar e tomar um banho. Ela se lembra, das suas férias, suja de lama, do campinho de futebol do vizinho. Nunca foi fã da cor marrom, mas essa cor lhe traz boas lembranças. Embaixo da passarela, os carros, ônibus e caminhões passavam, com suas luzes amareladas, e os mais modernos, com luzes de farol azuis. O mesmo cheiro, de poluição e fim de tarde. Ao longe, a cidade universitária a convidava para passar em casa, tomar um banho e caminhar sem pressa, contrariando o aviso que lhe foi dado para não caminhar ali à noite, mas sua alma era pura teimosia e lá no fundo, ela gostava de ser assim.

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

Preste atenção…o mundo é um moinho.

“Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés.”

Eu me lembrei hoje, conversando com meu amigo, sobre músicas que nos revelam, ou que traduzem nossos sentimentos. Cartola gravou uma música, chamada “O mundo é um moinho”, divinamente regravada e interpretada por Ney Matogrosso, e eu digo que esta música me traz uma lembrança dos tempos de adolescência. Minha mãe sempre disse que é necessário não alimentarmos ilusões nessa nossa vida tão breve. Ela tentou me ensinar a usar a razão ao invés da emoção, pois as emoções sempre, por mais que elas sejam mais intensas, esse nosso sadismo inexplicável de alimentarmos falsas expectativas, alimentarmos nossas ilusões como se déssemos leitinho para o gato lindo e fofo que fica miando na sua porta de madrugada. Nossos sonhos não são como gatinhos fofinhos. Para alcançá-los temos que batalhar, desde que tenha fundamento, e a nossa tendência é fantasiar. Simplesmente fantasiar, alimentar expectativas que só vão nos fazer sofrer depois. Eu me lembro, que um dia, nos meus tempos de aborrescência, peguei uma folha de sulfite, e escrevi em letras grandes e de caixas altas: “NÃO TENHA ILUSÕES”. Peguei uma fita adesiva e colei o bendito sulfite atrás da porta do meu quarto. Isso então, se transformou em um ritual. Eu acordava e via o papel com aquelas letras enormes e propositalmente legíveis(matei aula nos dias de caderno de caligrafia), eu lia e relia o “NÃO TENHA ILUSÕES”, e então eu saia de casa com essa ideia na cabeça. Confesso a vocês que isso nunca funcionou, se funcionar com você, que me lê, escreva nos comentários, porque eu queria muito uma solução milagrosa e funcional, ao contrário do que as revistas de mulherzinhas, presentes em qualquer tipo de salão de beleza prega, de uma maneira geral, bem ridícula.

Tem uma imagem que circula por aí, que é o cérebro e o coração, lado a lado, tentando se equilibrar num meio-fio. Isso é uma linha tênue que todos nós, durante a vida toda, fracassamos ao tentar ter esse equilíbrio, e muitas vezes queremos jogar fora o coração e centralizar nosso peso nesse órgão que carregamos dentro de nossos crânios, e que infelizmente é muito mal utilizado em todos os aspectos em várias pessoas. Quantas vezes eu pensei, que o meu coração deveria apenas bombear sangue para o meu corpo?Inúmeras e inúmeras vezes eu já me vi e me vejo, constantemente, olhando para o meu peito e gritando, “maldito e belo coração desenfreado filho de uma puta”. Simples assim, nós alimentamos nossas ilusões, e depois quando nos sentimos machucados ou quando abrimos os olhos, caímos na real e ficamos feito idiotas nos culpando o tempo todo. Seria tão simples, se fossemos mais racionais do que emocionais. E eu me pergunto, se essa linha tênue tivesse apenas consistência na nossa razão, existiria o Amor romântico?Sim, estou falando de Amor, afinal, qual é o sentimento que mais nos faz sofrer nessa nossa vida tão bonita, mas em outras uma verdadeira vida de merda?Quem nunca deitou na cama, fechou os olhos e imaginou uma vida normal ao lado de alguém que você acredita que seja quase perfeito, e depois quando você realmente acorda pra vida e vê que tudo aquilo é uma merda, que você só fez merda, só tomou bem no meio do toba, arrumou pra cabeça, e o melhor de tudo, a faixa bem grande que área criativa e sagaz do seu cérebro, tão pouco usado nos momentos em que está alimentando o gatinho da ilusão: “Eu avisei”, “Você fez merda”, “Eu disse que não iria dar certo”, “Você foi impulsivo demais”, “Eu te falei que seria apenas sexo”, “Quem mandou você não escutar sua mãe?”, “Eu te disse que ele era gay” (essa deve ser muito triste), “Eu te avisei que você seria apenas “a outra”, “Eu te disse, você era apenas o alarme de incêndio” (expressão muito utilizada para os casos de “como só tem tu, no momento, serve você mesmo, ou seja, na falta de opção, a pessoa pega seu martelinho, e aciona, você, o (a) trouxa, para te chamar e apagar o fogo, simples assim). É sempre aquela coisa, “eu achava que”, “eu acreditava que”, “eu deveria”. O coração humano é frágil, é besta, acredita em tudo o que é dito pra ele. Ele se sente extremamente ameaçado perante situações de incertezas, falsas acusações, mágoas, desentendimento. Ele não chega em um consenso do  “é assim, assim assado”, “2 + 2 são 4”, na linguagem do coração, o “é assim” se transforma sempre no “mas”, “mas, pode ser que”, “mas não deve ser isso”, “mas ele/ela gosta de mim, do jeito que eu sou”, “mas, ele, ela vai me ligar”. Quando vamos entender que nosso coração é cego, surdo e mudo?Muitas vezes eu imagino que devemos ter algum gene que sofreu uma mutação maligna e nos faz agirmos feito idiotas babões, alimentando nossos gatinhos chamado ilusões. Nossos atos impulsivos, sem-noção, irracionais, os nossos constantes “eu acho”, “mas pode ser”, “e se…”, é o prato de leite que oferecemos para nossas ilusões, que são nossos gatinhos fofos(tem gente que alimenta várias ilusões ao mesmo tempo, e tem algumas ilusões que não são gatos, mas sim, duendes… A minha ilusão tem um nome carinhoso de Frajola, pois é um gato preto e branco. E o pior, é que sempre, depois de uma cagada homérica e outras nem tanto, eu digo que, vou usar mais o meu cérebro. Ok. Eu usei, mas tempos depois está eu lá com o meu gato todo lindão e bem gordo, alimentado com leite de primeira, aqueles de garrafa, que vende em padocas a R$3,50 ou/e rações Wiskas cheias de frescura.

Nada de amor romântico, nada de paixão, na idade da pedra. O homem evoluiu ou só tende a sofrer ainda mais com o passar do tempo?

Porém, temos uma coisinha muito útil chamada tempo, que temos que agradecer que o cérebro resolve tomar um Sustagem, um Biotônico Fontoura, Farinha Láctea,  depois de algumas mágoas e algumas provas de quanto somos imbecis, em muitos aspectos, e todos sabemos disso, apenas ignoramos nossas babações românticas e piegas, nosso cérebro aciona o alarme e dá uma porrada no coração. O que acontece?Sem mais a venda nos olhos, colocada “gentilmente like a gentleman”, por nosso coração traiçoeiro e troll, nós vimos que gastamos muitos recursos em vão para alimentar o gato que não nos dá nada em troca, só algumas arranhadas bem cortantes e em algumas pessoas, cicatrizes eternas, um sentimento, um coração desfigurado, só curado pela plástica infalível do tempo ou um bom, um ótimo terapeuta, ou se você for idiota o bastante, uma outra pessoa, utilizada como uma peça de lego ou de tetris. Você usa para preencher o espaço que o outro ou outra deixou vazio. Quando você vê um lego mais bonito ou um encaixe que julga ser mais “sensato” (sempre achamos nossas atitudes SENSATAS, não importando a hora do dia), você joga a pecinha fora e substituí, então a pecinha de Lego ou nova forma do Tetris acaba te oferendo uma outra dimensão, e então o que acontece?Nos apaixonamos por essa modelagem e partimos para o próximo estágio, que é o “ilusions again level 10 other dimension”. Pois é meus amigos, o ser humano é teimoso, e muitas vezes, quando leio algo do Flávio Gikovate, a respeito da individualidade e do egoísmo humano, aquela coisa de que todos, homens e mulheres estão concentrados naquilo que eles estão focados como planejamento de vida e tendem cada vez mais em pensar em si próprios, eu me pergunto, são as ilusões que estão deixando o homem(mulher) cada vez mais desacreditados, depois de alimentar o imenso e gordo gato chamado Ilusão, que sofre ou sofrerá, um dia, quem sabe?, um infarto, e você sem o gato Ilusão para alimentar, acaba focando mais naquela voz que te avisou o tempo todo, em faixas enormes, no meio do muro responsável em separar a razão da emoção: “NÃO TENHA ILUSÕES”.

“Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.”

 

 

 

 

 

 

 

 

Enquanto isso, numa segunda-feira à noite…

Na segunda-feira, dia 02 de julho, resolvi sair do trabalho e pegar um cineminha. Eu estou sem dinheiro, mas pelo menos eu tinha oito “dinheiros” para dar na entrada do cinema. De segunda-feira, é mais barato lá no shopping Dom “Pedra”, e de quebra caiu o meu vale-refeição na segunda. Como eu já costumo dizer, pobre é uma desgraça, vai sempre no dia em que as coisas estão mais baratas. Saí do meu trabalho, atravessei a passarela, onde sempre tem um povinho fumando maconha. Eu já até conheço o pessoal, pois costuma ser sempre os mesmos. Seguro a respiração e sigo o rumo, pois senão dá para ficar meio alterada porque há extensa nuvem desse treco fedido no ar. E sinceramente, não sou fã, acho fedido demais e minha cabeça já tem parafusos a menos sem eu usar nada ilícito. Para isso temos o álcool, que é permitido, muito apreciável(depende da “grife”, não dá para comparar uma Orloff com uma Absolut), gostoso, une as pessoas sem preconceito(todo mundo fica lindo e legal) e o máximo que pode acontecer, como diz minha sábia amiga Lisiane,  é você perder o os amigos, o carro, a família e o fígado. Maconheiros e álcool a parte(prometi que vou fazer um post todo especial sobre o “Álcool, o universo e tudo mais”), segui o meu rumo, esperando o ônibus na estação do Tapetão. Peguei o 331, um ônibus maledeto no qual já fui assaltada e quase encontrei a criatura mais linda do universo se eu não fosse distraída e apressada. E mês passado eu tive a visão do inferno, mas essa foi no 332, eu dentro e o ser cuja beleza não pode ser conjugada(beleza defectível) do lado de fora, bem em frente ao prédio de engenharia, para minha alegria ou infelicidade, pois ao certo eu não sei mais de nada, esses dias ele disse que estava vivo, e isso já me deixa um pouquinho feliz. “Never More, Never More”, isso me lembra Edgar Allan Poe…

Aquele momento em que eu vi o bonitão da janela do ônibus. Ohhhh Jesus Christ what do I do?

Fiquei cerca de 3 minutos dentro do 331 até chegar no terminal Barão Geraldo, que estava bufando de gente, inclusive pessoas aromatizadoras de ambiente, que geralmente tem dois aromas: pastel de carne e pastel de queijo. É uma delícia, principalmente quando está com fome e quando é de manhã, depois do banho. Nada como um cheirinho de pastel grudado nos cabelos. Puro Tesão!Quando é depois do trabalho, eu não ligo, posso chegar em casa e “despastelizar” com um banho maravilhoso e depois partir para as cobertas com um livro a tiracolo, ou meditação, ou ouvir um sonzinho.

Fiquei lá no terminal, no ponto do 338, que é a linha do shopping Dom Pedro. Enquanto o ônibus não passava, eu me distraia com Jeff Buckley nos ouvidos e um livro biográfico sobre Giácomo Casanova, o “muleque piranha”, “putón”, de Viena, na era do Iluminismo. O ônibus não chegava, mas lá na frente vinha vindo o 300, então apertei o passo e subi nele. Fiquei de pé no ônibus, guardei o livro na bolsa, e pensei que, apesar de ser segunda-feira, eu não sei bem o motivo, mas estava muito feliz, mesmo naquele momento, apesar de estar ouvindo “We all fall in love sometimes”, interpretada por Jeff, cuja letra, escrita por Elton John, é de derrubar muros, eu estava lá com um sorriso no rosto, talvez um sorriso sádico, mas um sorriso.

We all fall in love sometimes
The full moon’s bright
And starlight filled the evening
We wrote it and I played it…
Duas músicas depois, eu estava no shopping Dom Pedro. E eu ingenuamente imaginei que por ser segunda-feira, e a galera ainda não ter recebido, o shopping não estaria cheio…ohhhh engano meu!!!O shopping estava lotado!Pode ser que todo mundo tenha tido o mesmo pensamento meu, foi aí que eu lembrei o detalhe do recesso escolar. Mas isso não era problema, de vez em quando eu gosto de ver pessoas…Entrei pela entrada das águas, pois é mais próxima do cinema. De longe avistei a fila quilométrica do cinema, mas estava de bom humor, e eu tinha um livro, eu poderia ler ele na fila, enquanto esperava. Chegando no cinema, entrei na fila daqueles terminais de compra com cartão. A fila estava enorme, mas não tão grande quanto a fila do caixa com atendentes. Entrei na fila e tirei o livro da bolsa. Tinha uma moça na minha frente que a princípio estava sozinha. De repente chegam as amigas dela e a cabeçuda deixa elas entrarem na frente. A vontade de mandar as duas vadias entrarem na fila lá atrás era grande, mas mantive meus nervos em ordem. Depois de cerca de 20 páginas lidas, estava perto do meu objetivo, que no momento era comprar o ingresso. Quando chegou na hora das vadias fura-fila, elas eram muito burras e não perceberam que elas teriam que inserir o cartão ao invés de passar o cartão, tendo em vista que era um cartão com chip. Então eu com toda a paciência do mundo:
O cartão de vocês é chipado, vocês terão de inserir o cartão ao invés de usar a tarja magnética…
 Enfim, chegou a minha vez e as 3 vadias anencéfalas, mesmo eu tendo passado as manhas, elas insistiram passar a tarja. Eu comprei meu ingresso, e ouvi a vadia nº 02 falar pra vadia nº03: “Aiiiii a moça conseguiu…ACHO que tem que inserir mesmo.” Dei risada, quase dei um troféu jóinha de “parabéns, você finalmente compreendeu”, e segui meu rumo.
Sobre a escolha do filme, eu iria assistir “Sombras da Noite”, mas na real não estava com muito saco, até porque o Depp está fazendo alguns papéis muito repetitivos. Outro fator também, além disso, é que a sessão de “Sombras da Noite” só teria 21h45, e eu sou uma pessoa pobre que depende de ônibus para voltar pra casa. Tendo em vista que o última linha do Vila Santa Isabel sai do terminal as 0h40, eu resolvi não arriscar, até porque eu não teria dinheiro para o táxi. O último dinheiro que eu tive, além da entrada para o cinema, eu gastei no Bar do Zé com cerveja Murph’s e depois com o táxi, porque resolvi não arriscar voltar 04h00 da manhã de domingo, semi-embriagada, a pé para casa. Como eu digo, pobre é uma desgraça, mas eu sou limpinha e feliz.
Pobre só pensa que existe: “Penso, logo existo!”
Estava olhando a programação do cinema e vi que estava passando “Para Roma com Amor”, um filme de Woody Allen. Olhei no elenco, só tinha gente foda, o filme é em italiano e tinha minha musa Penélope Cruz, que simplemente acho a mulher mais linda do universo:
Na pele de Maria Elena, em Vicky Christina Barcelona, também de Woody Allen. Ela ganhou o Oscar pela atuação.

Depois da escolha do filme, cuja sessão começava as 21h15, como era 20h00 ainda, resolvi dar uma voltinha. Pela primeira vez na história deste país, entrei numa livraria e não comprei nada, mas isso aconteceu porque realmente não tinha dinheiro, mas tinha vale-refeição. Meu vale-refeição é até que versátil, pois às vezes ele se transforma em vale-álcool, poderia muito bem servir como “vale-livros”. Levando em conta que uma vez ouvi uma história que tinha um cabeleireiro que aceitava vale-refeição ou vale – alimentação como pagamento de escovas progressivas/definitivas, aquelas que alisam o cabelo da mulherada. É cada uma que se vê por aí…da hora a vida não é?

Então, durante o meu tour, passei a pesquisar(pobre pesquisa) o melhor preço da minha nova loucura (na verdade vou renovar uma atividade que antes já fazia). A nova loucura é voltar a andar de patins street. Eu fazia isso muito bem, descia a toda velocidade, andava muito de patins dos meus 09 aos 15 anos, e eu andava muito bem. Só caí uma vez, quando tinha 10 anos, e foi uma queda bem feia, pois estava a toda velocidade numa ladeira, e no meio do caminho tinha uma pedra…não preciso terminar a história. Me lembro até hoje que naquela época era aqueles merthiolate que tinha álcool na composição. Só sei que quando relaram aquela “coisa antibactericida” nos meus machucados, eu vi Jesus Cristo, Chuck Norris, Maomé…ardeu muito…muito. Os patins que eu quero, que são profissionais para ruas mesmos, daquelas meio termo igual aqui em Barão Geraldo, ora com buraco, ora sem, terrenos acidentados. A faixa de preço está a partir de 280,00. O que eu quero, está 429,00, que é um Rollerblade, um dos melhores para patinação street. Como sempre gostei de andar de patins, e adoro caminhar por aí, estou pensando em voltar nessa vibe. Além de ser extremamente divertido, ajuda a manter a forma, pois é praticamente como estivesse correndo. Tenho pavor de academia, gosto de interação, ar livre, mente, equiçíbrio, expressão, arte. Por isso gosto de dança, yoga, caminhada, até mesmo uma corridinha no Taquaral, acho muito interessante. Eu sou uma pessoa hiperativa, então acredito que essa interação seja um fator para amenizar essa minha “aceleração”. Quando eu danço, por exemplo, tenho um sono mais tranquilo.

Depois de pesquisar patins, nas lojas do gênero, senti meu estômago roncar loucamente. Eu recebi meu vale, logo, como todo pobre que se preze, fui fazer um rango. Shopping lotado, queria um lugar para poder comer sossegada. Vi que lá perto do restaurante “Fogão Mineiro”, tinham várias mesas vazias. Olhei para o restaurante mineiro e pensei: bom, uma comidinha mineira vai bem. Peguei brócolis ao molho e queijo, abóbrinha recheada, batata doce frita, uma salada aleatória, suco de laranja e de sobremesa, manga em pedaços e mousse de limão. Fui pesar e a brincadeira não saiu lá muito agradável, deu 32,00, mas eu esperava que estivesse tudo gostoso. Peguei um copo com bastante gelo, e para a minha infelicidade, ao sair com a bandeja, o desgraçado tombou e foi gelo pra tudo quanto é lado(ok, exagerei um pouco, nem foi tanto gelo assim), o suficiente pra que eu fique envergonhada e todo mundo olhe para minha cara:

Você ri né?Você acha engraçado?Tomara que escorregue no gelo e caia de boca no chão”

Fiquei meio sem reação, mas o rapaz, muito simpático aos olhos do caixa do restaurante me ajudou e me deu um copo novo com gelo, e disse “Não se preocupe moça, acontece…volte sempre”. Ainda envergonhada, eu procurei uma mesa num cantinho, olhando o chão para não pisar em um gelo que eu derrubei e cair de pernas de ar, afinal estava de vestido e salto alto, não seria uma cena muito bonita, apesar de eu estar em forma, não gostaria de ficar exibindo atributos por aí ou a cena ir para alguma vídeo-cassetadas promovida no youtube. Arrumei uma mesa perto do quiosque de cachorro quente, meio escondida, mas dava para observar o movimento sem ter que necessariamente estar no meio da multidão. A comida não estava boa para justificar o preço, mas a sobremesa estava uma delícia. A mistura manga + mousse de limão foi uma boa idéia. A mulher da limpeza levou minha bandeja embora, e lá tinha os talheres que separei para a sobremesa, pois não daria para cortar a manga com aquela colher de plástico, mas tive que me virar. No primeiro pedaço de manga, foi tudo ok, mas no segundo a colher quebrou. Tive que deixar um pedaço da manga lá. Descobri um outro detalhe enquanto esperava o tempo passar, sentada na mesinha, observando o movimento. No shopping Dom Pedro tem uma capela!Sim!Ela fica escondida num corredor próximo aos banheiros, atrás do quiosque de cachorro quente. Na minha próxima ida, pretendo ir lá para ver como que é. Depois de me frustrar com a quebra da colher de sobremesa, fui ao banheiro escovar os dentes, pois uso um maldito e nada esteticamente bonito aparelho ortodôntico, que é um verdadeiro pára-raio de comida. Logo, desenvolvi o tique-nervoso de sempre escovar os dentes depois de comer qualquer coisa., que seja uma bala, por exemplo, pois sempre se tem a sensação que tem algo grudado, mas são apenas as malditas borrachinhas.Manias…manias condicionadas por uma situação, um mal necessário. Mas em breve vou tirar os aparelhos, pelo menos é o que eu acredito. Olhei o relógio, eram 21h00, resolvi ir para minha sessão. Cheguei lá, nem olharam meu ingresso, entrei direto na sala do cinema. Eu achava que pelo número de pessoas na fila do cinema, a sessão teria um número razoável de espectadores…só tinha eu e mais dois forever alone e três casais. Mas isso não foi motivo nenhum para me sentir uma frustrada, aliás, acho maravilhoso poder curtir um filme sozinha, mas não vou negar que ter alguém para segurar sua mão ou dar uns beijinhos em momentos propícios é bem interessante, principalmente em comédias românticas do Woody Allen que é um romance mais real do que os outros filmes água com açúcar. O fime foi muito bom!Me diverti bastante, o filme é ótimo, garante boas risadas. Eu quase me matei de rir nas cenas do cantor de ópera. Recomendo esse filme para quem tem bom gosto. Eu sai da sessão bastante satisfeita e com um sorriso no rosto, e rindo assim, de repente, ao lembrar das cenas cômicas. Procurei a saída das colinas, olhei o relógio, 23h30, precisava correr para não perder o ônibus. Cheguei no ponto de ônibus onde passam as linhas para Barão Geraldo. Chegando lá, fui obrigada a aceitar uma amostra de perfume, desta vez de churrasquinho de gato. Mas não me incomodei, cheguei em casa 00h20 e tomei um banho pré-soninho que não chegava. Enfim, fui dormir, a segunda-feira foi muito agradável, e o amanhã é outro dia. Como eu sempre digo, a vida pode ser muito ingrata, mas basta acariciá-la e não querer brigar com o Tempo. As coisas então tomam o seu rumo, e tudo se acerta. Aproveite o dia!Carpe Diem!

E para encerrar, o trailer do filme e músicas italianas romantiquinhas…sim é gay…eu sei, mas eu confesso que muitas vezes sou uma mulher sentimental e gosto de romantismo…

l’Aurora: Eros Ramazzotti, marcou meus 12-14 anos, por causa do coral da Fundação Romi, comecei a garimpar músicas em italiano por aí. O meu pai tem o cd com essa música, e este cd tocou tanto que quase “furou no meio”. Encontrei esse vídeo da apresentação dele ao vivo. Ficou muito bom, mas muito bom. O cara tem uma bela voz ao vivo também, sem contar que italiano é uma língua muito bonita, e vou parar por aqui ao descrever essa música, antes que eu fique EMO…

Luna: Alessandro Safina. Caramba!!!Eu assisti aquela novela “O Clone” e pirei nessa música. É brega bagaralho, fim de carreira, mas eu gsoto dessa música. ahahahhahahahahaahaha

Nessun Dorma: adoro essa música, e ela já me arrancou lágrimas. No seriado “Six Feet Under” tem um episódio que fazem um réquiem no velório, e um cara canta essa música. Me arrepiei.

Volare: uma versão flamenca, com toques de salsa, letra em espanhol e o refrão em italiano. Pirei nessa versão. Fiquei cantando e dançando isso enquanto fazia uma faxina. E…ahhhh…o violão espanhol, o ritmo quente…ME GUSTA!!!

CARPE DIEM!

 

Ordinary World, C’est fini! C’est la vie: silêncio,velha infância, pieguice, o encontro com a barata, pastéis matutinos e Heath Ledger.

Essa imagem ilustra como eu me senti essa semana!^^
But i won’t cry for yesterday
There’s an ordinary world
Somehow i have to find
And as i try to make my way
To the ordinary world
I will learn to survive…
1 – O Silêncio…
Esta semana foi intensa. Muito trabalho, muitas reflexões, e um encontro com uma barata na cozinha. Um sentimento “Kafka”…hehehehhe. Esta semana trabalhei até tarde, fiz minhas aulas de flamenco, andei lendo bastante e meditando em silêncio, até procurei quando vai ter o próximo retiro espiritual Vipassana, um lugar onde você fica afastado de tudo e todos. Uma semana em silêncio, meditando, e rigorosa dieta(frutas e água). Não pode levar celular, nada eletrônico. Escrever pode, desde que seja papel e caneta e não se utilize disso para conversar, e isso me fez lembrar dos tempos de adolescente, nas aulas que não podia conversar, nós costumávamos fazer chat via papel e a conversa fiada passava na sala toda, e o tempo todo nós achávamos que a professora nunca desconfiava de nada.  O fato de poder levar papel é muito bom, pois quando eu for vou descrever a experiência do silêncio total, mas ao mesmo tempo isso implica de uma certa forma, na quebra do silêncio, pois vou usar isso para comunicação certo?O ruim é que no momento não tem nenhuma data definida para o próximo retiro, mas enfim, até o final do ano, gostaria de participar, e muito, até porque os retiros são de graça, você ao final, pode fazer alguma doação se achar que a experiência foi válida. Um amigo meu disse uma coisa engraçada, quando eu comentei que vou fazer um retiro:
“Esses encontros devem ser daqueles retiros muito loucos, onde se toma aqueles chás estranhos e onde todo mundo sai transando com tudo e com todos…só que em silêncio!”.
Obviamente, eu, criatura besta que só eu, e digamos com um bom senso de humor, fiz a minha cara habitual de poker face e depois um facepalm e depois caí na gargalhada e ainda completei “Só se eu for comer a Tia do Batman…em silêncio”. Eu até tentei explicar o intuito da coisa, que de putaria não tem nada, mas eu entrei numa crise de riso tão grande, que mal consegui me segurar. Isso porque, nos retiros Vipassanas, homem e mulher são separados, ou seja, nem que eu fosse com um namorado(se eu tivesse), nada de sexo…nem tântrico…para se ter uma idéia, nenhum contato corporal, nem aperto de mão. A castidade é mental(eu fico me perguntando se isso é possível), visual, física…em todos os sentidos!Resumindo, são 7 dias acordando quatro horas da matina, meditação, leituras e dormindo cedo. Talvez isso melhore a insônia!
2 – A Pieguice e memórias de uma Ana quando jovem(muito jovem!)
Insônia: outro problema. Podem ver, são cerca de 01h30 da manhã, eu trabalhei das 09h00 até as 22h00 e não estou com sono. Estou cansada?Sim, estou, mas ao mesmo tempo minha mente está voando e acelerada. Estou nesse humilde blog escrevendo coisas aleatórias, com o Itunes no modo shuffle, e neste exato momento, neste parágrafo estou ouvindo Tribalistas, Velha Infância. Eu ouço isso e sinto saudades da época que música brasileira não se resumia a Michel Teló e música do tchu-tcha…
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Penso em você
Desde o amanhecer
Até quando me deito
Eu gosto de você
Eu gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu Amor
 Está aí uma música cuja letra é simples e piegas, mas a sonoridade eu considero muito, mas muito bonita, principalmente nesta parte que eu citei, que é o Arnaldo Antunes recitando. Eu penso a mesma coisa quando penso em Djavan. E as pessoas me olham embasbacadas quando eu digo que gosto de Djavan. Eu gosto, eu confesso, EU FICO PIEGAS!EU SOU PIEGAS! As pessoas me vêem com uma mulher sem coração que só curte sons agressivos, com gritaria, letras tristes e revoltadas, mas lá no fundo eu sou um ser sentimental. Não é pelo fato de eu ser a única mulher em um setor só de homens, que eu tenho que ser uma ogra com peitos. E particularmente, “Um Amor puro” é uma música que me derrete igual chocolate no sol(péssima analogia…péssima). A letra é muito simples, coisa que meu irmãozinho de nove anos faria para a namoradinha dele:

O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer

E a tua história, eu não sei
Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem é teu e de mais ninguém

Te adoro em tudo, tudo, tudo
Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande história

Aqui ou noutro lugar
Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul

Um amor puro
Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
Um amor puro

Em falar nisso, na última vez que eu fui na minha casa, em Santa Bárbara, eu encontrei na gaveta do quarto do meu irmãozinho, um poema que ele escreveu pra uma guria da escola. Ele me pegou lendo e ficou todo tímido, e ele disse que aquilo foi uma canção que ele escreveu. Então ele arrancou o papel da minha mão e ficou todo envergonhado. Eu ri muito da situação, mas eu ri porque achei aquilo muito bonitinho, não por maldade, até porque naquele momento eu me enxerguei ali. Quando eu era criança, eu tinha um amiguinho de 7 /08 anos, chamado André Luís, que enviava cartinhas se dizendo apaixonado por mim e que nós iríamos nos casar. Era com ele que eu estava neste acontecimento aqui:

https://suburbanwars.wordpress.com/2012/01/17/sobre-o-efemero/

Eu estava voltando da escola, com ele e a irmã dele, que se chamava Graziele(eu acho…não me lembro ao certo o nome dela) e nós encontramos um pássaro no chão(leiam a história, pois não vou repetir). E eu me lembro que  naquele momento ele estava comendo aquelas balas quadradinhas de doce de leite (ele adorava essas balas, e eu gostava de dadinho!). E toda vez que eu sinto esse cheiro, dessas balas, eu me lembro desse momento. Eu me lembro que ele colocava uns versinhos e desenhava eu e ele na versão “Desenho Universal”: um homem palito e uma mulher palito, e ele sempre me desenhava segurando uma flor. Então teve um dia que ele me deu uma flor, que ele arrancou do jardim de uma mulher muito brava, pois eu costumava roubar as flores dela para dar de presente para minha mãe. E então, todos os dias ele me dava uma flor, e eram flores diferentes, pois ele não gostava de repetir. E o mais engraçado é que nem selinho de criança rolava. Nós namorávamos do nosso jeito, e para nós, namorar era ir e voltar da escola junto, de mãozinhas dadas.

Ele apenas me dava flores, arrancadas sem culpa,
Das casas ao redor do caminho da escola,
De mãos dadas, despreocupados, caminhamos,
Nós nunca nos beijamos, e ele dizia,
“Então nós vamos nos casar…”
E quando isso acontecer, eu vou te dar um beijo…

Vamos descrever o que é piegas?Piegas é aquela pessoa melodramática, “dramaqueen”. Hoje eu fui piegas, quando fui tomar danone e só tinha meio copo…e eu estou sem grana para comprar danone, e mesmo se eu tivesse, cheguei tarde do trabalho e estava com preguiça($) de ir no Dalben, que fecha meia noite. Enfim, fiquei de bibibi porque fui seca no danone e não tinha mais. E a vida é assim, quando você está com vontade, pode ficar apenas chupando dedo. Me contentei então com leite e ovomaltine…oh como sou juvenil!!!

“Tudo os aluno criado a leite com pêra, a ovomaltino, a pão com mortandela!”,  Prof. Gilmar

Neste caso, fui piegas também, mas isso não é só no sentido dramaqueen. Temos a pieguice no sentido do ser romântico. Todo poeta é romântico de uma certa forma. Eu não sou poeta, mas me arrisco, mas não ao ponto de ser poeta, mas quando eu sou, eu uso a pieguice romântica sentimental ultra-esquerdista.  Ser piegas é se emocionar escutando Daniela Mercury, “A primeira vista”, de madrugada, cantando desafinado mentalmente, para não acordar os vizinhos, ou querer sair correndo na rua, ou quase chorar de emoção escutando Ney Matogrosso interpretando Cazuza, naquela música, “Poema”:

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança…

Esse detalhe me lembra do desenho do pica-pau…episódio clássico, mas sem backing vocals, roupas pretas e luvas brancas. Sinto saudades do pica-pau, mas vejamos…na merda da história toda, estou mais para o índio. Ba tum disssss!O que vai querer meu chapa?Ah, bravo Figaro!Bravo, bravissimo!Bravo! La la la la la la la!

3 – A Barata: o processo na cozinha

Nesta semana, especificamento na terça-feira, saí do trabalho e fui para a aula de Flamenco. A aula começa as 20h30, saí dela as 21h30 e voltei pra casa. Resolvi ir na cozinha pra comer um iogurte com cereais. A cozinha do lugar que eu moro é compartilhada, e fica do lado de fora. Não costumo ir muito lá, porque quase não paro em casa em dias de semana. Praticamente, é muito difícil eu fazer alguma refeição em casa. Sempre compro coisas práticas, como pão, leite, iogurte, cereal, sucos. Nada além disso, até porque acredito que não daria muito certo, até porque o meu senso de “fazer comida somente e exclusivamente para minha adorável pessoa”, ainda não foi configurado. Eu cheguei, coloquei minhas coisas do trabalho em cima da cama, peguei meu livro do Stieg Larsson e levei pra cozinha. Gosto de ler enquanto como alguma coisa. Eu sei que é errado, mas não tem coisa mais prazerosa do que comer cereal lendo. Tirei os sapatos, coloquei algo confortável e fui para a cozinha. Primeira coisa foi abrir a geladeira e tirar a garrafa de iogurte. A tigela de cereais estava me aguardando toda sorridente e bonitona. Ela esperava ansiosamente para enchê-la de Amor, que neste caso é o meu adorável sucrilhos com mel da Nestlè. Mas eis que me deparo com uma baratona nojenta, enorme, marrom e cascuda, em cima da mesa de mármore. Quem lê, imagina que o lugar é sujo, mas não é, está sempre bem limpo, mas o fato da cozinha ser do lado de fora, acaba complicando. Naquele momento, ao ver aquele ser das trevas, eu entrei em choque. Foi cômico, pois eu fiquei encarando aquela coisa horrível, com uma garrafa de danone na mão e na outra a caixa de cereais. E por um instante eu achei que aquela coisa fosse voar pra cima de mim. E então eu permaneci em silêncio, achando que ela iria se tocar da minha presença e iria se mandar dali, afinal, eu precisava pegar o meu livro em cima da mesa. Mas não adiantava, aquele bicho asqueroso, como diz o meu amigo Brunão, sobre a vida o universo e tudo mais:

Queria o meu corpinho nu, banhado no óleo de dendê

E eu fiquei lá, e a maldita barata me encarando, e chegando cada vez mais perto do meu livro. E eu queria pegar o livro, mas ela estava lá e a Lei de Murph caminha comigo desde quando eu nasci, logo a probabilidade dela voar pra cima de mim, poderia ser particularmente altas.

Você quer uma barata Ana???Elas voam Ana, elas voam, e você pode voar com ela também!

“Cê ri né?Cê acha engraçado!” Andersão sobre tudo…

Enfim, ela ficou lá me olhando, e então eu pensei que se bicho continuasse vivo, mais tarde ela poderia entrar por baixo de minhas cobertas, ou caminhar nos meus pés, como aconteceu uma vez lá em Porto Alegre, quando uma barata resolveu subir nas minhas pernas dentro de uma loja. Obviamente, nunca mais voltei naquela loja. Quando eu resolvi criar vergonha nessa minha cara e e deixar de ser mulherzinha, a desgraçada fugiu. Fui lá, peguei o meu livro, enchi a tigela, guardei o danone e fui para o quarto ler meu livro. Eu e aquela barata não podemos ocupar o mesmo ambiente. E toda vez que eu vejo insetos asquerosos e tenho de matá-los, eu lembro da filosofia budista. Reza a lenda que eles não matam uma barata, pois pode ser um tio que já se foi…batumdissss!

Eu não corro essa risco, pois minha risada é huahuahuahuahuahuaa, e quando o assunto é vingança, minha risada é “muahahahahaha”….

4 – Pastéis Matutinos

Imaginem o seguinte cenário. Você acorda pela manhã, quase morrendo, principalmente se for um ser que “morcega” na madrugada. Você tem que ir trabalhar, porque afinal, como diz a minha sábia e querida mãe:

Mente vazia minha filha, oficina do diabo!!!

Então, imaginem, acordar, se arrastar no quarto e partir para o chuveiro. Eu como mulher, tenho meu arsenal de coisas cheirosas, tal como perfumes, águas de banho, óleos perfumados, coisas de mulherzinha. Então é nesse momento que acabo acordando de vez, ou muitas vezes puxo um livro da cabeceira, leio algumas páginas e depois vou para o banho. Sendo assim , me arrumo para ir trabalhar. Passo um perfume, creme nos cabelos, creme hidratante que combine com o perfume(aqueles que é da mesma linha, eu tenho o creme e o perfume de sândalo do águas de Natura…muito bom!), enfim, eu gosto dessa coisa, adoro “memórias olfativas”. Cheiros me remetem a lugares remotos, lembranças, logo, eu sou alvo fácil em lojas de perfumes, cosméticos em geral. Pronto, depois de meia hora, me perfumei e me arrumei para ir trabalhar. Passo na cozinha, tomo alguma coisa, e vou para o ponto de ônibus que é quase em frente de casa, coisa de 15-20 metros de distância do portão. Coloco meus fones no ouvido e se tiver um solzinho em alguma região da parada de ônibus, eu fico lá no solzinho, pois acho divino um sol de inverno pela manhã. Eu pego o 326(Vila Independência) ou 325(Vila Isabel). Ambos vão para o Terminal Barão Geraldo. E aí que entra a questão “Pastel”. Do lado de fora do terminal Barão Geraldo tem uma pastelaria do lado de fora, atravessando a rua, em frente ao ponto de táxi. Até aí, tudo bem!Pastel é uma delícia, coisinha linda e iluminada de Deus, principalmente se for acompanhado por um caldo de cana com limão, suco de laranja ou refri de garrafinha, conhecido como caçulinha, na minha cidade é o  Esportivo, que é muitoooo bom!!!!Ohhhhh Santa Bárbara queridaaaaaaa!!!

Voltando, chego no terminal, e pego 134, ou 333 ou 331, esses param num ponto de ônibus bem próximo de onde eu trabalho, sendo que em agosto, vai ser quase em frente, pois a churrascaria Coxilha dos Pampas vai sumir dali e nós vamos expandir. Então, onde quero chegar com os pastéis?É muito simples. Eu tomo banho, eu me arrumo, fico cheirosa. Aí entra no ônibus uma maldita pessoa enviada pelo demônio, comendo pastel, 08h00 da manhã…e eu, a estas horas, estou azul de fome. E o cheiro de pastel é algo muito bom, soberbo, excitante, do ponto de vista alimentar(eu não quero nenhum corpinho nu banhado num oléo de pastel…). O problema disso tudo, é que todo o seu investimento para ficar agradavelmente perfumada, vai por água abaixo. A lei de Murph me persegue, e as pessoas pastelentas sentam DO MEU LADO, ou seja…eu fico cheirando pastel!!!!!

Ana, que perfume você passou hoje????

Hoje eu estou usando o “Pastelon de Carné”, é francês, da marca L’entraîneur Baron Gérard…

Resumindo…o cheiro de pastel impregna sua roupa, seu cabelo, sua pele e você fica passando vontade o dia inteiro!#CHATEADA COM ISSO TUDO!

Prefiro Frango com Catupiry ou calabresa…

5 – Heath Ledger

O Joker era a única pessoa deste mundo que ficava muito bonito sem maquiagem!Se é que vocês me entendem…

Se tem um homem que eu perderia as estribeiras, que eu entraria em estado de graça, este é Heath Ledger(o outro é o Ewan Mcgregor). E nesta semana eu entrei em um cômico estado de ebulição. Estava eu lá, no hemocentro do hospital Vera Cruz, em Campinas. Faz tempo que eu não doo sangue, então como tenho hora-extra bagaralho, resolvi fazer uma boa ação. Eu deveria ter chegado cedo, o hemocentro estava cheio, então tive que esperar alguém terminar a doação. Sentei lá na salinha de espera e fiquei lendo “Os homens que não amavam as mulheres”. Eis que de repente a porta se abre e um cheiro muito bom de perfume masculino(estou chutando que seja o “Quasar” azul, da Boticário) entra na sala. Disfarçadamente eu levanto os olhos do livro e…NOSSA SENHORA DA BATATINHA PODRE EM CONSERVA…NOSSA SENHORA DOS OVINHOS COLORIDOS EM CONSERVA DO BUTECO DA ESQUINA!!!O ser era a cara d Heath Ledger…sem tirar nem por.

Entrei em estado de graça…
You’re just too good to be true…can’t take my eyes of you!

Eis que meus hormônios chegaram no pico do Everest. Então eu dei um sorriso sem graça, porque o filho da manhã disse “Bom dia” e eu acredito que o meu riso ficou largo igual a cicatriz do Coringa quando eu vi tamanha belezura australiana(Heath Ledger era australiano). Ele pegou uma revista e sentou do meu lado. Deu uma folheada na revista e eu lá, quietinha com os olhos nas páginas do livro(nessa altura do campeonato eu nem sabia mais o que eu estava lendo ali…). De repente: “Gosta de ler?O que está lendo aí?”, então eu sorri e mostrei a capa do livro, “Eu tenho os três, adoro esse livro!”, “Stieg Larsson escreve muito bem!Você está gostando?”

Sim…adoro ler…adoro…

Depois que o ser iluminado me disse isso, eu me senti como uma adolescente besta, fechei o livro e começamos a falar a respeito, E AINDA PERGUNTOU SE EU ESTAVA ATRAPALHANDO A LEITURA!Eu disse que não, óbvio. Então ele disse que tem a trilogia em filme, de um diretor sueco, que ele aconselhava eu assistir. E falamos sobre Lisbeth Salander,  e ele então construiu uma visão brutal da personagem, e disse me perguntou se eu também tinha vontade de conhecer a Suécia ao ler o livro. E não foi só isso, falamos sobre a vida, o universo e tudo mais. Ele está fazendo mestrado em letras e vai para portugal dentro de 2 meses e depois para a Alemanha. E então eu perguntei se ele sempre doava sangue. Aí ele disse que era a primeira vez, pois o NAMORADO dele…isso…isso mesmo caros colegas…sofreu um acidente e o sangue dele era compatível. Ele estava internado no hospital Vera Cruz e a cirurgia seria nesta próxima segunda, e muito provavelmente ele precisaria de sangue, mas disse que estava fora de risco, não precisaria de muito. E então ele pegou o celular ( um Samsung S3) e começou a mostrar as fotos dele com o namorado(uma delas em Amsterdam, na Holanda). E pasmem…o namorado dele era lindo também, mas ao contrário dele, tinha um “q” que gostava da coisa. Então ele foi chamado para a triagem e me desejou boas leituras e boa sorte na vida. E finalizou que me achou muito bonita. E eu fiquei o dia inteiro me perguntando se por um acaso eu joguei saquinhos com urina na cruz, porque Jesus Amado…o que eu fiz de errado?

Eu, por dentro fiquei exatamente deste jeito quando ele mostrou ele e o namorado pelas ruas de Amsterdam…

E foi assim. Voltei para o trabalho #CHATEADA, contei a história para os miguxos e vou resumir numa imagem já repetida neste post, sobre o que eles acharam disto tudo:

Hahahahahhahahahahaha!Se fodeu!!!!!Fuuuuuuuuuu!

Como meu amigo Brunão diz, homem que é homem chega na mina coçando o saco e diz: “E aí mina, tamo aí nessas carne?”. Homem que chega e diz que gosta de ler, escreve, curte música de qualidade e não quer somente teu corpinho nu banhado no óleo de dendê, segundo ele, é apenas seu amiguinho gay, que vai fazer francesinha na sua unha aos finais de semana. o.O

E para encerrar esse abençoado e enorme post, vai a música cuja refrão eu fiquei na cabeça a semana toda e que deu parte do título desse post. Eu digo, esse mundo é ordinário, mas eu amo infinitamente tudo isso. Coloquei os outros vídeos inspiração também. C’est fini! C’est la vie !

Fluxograma

E o tema de hoje será: Fluxograma…MEU FUTURO NÃO MUITO DISTANTE

E hoje não vou vou ficar somente nos meus poemas horríveis, dignos do meme Bocage dizendo “Esses poema ficaro uma bosta”. Vou voltar para a prosa durante um tempo, porque faz tempo que tenho algumas coisas a serem publicadas neste formato. Navegando a toa(como sempre) no Facebook, eu encontrei a historinha acima da Mafalda. Nem preciso dizer que eu achei genial, e quase bati palmas para toda a ironia contida na história, obviamente fui obrigada a compartilhar. E isso me fez pensar muito, sobre aquilo que pensamos para o nosso futuro. Fiquei pensando neste tema o dia inteiro, limpando minha humilde kitnet escutando as músicas super-otimistas e fofinhas do Pain of Salvation (sarcasm detected my dear?)… É engraçado como a maioria das coisas que nós planejamos saem completamente diferentes. Um exemplo, eu já quis ser médica e trabalhar em IML e investigações criminais…coisa puramente C.S.I. Claro, analisando a historinha da Mafalda, nos deparamos com aquelas coisinhas dignas de um conto de fada modificado (para bons entendedores, sabe-se que os contos de fada não são nada daquilo na real), e infelizmente(ou seria…felizmente?) ainda existem pessoas que acreditam que vão ser felizes e bonitas para sempre, ao lado do homem/mulher perfeita, com muito dinheiro e filhinhos lindos, asseados e que nunca pegarão resfriado, porque a mamãe perfeita não quer limpar nariz melequento de criança birrenta. No meu atual fluxograma a única coisa que eu quero mesmo é quando eu tiver uma casa que não seja uma kitnet minúscula, eu queria um atelier e uma biblioteca separada. A casa pode ter apenas um quarto, cozinha, banheiro, sala, mas terá que ter um espaço para as minhas tranqueiras e livros…muitos livros. E um cachorro, e um gato para que eu possa rir das desavenças entre eles e também pelo fato de eu amar animais, sempre gostei de bichos, e eu posso dizer que com certeza eles fazem parte do meu fluxograma. E para não falarem que eu sou um ser cruel e sem coração, um homem que me ature e me ame do jeito que eu sou, não precisa me dar jóias, não precisa ter carro, pode ser pobre igual eu, mas que me aceite do jeito que eu sou, com todos os meus defeitos e minha chatice, e que aceite meu Amor também, porque afinal eu quero Amar e não ter um gigolô ao meu lado para me dar doses de amor, carinho, sexo e compreensão, afinal, a idéia de homem-objeto só é legal quando o homem para chamar de seu diz: “Meu bem, hoje quem manda é você”, mas quando o assunto é gigolô por uma noite, não fica legal, porque afinal, para usar e abusar de um homem, você tem que conhecê-lo, enfim, é o que eu penso, na real, quem me conhece, sabe que eu não costumo me aventurar em sexo casual, e muito menos sexo pago, talvez algum dia eu mude de idéia…ahhahahahahahahaha. Bem, a situação nesse caso(relacionamento) é difícil, pois nesse mundinho mundano, é difícil encontrar alguém que não queira apenas te comer como um pedaço de picanha com gordurinha, e quando você encontra aquela pessoa que está configurada de acordo com todas as suas condições normais de temperatura e pressão, para gerar cálculos amorosos-sexuais-apaixonantes de extrema precisão, aquela que você acha que vale a pena, que tem um pouco de cérebro e que entende as coisas que você faz ou diz, a pessoa é mais complicada que cálculo diferencial com trigonometria ou métodos de cálculo para equações sem solução(meu pesadelo na faculdade), digamos que a pessoa é um número imaginário na sua vida, ela está lá, mas ao mesmo tempo não está, então você se conforma, chora as mágoas e torce para que o infeliz nunca seja feliz com alguém sem ser você (muahahhahahahahahaa!!!!VINGANÇAAAAA)…Bem não é assim, isso foi uma piada-pretexto para que eu possa usar a “onomatopeia da vingança”(muahhhaahahaha), mas eu acho engraçada e inútil essa coisa ridícula de vingar o Amor que não deu certo, essa coisa de por o nome do infeliz na boca do sapo porque você não teve feromônios suficientes para atraí-lo. Mas voltando, quando isso acontece, quando você gosta da desgraçada da pessoa complicada, e ela te ignora, se você for besta igual eu, pode até acreditar que um dia, talvez, quem sabe, num futuro não muito distante essa pessoa te enxergue, enquanto isso, toca a vida para frente, até trombar(eu não procuro, eu tropeço nesses tipos de pessoas) com uma pessoa igual ou mais complicada ainda ou um perfeito idiota porque você não espera mais nada dessa vida(eu ainda não cheguei neste ponto, espero nunca chegar nisso). Mas na verdade eu queria apenas pensar: FODA-SE ESSA MERDA…FODA-SE VOCÊ, mas não é bem assim que funciona, e como eu falei, eu sou um ser besta, então eu mereço isso mesmo. Nessas situações, apenas o Tempo pode curar, fazer o quê?Isso é parte do meu fluxograma-amoroso: gostar de pessoas complicadas, o que é bom, porque quando você tem tendência a gostar de pessoas complicadas, você aceita melhor os defeitos, até porque o fato da pessoa ser complicada é porque o gênio dela…digamos, não é dos mais fáceis de se lidar. Isso é explicado em psicologia. Mulheres buscam homens que se assemelhem a sua figura paterna, e homem, na figura materna. Meu pai é de gênio difícil…sendo assim, FREUD EXPLICA!!!Enquanto tem várias pessoas de fácil acesso a seu dispor, que você não precisa fazer esforço nenhum para tentar entender, eu sou uma pessoa que nem Freud explica, por isso eu quero quem não me quer. E quero aquele “boy magia”(adoro esse termo), leonino, genioso, adorável, inteligente, difícil, meu inferno astral(eu não acredito em horóscopo),complicado, aquele meus amigos mais próximos dizem que deve ser uma bichona, MF(SIGLA PARA “Morde Fronha”): “mas Ana, você é linda, inteligente, qualquer um já teria sucumbido, ele deve ser MF e está com medo de sair do armário”, e então todo mundo ri da minha cara e eu entro na brincadeira: “Ana, você ainda gosta daquele viado?”, “Sim, eu amo aquela bichona, uiiiiiiiiii”, “Ana, seu amor é platônico!”, “É, pois é…concordo contigo…mas foda-se essa merda, o Amor é meu, e eu curto Platão, ele era da hora!”. Essa é uma qualidade minha: tenho muito senso de humor, e aprecio Humor-Negro, sarcasmo, ironia…eu também não tenho um gênio muito fácil, mas fora isso sou uma mulher simples e afável na grande maioria das vezes.
Bom o fluxograma parte 1 é: uma casa com espaço para biblioteca particular e um cantinho para sujar de tinta e fazer coisas malucas. Esses dias, eu comentei que gostaria de viver de arte. Acho sensacional, de verdade, eu já fiz minhas coisinhas, sempre gostei de desenhar, me sujar de tinta, mesmo que eu não tenha lá tanto talento. Nessa semana, eu comprei papel especial e lápis para desenho artístico. Estou sem desenhar há 1 ano meio, desde que eu fiquei gorda e ferrada dos rins, com insuficiência renal(uma doencinha de nome muito bonito: Nefrite Intersticial Aguda), internada 2 semanas e meia no Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Lá tinha um programa social que era uma sala para os pacientes terem momentos de lazer. Me lembro até hoje, eu cheia dos soros pendurados, gorda, desenhando, enquanto uns tricotavam, outro rapaz com uma bolsa de colostomia jogava videogame…Desenhar, não era uma coisa que eu fazia bem, mas digamos que dava para o gasto e as pessoas diziam que eu desenhava bem(porque elas não devem ter conhecido uma pessoa que de fato desenhava bem). Eu penso, algum dia, estudar Artes Visuais, mas é aquela coisa, que eu comentei, se eu tivesse escolhido Artes, ao invés de Análise de Sistemas, eu poderia estar passando fome. É uma situação tragicômica, mas eu escuto isso das pessoas que fazem cursos legais. Tenho um amigo que é filósofo, muito inteligente, mas ele diz que só não passa fome porque os pais ajudam ele. Definitivamente, cursos legais não dão dinheiro. Eu gosto de História, Filosofia, Letras, Artes…mas…é complicado né, e como fica o “leitinho das criança”? Sendo assim, outra parte do meu fluxograma, era fazer um curso legal, que eu realmente gostasse. Muitas vezes, quando eu vou numa livraria e fico namorando aqueles livros lindos, cheirosos e absurdamente caros de História da Arte, as pessoas me perguntam se eu estudo Arte. Então eu digo, “Eu sou Analista de Sistemas na verdade…”, então a pessoa faz cara de espanto e deduz que eu quero comprar algo pra dar de presente para alguém, elas não se convencem que aquilo é pra mim, porque afinal eu sou Analista de Sistemas e a coisa mais artística que eu deveria me aproximar, dado a estereótipos, seria a sessão de quadrinhos…
Outra coisa no meu fluxograma, são viagens. Eu ainda pretendo fazer minha viagem para Europa, mesmo que seja sozinha, afinal, estou me virando bem na solidão. As pessoas, cada vez mais eu vejo que elas não sabem lidar com a solidão. Todo mês eu vou dar uma voltinha sozinha. Ando fazendo muito disso ultimamente. Antigamente eu era uma pessoa que só saia para os lugares se alguém fosse junto, pois eu não queria que as pessoas achassem que eu era uma garota sozinha e triste. Sendo assim, este ano, depois da minha reviravolta, um dos motivos por ter escolhido morar sozinha, ao invés de dividir um espaço com alguém, foi a oportunidade de me conhecer. Existe aquela frase: “Conhece a Ti mesmo?”, e desde então eu descobri que boa parte dessa minha pessoinha era desconhecida e que muitas coisas eu deixava ocultas por vergonha, ou medo de que me interpretassem mal. Eu tenho agora aquele meu momento de paz, eu, meus livros, chá a todo momento, eu posso pendurar as coisas pela parede, posso andar pelada ou seminua, posso espalhar meus livros pela cama, posso cantar no chuveiro sem acharem que eu sou louca, posso escrever meus poemas e pendurá-los na parede para ficar lendo ao longo do dia e decidir se publico ou não(eu sempre publico, por mais péssimo que tenham ficado, afinal, FODA-SE ESSA MERDA), se eu quiser passar o dia na Lagoa do Taquaral, no gramado, observando o cotidiano das pessoas e fazendo anotações ridículas para um dia sair algum texto bom dessa merda toda, ou simplesmente ler um livro embaixo de uma árvore, enfim, eu peguei esses 6 meses de solidão para me conhecer e nunca me senti tão a flor da pele, sendo que foram 3 meses morando com meus pais e 3 meses na minha kitnet, onde estou agora, embaixo das cobertas tomando um chá de camomila. Até minha mãe disse que eu mudei, como pessoa, ela diz que eu fiquei mais sensata e madura. Considero que eu deixei aquela garotinha medrosa para trás, hoje sou mulher o suficiente para admitir meus erros, não negar mais sentimentos(mesmo que seja platônico), hoje eu posso pegar uma mochila e sair por aí sem rumo, com todo o meu “não senso” de direção, mas ainda vou bem em Geografia. E é aí que o Velho Continente entra. Qualquer dia farei um mochilão pela Europa, ver “O Jardim das Delícias” no museu do Prado, em Madri, conhecer Praga, Amsterdam, Berlim, Lisboa, Andorra, toda a região da Andaluzia, Paris, Londres, Dublin…lógico que acredito que não dê para fazer isso numa viagem só, mas é algo que tenho em mente. Claro que nas minha atuais condições financeiras, não vai ser algo a se fazer nas próximas férias(nas próximas férias, pretendo ir para o Chile e Argentina). Outra coisa que eu quero fazer é ir para algum retiro espiritual onde se pratique a arte do silêncio. Tem um em Nazaré Paulista. Nesses retiros, você não pode falar absolutamente nada, você conversa apenas com os olhos e gestos. Tendo em vista que eu sou mulher, e como mulher, eu falo mais que a média, tendo em vista que tenha hiperatividade, tomo essa viagem espiritual algo como incrivelmente desafiador. Essa viagem é algo que pretendo fazer até o final deste ano. E esta viagem vai ganhar um post todo especial.

Resumindo, se eu fizesse um fluxograma para minha vida, eu entendo isso como uma espécie de modelagem, um planejamento. Eu creio que o que eu quero não é nada demais, nada absurdo. Eu cansei de fazer grandes planos, na verdade, nunca tive grandes planos, que eu quisesse tanto levar pra frente. Na maioria das vezes, eu desistia alguns dias ou meses depois. Mas hoje, com uma mente mais sensata, eu consigo planejar um fluxograma possível, que vou jogar dentro de um poema que provavelmente vai ficar uma bosta, mas como eu sempre digo: “FODA-SE ESSA MERDA”

Eu gostaria de ter uma casa, uma casa simples,
Não necessariamente num lugar bucólico, surreal,
Pode ser no caos de uma metrópole, eu não me importo,
Quero um canto só meu, para minha paz de espírito,
E nas tardes chuvosas eu posso me sentar num velho sofá,
Depois de puxar um livro velho e cheiroso da estante,
Eu posso viajar longe em páginas e páginas de emoções.
Eu olho o cachorro a dormir e os olhos brilhantes do gato,
A brincar com um velho papel de um rabisco em giz carvão.

E parado na janela eu lhe vejo observar a chuva lá fora,
Eu poderia lhe perguntar o que você pensa, mas eu apenas te observo,
E então eu poderia me lembrar o quanto eu amo e odeio seu silêncio,
Mas um dia eu fiz uma viagem, num lugar no alto da serra,
Enquanto eu esperava entender as minhas dores e meu amor não correspondido,
Foi neste lugar que eu aprendi a conversar com os olhos,
Então você olha pra mim, e me dá um sorriso, como se quisesse me dizer,
“Desculpe eu sou um chato”, e eu dou risada como se eu nunca soubesse disso,
E então eu te olho de novo, e verás que meus olhos lhe dirão: “Seu Tolo”

E eu lhe perguntarei, se eu já lhe contei alguma vez,
Que eu estava a andar de bicicleta nas ruas de Amsterdam,
Minha bicicleta tinha uma cestinha de tulipas que eu comprei de mercador de flores,
E então eu me empolguei e quis conhecer ruas e mais ruas, e me perdi em Amsterdam,
Então eu fiquei com medo, pois estava escurecendo e eu não sabia onde estava,
E então você me dirá: “Eu te disse para tomar cuidado, mas você é teimosa”,
E então vamos rir, como duas crianças e nos amar como adultos,
Uma vida simples, num lugar simples…um amor simples.

Ficou uma bosta, mas foda-se essa merda!!hahahahahahahahahaha