Emoções rasgadas.

Depois de uma noite de insônia, poucas horas de sono, e aquela sensação de resfriado chato querendo derrubar, acordei quase rouca, com voz estranha, que sumia em poucas palavras. Quase desmarquei a entrevista, mas não desisti: salto alto, camisa, meia fina e saia executiva. Sapato fino, de tom bordô em couro aveludado, cujo salto enganchava nas malditas calçadas de pedras soltas. E eu penso… Por quê dificultamos tanto? Tudo poderia ser mais simples. Eu me irritei com minha meia-calça. Passei em uma loja no meio do caminho, comprei outra, entrei no banheiro do estabelecimento e troquei minha neura por outra neura… Fiquei com medo de rasgar a meia de fio 15 em lycra, fato que realmente aconteceu, mas foi no portão de casa, quando a coroa do abacaxi que eu comprei encostou-se a minha meia. Quando fui trocar as sacolas de braço, escutei o barulho desesperador de fios rasgando. Olhei, dei risada. Pedreiros na espreita… Um naco de minha coxa branquela debaixo do rasgo seria normal e mais divertido se fosse à hora de um bom sexo, aquela coisa de desespero. Melhor uma meia rasgada em cima da cama pelas mãos de um homem do que pela coroa de abacaxi pérola comprado na promoção que estava azedo. Nada que um açúcar resolva. Devorei três fatias com requintes de crueldade e sadismo, sentada em minha cama, marcando trechos de “Cartas de um Escritor Solitário”, de Sam Savage. Joguei fora a meia, fiquei em mangas de camisa e adormeci. Não passei na entrevista, recebi um e-mail frustrante, mas sou forte, paciência! Terei outros momentos para rasgar meias por aí e dar risada de meu próprio medo. Pelo menos tenho algo divertido com tons de tragicomédia para contar. Adormeci esparramada na cama e sonhei com teus braços com veias e tendões aparentes de tua pele branca e combinando com meus tons embaixo de minha meia rasgada…

Ordinary World, C’est fini! C’est la vie: silêncio,velha infância, pieguice, o encontro com a barata, pastéis matutinos e Heath Ledger.

Essa imagem ilustra como eu me senti essa semana!^^
But i won’t cry for yesterday
There’s an ordinary world
Somehow i have to find
And as i try to make my way
To the ordinary world
I will learn to survive…
1 – O Silêncio…
Esta semana foi intensa. Muito trabalho, muitas reflexões, e um encontro com uma barata na cozinha. Um sentimento “Kafka”…hehehehhe. Esta semana trabalhei até tarde, fiz minhas aulas de flamenco, andei lendo bastante e meditando em silêncio, até procurei quando vai ter o próximo retiro espiritual Vipassana, um lugar onde você fica afastado de tudo e todos. Uma semana em silêncio, meditando, e rigorosa dieta(frutas e água). Não pode levar celular, nada eletrônico. Escrever pode, desde que seja papel e caneta e não se utilize disso para conversar, e isso me fez lembrar dos tempos de adolescente, nas aulas que não podia conversar, nós costumávamos fazer chat via papel e a conversa fiada passava na sala toda, e o tempo todo nós achávamos que a professora nunca desconfiava de nada.  O fato de poder levar papel é muito bom, pois quando eu for vou descrever a experiência do silêncio total, mas ao mesmo tempo isso implica de uma certa forma, na quebra do silêncio, pois vou usar isso para comunicação certo?O ruim é que no momento não tem nenhuma data definida para o próximo retiro, mas enfim, até o final do ano, gostaria de participar, e muito, até porque os retiros são de graça, você ao final, pode fazer alguma doação se achar que a experiência foi válida. Um amigo meu disse uma coisa engraçada, quando eu comentei que vou fazer um retiro:
“Esses encontros devem ser daqueles retiros muito loucos, onde se toma aqueles chás estranhos e onde todo mundo sai transando com tudo e com todos…só que em silêncio!”.
Obviamente, eu, criatura besta que só eu, e digamos com um bom senso de humor, fiz a minha cara habitual de poker face e depois um facepalm e depois caí na gargalhada e ainda completei “Só se eu for comer a Tia do Batman…em silêncio”. Eu até tentei explicar o intuito da coisa, que de putaria não tem nada, mas eu entrei numa crise de riso tão grande, que mal consegui me segurar. Isso porque, nos retiros Vipassanas, homem e mulher são separados, ou seja, nem que eu fosse com um namorado(se eu tivesse), nada de sexo…nem tântrico…para se ter uma idéia, nenhum contato corporal, nem aperto de mão. A castidade é mental(eu fico me perguntando se isso é possível), visual, física…em todos os sentidos!Resumindo, são 7 dias acordando quatro horas da matina, meditação, leituras e dormindo cedo. Talvez isso melhore a insônia!
2 – A Pieguice e memórias de uma Ana quando jovem(muito jovem!)
Insônia: outro problema. Podem ver, são cerca de 01h30 da manhã, eu trabalhei das 09h00 até as 22h00 e não estou com sono. Estou cansada?Sim, estou, mas ao mesmo tempo minha mente está voando e acelerada. Estou nesse humilde blog escrevendo coisas aleatórias, com o Itunes no modo shuffle, e neste exato momento, neste parágrafo estou ouvindo Tribalistas, Velha Infância. Eu ouço isso e sinto saudades da época que música brasileira não se resumia a Michel Teló e música do tchu-tcha…
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Penso em você
Desde o amanhecer
Até quando me deito
Eu gosto de você
Eu gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu Amor
 Está aí uma música cuja letra é simples e piegas, mas a sonoridade eu considero muito, mas muito bonita, principalmente nesta parte que eu citei, que é o Arnaldo Antunes recitando. Eu penso a mesma coisa quando penso em Djavan. E as pessoas me olham embasbacadas quando eu digo que gosto de Djavan. Eu gosto, eu confesso, EU FICO PIEGAS!EU SOU PIEGAS! As pessoas me vêem com uma mulher sem coração que só curte sons agressivos, com gritaria, letras tristes e revoltadas, mas lá no fundo eu sou um ser sentimental. Não é pelo fato de eu ser a única mulher em um setor só de homens, que eu tenho que ser uma ogra com peitos. E particularmente, “Um Amor puro” é uma música que me derrete igual chocolate no sol(péssima analogia…péssima). A letra é muito simples, coisa que meu irmãozinho de nove anos faria para a namoradinha dele:

O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer

E a tua história, eu não sei
Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem é teu e de mais ninguém

Te adoro em tudo, tudo, tudo
Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande história

Aqui ou noutro lugar
Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul

Um amor puro
Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
Um amor puro

Em falar nisso, na última vez que eu fui na minha casa, em Santa Bárbara, eu encontrei na gaveta do quarto do meu irmãozinho, um poema que ele escreveu pra uma guria da escola. Ele me pegou lendo e ficou todo tímido, e ele disse que aquilo foi uma canção que ele escreveu. Então ele arrancou o papel da minha mão e ficou todo envergonhado. Eu ri muito da situação, mas eu ri porque achei aquilo muito bonitinho, não por maldade, até porque naquele momento eu me enxerguei ali. Quando eu era criança, eu tinha um amiguinho de 7 /08 anos, chamado André Luís, que enviava cartinhas se dizendo apaixonado por mim e que nós iríamos nos casar. Era com ele que eu estava neste acontecimento aqui:

https://suburbanwars.wordpress.com/2012/01/17/sobre-o-efemero/

Eu estava voltando da escola, com ele e a irmã dele, que se chamava Graziele(eu acho…não me lembro ao certo o nome dela) e nós encontramos um pássaro no chão(leiam a história, pois não vou repetir). E eu me lembro que  naquele momento ele estava comendo aquelas balas quadradinhas de doce de leite (ele adorava essas balas, e eu gostava de dadinho!). E toda vez que eu sinto esse cheiro, dessas balas, eu me lembro desse momento. Eu me lembro que ele colocava uns versinhos e desenhava eu e ele na versão “Desenho Universal”: um homem palito e uma mulher palito, e ele sempre me desenhava segurando uma flor. Então teve um dia que ele me deu uma flor, que ele arrancou do jardim de uma mulher muito brava, pois eu costumava roubar as flores dela para dar de presente para minha mãe. E então, todos os dias ele me dava uma flor, e eram flores diferentes, pois ele não gostava de repetir. E o mais engraçado é que nem selinho de criança rolava. Nós namorávamos do nosso jeito, e para nós, namorar era ir e voltar da escola junto, de mãozinhas dadas.

Ele apenas me dava flores, arrancadas sem culpa,
Das casas ao redor do caminho da escola,
De mãos dadas, despreocupados, caminhamos,
Nós nunca nos beijamos, e ele dizia,
“Então nós vamos nos casar…”
E quando isso acontecer, eu vou te dar um beijo…

Vamos descrever o que é piegas?Piegas é aquela pessoa melodramática, “dramaqueen”. Hoje eu fui piegas, quando fui tomar danone e só tinha meio copo…e eu estou sem grana para comprar danone, e mesmo se eu tivesse, cheguei tarde do trabalho e estava com preguiça($) de ir no Dalben, que fecha meia noite. Enfim, fiquei de bibibi porque fui seca no danone e não tinha mais. E a vida é assim, quando você está com vontade, pode ficar apenas chupando dedo. Me contentei então com leite e ovomaltine…oh como sou juvenil!!!

“Tudo os aluno criado a leite com pêra, a ovomaltino, a pão com mortandela!”,  Prof. Gilmar

Neste caso, fui piegas também, mas isso não é só no sentido dramaqueen. Temos a pieguice no sentido do ser romântico. Todo poeta é romântico de uma certa forma. Eu não sou poeta, mas me arrisco, mas não ao ponto de ser poeta, mas quando eu sou, eu uso a pieguice romântica sentimental ultra-esquerdista.  Ser piegas é se emocionar escutando Daniela Mercury, “A primeira vista”, de madrugada, cantando desafinado mentalmente, para não acordar os vizinhos, ou querer sair correndo na rua, ou quase chorar de emoção escutando Ney Matogrosso interpretando Cazuza, naquela música, “Poema”:

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança…

Esse detalhe me lembra do desenho do pica-pau…episódio clássico, mas sem backing vocals, roupas pretas e luvas brancas. Sinto saudades do pica-pau, mas vejamos…na merda da história toda, estou mais para o índio. Ba tum disssss!O que vai querer meu chapa?Ah, bravo Figaro!Bravo, bravissimo!Bravo! La la la la la la la!

3 – A Barata: o processo na cozinha

Nesta semana, especificamento na terça-feira, saí do trabalho e fui para a aula de Flamenco. A aula começa as 20h30, saí dela as 21h30 e voltei pra casa. Resolvi ir na cozinha pra comer um iogurte com cereais. A cozinha do lugar que eu moro é compartilhada, e fica do lado de fora. Não costumo ir muito lá, porque quase não paro em casa em dias de semana. Praticamente, é muito difícil eu fazer alguma refeição em casa. Sempre compro coisas práticas, como pão, leite, iogurte, cereal, sucos. Nada além disso, até porque acredito que não daria muito certo, até porque o meu senso de “fazer comida somente e exclusivamente para minha adorável pessoa”, ainda não foi configurado. Eu cheguei, coloquei minhas coisas do trabalho em cima da cama, peguei meu livro do Stieg Larsson e levei pra cozinha. Gosto de ler enquanto como alguma coisa. Eu sei que é errado, mas não tem coisa mais prazerosa do que comer cereal lendo. Tirei os sapatos, coloquei algo confortável e fui para a cozinha. Primeira coisa foi abrir a geladeira e tirar a garrafa de iogurte. A tigela de cereais estava me aguardando toda sorridente e bonitona. Ela esperava ansiosamente para enchê-la de Amor, que neste caso é o meu adorável sucrilhos com mel da Nestlè. Mas eis que me deparo com uma baratona nojenta, enorme, marrom e cascuda, em cima da mesa de mármore. Quem lê, imagina que o lugar é sujo, mas não é, está sempre bem limpo, mas o fato da cozinha ser do lado de fora, acaba complicando. Naquele momento, ao ver aquele ser das trevas, eu entrei em choque. Foi cômico, pois eu fiquei encarando aquela coisa horrível, com uma garrafa de danone na mão e na outra a caixa de cereais. E por um instante eu achei que aquela coisa fosse voar pra cima de mim. E então eu permaneci em silêncio, achando que ela iria se tocar da minha presença e iria se mandar dali, afinal, eu precisava pegar o meu livro em cima da mesa. Mas não adiantava, aquele bicho asqueroso, como diz o meu amigo Brunão, sobre a vida o universo e tudo mais:

Queria o meu corpinho nu, banhado no óleo de dendê

E eu fiquei lá, e a maldita barata me encarando, e chegando cada vez mais perto do meu livro. E eu queria pegar o livro, mas ela estava lá e a Lei de Murph caminha comigo desde quando eu nasci, logo a probabilidade dela voar pra cima de mim, poderia ser particularmente altas.

Você quer uma barata Ana???Elas voam Ana, elas voam, e você pode voar com ela também!

“Cê ri né?Cê acha engraçado!” Andersão sobre tudo…

Enfim, ela ficou lá me olhando, e então eu pensei que se bicho continuasse vivo, mais tarde ela poderia entrar por baixo de minhas cobertas, ou caminhar nos meus pés, como aconteceu uma vez lá em Porto Alegre, quando uma barata resolveu subir nas minhas pernas dentro de uma loja. Obviamente, nunca mais voltei naquela loja. Quando eu resolvi criar vergonha nessa minha cara e e deixar de ser mulherzinha, a desgraçada fugiu. Fui lá, peguei o meu livro, enchi a tigela, guardei o danone e fui para o quarto ler meu livro. Eu e aquela barata não podemos ocupar o mesmo ambiente. E toda vez que eu vejo insetos asquerosos e tenho de matá-los, eu lembro da filosofia budista. Reza a lenda que eles não matam uma barata, pois pode ser um tio que já se foi…batumdissss!

Eu não corro essa risco, pois minha risada é huahuahuahuahuahuaa, e quando o assunto é vingança, minha risada é “muahahahahaha”….

4 – Pastéis Matutinos

Imaginem o seguinte cenário. Você acorda pela manhã, quase morrendo, principalmente se for um ser que “morcega” na madrugada. Você tem que ir trabalhar, porque afinal, como diz a minha sábia e querida mãe:

Mente vazia minha filha, oficina do diabo!!!

Então, imaginem, acordar, se arrastar no quarto e partir para o chuveiro. Eu como mulher, tenho meu arsenal de coisas cheirosas, tal como perfumes, águas de banho, óleos perfumados, coisas de mulherzinha. Então é nesse momento que acabo acordando de vez, ou muitas vezes puxo um livro da cabeceira, leio algumas páginas e depois vou para o banho. Sendo assim , me arrumo para ir trabalhar. Passo um perfume, creme nos cabelos, creme hidratante que combine com o perfume(aqueles que é da mesma linha, eu tenho o creme e o perfume de sândalo do águas de Natura…muito bom!), enfim, eu gosto dessa coisa, adoro “memórias olfativas”. Cheiros me remetem a lugares remotos, lembranças, logo, eu sou alvo fácil em lojas de perfumes, cosméticos em geral. Pronto, depois de meia hora, me perfumei e me arrumei para ir trabalhar. Passo na cozinha, tomo alguma coisa, e vou para o ponto de ônibus que é quase em frente de casa, coisa de 15-20 metros de distância do portão. Coloco meus fones no ouvido e se tiver um solzinho em alguma região da parada de ônibus, eu fico lá no solzinho, pois acho divino um sol de inverno pela manhã. Eu pego o 326(Vila Independência) ou 325(Vila Isabel). Ambos vão para o Terminal Barão Geraldo. E aí que entra a questão “Pastel”. Do lado de fora do terminal Barão Geraldo tem uma pastelaria do lado de fora, atravessando a rua, em frente ao ponto de táxi. Até aí, tudo bem!Pastel é uma delícia, coisinha linda e iluminada de Deus, principalmente se for acompanhado por um caldo de cana com limão, suco de laranja ou refri de garrafinha, conhecido como caçulinha, na minha cidade é o  Esportivo, que é muitoooo bom!!!!Ohhhhh Santa Bárbara queridaaaaaaa!!!

Voltando, chego no terminal, e pego 134, ou 333 ou 331, esses param num ponto de ônibus bem próximo de onde eu trabalho, sendo que em agosto, vai ser quase em frente, pois a churrascaria Coxilha dos Pampas vai sumir dali e nós vamos expandir. Então, onde quero chegar com os pastéis?É muito simples. Eu tomo banho, eu me arrumo, fico cheirosa. Aí entra no ônibus uma maldita pessoa enviada pelo demônio, comendo pastel, 08h00 da manhã…e eu, a estas horas, estou azul de fome. E o cheiro de pastel é algo muito bom, soberbo, excitante, do ponto de vista alimentar(eu não quero nenhum corpinho nu banhado num oléo de pastel…). O problema disso tudo, é que todo o seu investimento para ficar agradavelmente perfumada, vai por água abaixo. A lei de Murph me persegue, e as pessoas pastelentas sentam DO MEU LADO, ou seja…eu fico cheirando pastel!!!!!

Ana, que perfume você passou hoje????

Hoje eu estou usando o “Pastelon de Carné”, é francês, da marca L’entraîneur Baron Gérard…

Resumindo…o cheiro de pastel impregna sua roupa, seu cabelo, sua pele e você fica passando vontade o dia inteiro!#CHATEADA COM ISSO TUDO!

Prefiro Frango com Catupiry ou calabresa…

5 – Heath Ledger

O Joker era a única pessoa deste mundo que ficava muito bonito sem maquiagem!Se é que vocês me entendem…

Se tem um homem que eu perderia as estribeiras, que eu entraria em estado de graça, este é Heath Ledger(o outro é o Ewan Mcgregor). E nesta semana eu entrei em um cômico estado de ebulição. Estava eu lá, no hemocentro do hospital Vera Cruz, em Campinas. Faz tempo que eu não doo sangue, então como tenho hora-extra bagaralho, resolvi fazer uma boa ação. Eu deveria ter chegado cedo, o hemocentro estava cheio, então tive que esperar alguém terminar a doação. Sentei lá na salinha de espera e fiquei lendo “Os homens que não amavam as mulheres”. Eis que de repente a porta se abre e um cheiro muito bom de perfume masculino(estou chutando que seja o “Quasar” azul, da Boticário) entra na sala. Disfarçadamente eu levanto os olhos do livro e…NOSSA SENHORA DA BATATINHA PODRE EM CONSERVA…NOSSA SENHORA DOS OVINHOS COLORIDOS EM CONSERVA DO BUTECO DA ESQUINA!!!O ser era a cara d Heath Ledger…sem tirar nem por.

Entrei em estado de graça…
You’re just too good to be true…can’t take my eyes of you!

Eis que meus hormônios chegaram no pico do Everest. Então eu dei um sorriso sem graça, porque o filho da manhã disse “Bom dia” e eu acredito que o meu riso ficou largo igual a cicatriz do Coringa quando eu vi tamanha belezura australiana(Heath Ledger era australiano). Ele pegou uma revista e sentou do meu lado. Deu uma folheada na revista e eu lá, quietinha com os olhos nas páginas do livro(nessa altura do campeonato eu nem sabia mais o que eu estava lendo ali…). De repente: “Gosta de ler?O que está lendo aí?”, então eu sorri e mostrei a capa do livro, “Eu tenho os três, adoro esse livro!”, “Stieg Larsson escreve muito bem!Você está gostando?”

Sim…adoro ler…adoro…

Depois que o ser iluminado me disse isso, eu me senti como uma adolescente besta, fechei o livro e começamos a falar a respeito, E AINDA PERGUNTOU SE EU ESTAVA ATRAPALHANDO A LEITURA!Eu disse que não, óbvio. Então ele disse que tem a trilogia em filme, de um diretor sueco, que ele aconselhava eu assistir. E falamos sobre Lisbeth Salander,  e ele então construiu uma visão brutal da personagem, e disse me perguntou se eu também tinha vontade de conhecer a Suécia ao ler o livro. E não foi só isso, falamos sobre a vida, o universo e tudo mais. Ele está fazendo mestrado em letras e vai para portugal dentro de 2 meses e depois para a Alemanha. E então eu perguntei se ele sempre doava sangue. Aí ele disse que era a primeira vez, pois o NAMORADO dele…isso…isso mesmo caros colegas…sofreu um acidente e o sangue dele era compatível. Ele estava internado no hospital Vera Cruz e a cirurgia seria nesta próxima segunda, e muito provavelmente ele precisaria de sangue, mas disse que estava fora de risco, não precisaria de muito. E então ele pegou o celular ( um Samsung S3) e começou a mostrar as fotos dele com o namorado(uma delas em Amsterdam, na Holanda). E pasmem…o namorado dele era lindo também, mas ao contrário dele, tinha um “q” que gostava da coisa. Então ele foi chamado para a triagem e me desejou boas leituras e boa sorte na vida. E finalizou que me achou muito bonita. E eu fiquei o dia inteiro me perguntando se por um acaso eu joguei saquinhos com urina na cruz, porque Jesus Amado…o que eu fiz de errado?

Eu, por dentro fiquei exatamente deste jeito quando ele mostrou ele e o namorado pelas ruas de Amsterdam…

E foi assim. Voltei para o trabalho #CHATEADA, contei a história para os miguxos e vou resumir numa imagem já repetida neste post, sobre o que eles acharam disto tudo:

Hahahahahhahahahahaha!Se fodeu!!!!!Fuuuuuuuuuu!

Como meu amigo Brunão diz, homem que é homem chega na mina coçando o saco e diz: “E aí mina, tamo aí nessas carne?”. Homem que chega e diz que gosta de ler, escreve, curte música de qualidade e não quer somente teu corpinho nu banhado no óleo de dendê, segundo ele, é apenas seu amiguinho gay, que vai fazer francesinha na sua unha aos finais de semana. o.O

E para encerrar esse abençoado e enorme post, vai a música cuja refrão eu fiquei na cabeça a semana toda e que deu parte do título desse post. Eu digo, esse mundo é ordinário, mas eu amo infinitamente tudo isso. Coloquei os outros vídeos inspiração também. C’est fini! C’est la vie !

Física Bêbada e castelo de cartas.

Num pub estranho num sonho do cochilo vespertino,

Cartas de baralho sendo dispostas em forma de um castelo,

Enquanto a Garota lambe as pontas dos dedos para separar as cartas,

Ao seu redor inúmeros personagens há garrafas e rostos embriagados.

Isaac chega com sua maçã dentro de um vidro com formol,

[Segurando um taco de bilhar]

Ele o carrega preso às suas calças de linho, impecáveis e desnecessárias,

Toma o seu litro de conhaque, provando a sua teoria da gravidade,

Ao Cair no chão, seu vidro com formol estoura, sua maçã rola pelo chão,

Numa mesa cheia de garrafas, Stephen, ri alto, na sua cadeira de rodas motorizada,

-“ HA…HA..HA…Isso foi engraçado…HA HA HA…” – diz o computador

– Cala sua boca filho da puta, você ocupa meu lugar em Cambridge!Me ajude a levantar!

– Sarcasmo? – diz Schrödinger, batendo as mãos na mesa e virando mais uma tequila.

– En-gra-ça-do…Mui-to en-gra-ça-do! – diz Stephen em tom de raiva.

– Eu te ajudo Isaac,  diz Schrödinger,

[“desde que me arrume mais um gato”]

[ “E uma caixa de aço hermeticamente isolada”]

– Schrödinger e mais um de suas idéias malucas. Não tem medo daquelas associações?

[Protetoras de Animais?] – diz Isaac

-“Protetores de animais?Eles me amam!E é tudo por amor a ciência!Preciso de mais tequila”

-“CRU-EL, CRU-EL” – Stephen sussurra triste…

– “E eu de mais conhaque…e formol para minha pobre maçã…Oh Jesus!Cadê minha peruca!!!”

– “Dê graças a Deus, sua peruca era…arghhhhhh…” – Schrödinger desmaia num coma alcóolico…

-“Ri-dí-cu-la…pa-re-cia um…poo-dle, HA-HA-HA” –  Stephen ri alto…através de seu computador,

No pesadelo alcoólico de Schrödinger, ele sonha com a Incerteza de Heisenberg…

[Mas sua incerteza é sempre errada]

[Pois o gato tem sete vidas…]

[E ele rasteja com pelos eriçados…no seu corpo]

Mas ele está Caído no chão, com a cara machucada e fedendo a tequila de 10 reais,

Isaac: – Estou muito bêbado…

Isaac: [ sem Força alguma para ficar em pé, nem minhas 3 leis funcionam agora!]

Isaac: Estou bêbado demais, e está tocando… Disco Queen!

Stephen: [“TEN-SO…TEN-SO…FES-TA ES-TRA-NHA…”]

[“com gen-te es-qui-si-ta”]

Isaac: “Eu não estou legal…”

Isaac: Oh God…olha lá quem tá dançando, com uma garrafa de gim na mão…

[Disco Queen, Let’s Disco…Disco Queen]

E lá na pista de dança, dançando como um pêndulo, em todas as direções,

Estava Jean Bernard Léon Foucault…

Isaac: [A experiência dele está deixando ele maluco…vamos embora Stephen!]

– Esta festa parece uma viagem de ácido, diz Isaac

– Sin-gu-la-ri-da-de…diz Stephen,

– Sim, tudo o que acontece aqui parece contrariar as leis da física!Como o colapso de uma estrela…

Isaac acorda Schrödinger, chutando-lhe o traseiro…

[“Baby, you’re just what I need…You purr when I make you bleed”]

[Gatos…não…não…sai daqui pelo amor de Deus!] – grita Schrödinger

[Já me arranhou o suficiente… Chega… Chega…Desisto]

[- Schrödinger,é apenas uma música feliz-deprimente…Vamos pra casa todos nós,
Tomar um banho frio e tomar uma coca-cola] – diz Isaac

Schrödinger: -Isaac…Esquece aquilo OK?

Isaac: Aquilo o quê?

Schrödinger: -Gatos…não preciso mais de gatos…nem caixas…nem pote de veneno…OK?

– O-lha…o-lha os Spins…Na-que-le Cas-te-lo…De car-tas, de ba-ra-lho – diz Stephen,

Schrödinger: -“Esquece Gostosão!…ela não leu seu livro!Por mais ilustrado que seja!”

Isaac: “Vixe…aí vêm o Jean Bernard…”

Schrödinger: “O cara se acha o Disco Man…Você quer cara ou coroa que aí vêm merda?”

“Stephen, fique aí cara, pedi uma música pra você!!!” – diz Focault,

“Le-gal!ha-ha-ha” – diz Stephen,

[“For millions of years mankind lived just like animals

Then something happened which unleashed the power of our imagination

We learned to talk”]

Isaac: [Maldito Heisenberg, Maldito David Gilmour…agora temos a incerteza de ir embora daqui cedo…]

Schrödinger: “O que faremos?Vamos olhar o castelo de cartas…Há vários bêbados como nós em volta…”

E o castelo de cartas fica cada vez mais alto, a Garota está concentrada,

No seu castelo de cartas e no Garoto sentado na meia luz,

Ele tem os olhos tão perdidos, está branco feito cera,

Ela o observa pelos vãos de seu castelo de carta, ele parece um rei,

Mesmo com seu galão de plástico, cheio de vinho causador de enxaqueca,

[Procedência duvidosa – ela pensa rindo]

[Eu não me importo!Eu não me importo]

[Hey garoto, me dê um gole desse vinho!]

[Vamos nos embebedar juntos, não precisa de outra taça!]

[Vamos beber na mesma taça, simples assim!]

[“Lilac wine is sweet and heady, where’s my love?”]

[“Lilac wine I feel unsteady, where’s my love?”]