Este texto é a coisa mais imoral que eu já escrevi. Eu sou humana, fraca, eu tento resistir à tentação, mas ela é mais forte do eu. Eu não sou um eco de ninguém, apenas permito-me escrever um fluxo de pensamentos, um fluxo de coisas que fazem parte da minha tão simples vida. Sim , eu escrevo sobre a vida, eu adoro metáforas, eu acho a sutileza algo extremamente elegante. Eu demorei muito para escrever essa metáfora sobre o Sol e a Lua, entre outras coisas da Terra, eu terminei de escrevê-lo eram três horas da manhã. Fiquei por minutos, pensando se valia a pena publicá-lo ou não. Publiquei primeiramente no meu outro blog, que um grupo de escritores e ilustradores. E por que, você se pergunta, que eu fiquei por tempos pensando se publicava ou não? Porque este texto pode ser considerado muito, mas muito, absurdamente imoral. Mas este texto tem alma própria, é bonito, sensível, e se eu pensei em alguém pra escrever isso, não é porque não tenho idéias próprias, mas a partir do momento que algo entra em nossas vidas a ponto de refletirmos sobre nossas atitudes, razões, emoções, que nos traz um sorriso mais largo, enfim, não creio que seja imoral. Pode ser um tentação irresistível, claro, pode mesmo, e o que nos resta, como seres humanos, é quando não podemos vencer nossas convicções, nos entregamos ao pecado. E teria outro jeito? Renunciar, talvez, eu sou teimosa, odeio renúncias, sou uma eterna errante, eu não nego e não renúncio, eu luto até o fim. Não sou de renunciar sentimentos, já machuquei-me muito por ser assim, mas creio que tudo nesta vida vale a pena, tudo nós levamos como uma lição, e não devemos deixar de correr riscos. Sigo por aí, traindo minhas convicções, pecando, mas não deixo de ser única, ter virtudes reais, sentimentos intensos, ideias e pensamentos que voam como uma folha na fúria de um vento. Se deixo-me inspirar, é porque permito-me olhar o que há de Belo nesta vida, e eu não falo só de lindos olhos azuis e um sorriso. Existem muitas coisas além disso, muitas coisas além do que os nossos olhos enxergam. Somente a Beleza não me basta, é preciso que toque meu coração e que me tire completamente da toca. São bem poucos, não passa nem de uma mão, se eu contar nos dedos, as pessoas que me fizeram crer que nem tudo está perdido. Sou uma eterna errante, tal como Dom Quixote, estou sempre em busca de causas perdidas.
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Este texto que vem logo abaixo é um conceito. Deve ser lido como uma fantasia, um sonho, uma metáfora. O Sol, a Lua, como dois apaixonados, trocando mensagens entre si. Quem sabe, você, querido (a) leitor (a), leia este texto pensando na pessoa amada, mesmo que ele (a) não esteja anos luz de distância, mas sempre, ao amanhecer, no pôr do sol ou numa noite de lua cheia, quando olhar para o céu, é o sorriso desconcertante do ser amado que lhe surge na memória. O amanhecer e os primeiros raios da manhã que nos aquece, o entardecer e os raios alaranjados do Soberano Sol, a Lua com suas fases…Todas esses fatores “astronômicos”, influenciam não só o movimento das marés do oceano, mas também os sentimentos e pensamentos dos homens e mulheres na Terra. Já dizia Lord Henry, em “O Retrato de Dorian Gray”, livro de Oscar Wilde:
– Não existe boa influência – respondeu Lord Henry. – Toda influência é imoral – imoral do ponto de vista científico -, porque influenciar uma pessoa é dar-lhe sua própria alma. Ela já não pensa com seus próprios pensamentos nem sente suas próprias paixões. Suas virtudes não são reais para ela. Seus pecados, se existem tais coisas, são emprestados. Torna-se um eco da música de outra pessoa. O objetivo da vida é o autodesenvolvimento. Cumprir a própria natureza perfeitamente – essa é a razão por que estamos aqui. As pessoas têm medo de si mesmas, hoje em dia. Esqueceram-se de seu principal dever. Claro que são caridosas: alimentam os famintos, vestem os mendigos. Mas suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. O terror da sociedade, que é a base da moral, e o terror de Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam. Mas eu acredito que se um homem vivesse sua vida completamente, desse forma a todo sentimento, expressão a todo pensamento, a realidade a cada sonho, acredito que o mundo ganharia um impulso novo de alegria. Mas o mais corajoso dos homens tem medo de si mesmo. Cada impulso que lutamos para estrangular aninha-se na mente e nos envenena. O corpo peca uma vez e não tem nada mais a ver com o pecado, pois a ação é um modo de purificação. Nada permanece, a não ser a lembrança de um prazer ou desgosto. A única maneira de se livrar de uma tentação é entregar-se a ela…
Quando o Sol ou a Lua não aparecem, é porque estão cansados de ser a inspiração e influência amorosa dos seres da Terra. Eles se entristecem de tal forma, que se escondem por trás de nuvens. Por vezes, a lua fica minguante, ela quer mostrar apenas uma parte da sua saudade, mas ela é amada mesmo assim. Nós, humanos, entregamos todas as nossas tentações e pecados embaixo do calor de uma estrela imponente, e fazemos declarações sob o Luar.
Espero que gostem, e que ao terminarem de ler este texto, pensem na pessoa amada, mandem uma mensagem dizendo “Eu te amo”, ou dizer que está com saudades, e agradeça, de alguma forma, por essa pessoa ter surgido em sua vida e iluminado seu sorriso e razão de viver. E se você, querido (a) leitor (a), que ama alguém, e a pessoa não saiba disso, meu amigo (a), eu digo-lhe que a vida é muito curta para não tentar. Não se vive sem correr riscos, lembrem-se disso. Obrigada e boa leitura!
Prólogo.
– No começo existia apenas a escuridão. Então surgiu o sol, seu nome é Guaraci. Um dia ele ficou muito cansado e precisou dormir. Quando Guaraci fechou os olhos, tudo escureceu. Então, para iluminar a escuridão deixada por ele, enquanto ele fechava os olhos por longo período de tempo, ele criou a lua, e lhe deu Jaci, de alcunha. Ele Guaraci, criou uma Lua tão bonita que imediatamente apaixonou-se por ela. Encantou-se de uma forma tão intensa, que o seu brilho a ofuscava, como se ela estivesse assustada perante tal intensidade de seus raios de sol. Ela, Jaci, era uma menina desajeitada perante o brilho inebriante do Sol, e este, um menino desajeitado perante a intensidade da Lua. A Lua desaparecia tímida, quando o Sol aparecia. Guaraci criou, então, o Amor, deu-lhe o nome de Rudá, e este era seu porta-voz. O Amor até então, a única coisa que ele conhecia, era a Luz ou as Trevas. Não importando as estações do ano, a passagem do tempo, o momento, não importava nada… Rudá sempre podia dizer a Jaci o quanto Guaraci, o rei soberano, era apaixonado por ela. Vendo que a Lua estava sempre sozinha, Guaraci criou também companheiras para ela. Deu-lhe o nome de Estrelas, elas tornaram-se então, suas irmãs. O rei soberano, enquanto dormia, não queria que sua amada ficasse sozinha. Os dois se amavam, apesar de toda distância. Guaraci ama tanto a Jaci, que lhe deu seu brilho e calor enquanto dormia.
De tempos em tempos, os amantes se tocam… E quando eles transformam-se em seres únicos, mesmo na efemeridade deste encontro, visto à unidade de tempo do nosso universo, o Amor, a maneira de como um toca o outro, se torna única. E foi assim, segundo os indígenas, que tudo o que existe quando olhamos o céu, é fruto do Amor de Guaraci e Jaci.
Cartas ao meu Rei Soberano
Esta noite eu me lembrei de você. Não sei por que exatamente escrevo-lhe “Esta noite”, pois você sabe que todas as noites, aqui no nosso céu, você sabe que eu penso em você e que eu posso sentir seus raios me aquecendo mesmo em noites de inverno, mesmo quando as nuvens me encobrem, quando eu me sinto cansada da contemplação dos seres humanos, quando o uivo dos lobos, e o miado dos gatos que namoram nos telhados ou em árvores, enfim, estes sons me enlouquecem e por momentos, meu Amor, eu quero ficar surda. Quero apenas que me toque, e que me aqueça ainda mais. Quero que olhem nosso Amor, e fiquem todos cegos. Alguns humanos, eu percebi, ficam acanhados perante um casal que se ama, os que estão solitários, olham pra mim e me pedem uma paixão, um Amor, alguns, sofrem, platonicamente, e me pedem que lhe trague o ser amado ao qual amam à distância. Eu posso ver o amor platônico deles rolando numa cama iluminada pela minha luz, mas nesta Terra, os humanos acreditam em algo que eles chamam de Esperança. Eu também, todas as noites, eu tenho algo bem semelhante a este sentimento dos terráqueos, seria também, Esperança? Amor, meu rei soberano, queria que o Universo adiantasse nosso encontro. Eu sinto muitas saudades, mesmo você deixando em mim todo o teu calor, eu sinto uma saudade extrema do momento efêmero de deitar-me em teu peito.
Esta noite, quando olhei lá embaixo, num bairro de subúrbio qualquer, eu encontrei uma flor chamada Girassol, dizem por aí que ele é UM flor, e não UMA flor. Ele é lindo, imponente, de uma beleza que o nosso amigo Tempo me contou que é como um verbo que não se conjuga. Alguns humanos se calam perante a Beleza do Girassol, outros dizem, o quanto é belo, tão belo quanto tu. Outros humanos, dizem que seus amados possuem a mesma beleza e sentimentos do Girassol. Um lobo me contou, que o Girassol, em dias chuvosos, murcha e coloca-se a olhar para os pés, tímido, como se estivesse acuado, ou se a chuva trouxesse a ele todos os tons de cinza que ela carrega. Ele, Girassol, agradece pelas gotas de chuva que caem aos pés, se sente pleno com a água escorrendo nas pétalas, mas ele sente falta do teu brilho, sente falta do teu calor aquecendo-lhe as pétalas. Quando você o aquece e ilumina, ele fica altivo e contente.
O lobo contou-me também, que o Girassol também gosta do silêncio. Ele pede para aqueles que pousam em seu ombro, que respeitem seu Silêncio. O Girassol é de poucas palavras, o Silêncio que ele carrega, é como um belo poema. O Girassol se fosse um ser humano, como os homens que caminham na Terra, ele amaria com olhos.
Alguns pássaros pousam nele e comem as sementes que saltam de seu miolo. E ele não esbraveja, sente-se feliz, e um dia, ele finalmente morre. Mas alguns pássaros, distraídos, deixam algumas sementes caírem ao chão. Depois de alguns dias de chuva, outros dias iluminados com tua Força, Beleza e Calor, outro Girassol surge, mas, todos os Girassóis, me disse o Lobo, ficam extasiantes diante de ti. Eu confesso meu Amor, eu senti uma ponta de ciúme desta flor, pois ela está lá, sempre lhe contemplando, isso me perturba um pouco, pois sou eu, a sua Dama, aquela que lhe espera, sempre nova, para poder me aconchegar-me no teu peito, encher-lhe de beijos, e sussurrar meu êxtase nos teus ouvidos. Mas eu percebo, que da mesma maneira que aparentemente o Girassol lhe contempla, ele também me observa nas noites de minha estação nova ou cheia. Ele me olha, nos olhos, parece que quer me dizer algo, mas não consegue. É como se o Silêncio que ele carrega timidamente, fosse uma forma de aplauso. A Beleza do Girassol me deixa extasiada, por lembrar tanto você, as pétalas do Girassol, lembram-me teus raios, que me envolvem naquele momento que eu tão espero.
Eu te amo meu Amor, eu sei que já lhe escrevi isso, durante toda a nossa existência. As nuvens me dizem que você também sente saudades, que quando fecha os seus olhos e eu abro os meus, é comigo com quem sonha. Peço-lhe meu querido, toda a calma do universo. Eu, sempre mais expressiva, talvez porque os humanos, uma espécie de humano que eles chamam de “Poetas”, dizem que eu tenho alma feminina, que sou como as mulheres na Terra, porque elas, assim como eu, são cheias de fases, mas todas elas querem um abraço, o calor de um homem, que neste caso, dizem por aí, estes mesmos “Poetas”, que você, meu Sol soberano, é como o Homem, pois é de poucas palavras. Você gosta do Silêncio, eu sou verborrágica. Rudá entrega-lhe minhas mensagens em muitas linhas, você é tão calado que sinceramente eu lhe digo que teu silêncio por vezes me corrói. Eu me preocupo contigo, eu sei que estás aí, brilhando alto e imponente, que às vezes, como o Girassol, se esconde encolhendo-se em dias de chuva. Mas você não é sempre assim. Uma coruja buraqueira contou-me, que um dia, estava chovendo, e ela estava tomando um banho no toco de uma cerca na beira da estrada. E você apareceu, no meio da chuva, e fez uma coisa que os humanos chamam de arco-íris. Mas, ela disse-me que você chora toda vez que faz isso, ao entardecer. E você, em seu silêncio, nunca me contou.
Enfim, saiba meu Amado, que enquanto você estiver vivo, radiando seu calor, em Silêncio, eu sei que está por perto, pois eu sinto teu calor toda vez que eu acordo, e ele me lembra do dia em que eu me deitei em teu peito. Fique bem, pois aonde quer que esteja o meu pensamento eu levo junto a ti.
Cartas do Rei Soberano para sua Rainha.
Olá, tudo bem? Andei muito ocupado. Alguns humanos estão construindo centros que captam minha energia. Chamam isso de Energia Solar, inserido num contexto que eles chamam de sustentabilidade. Eles me sufocam, e eu também os sufoco com o meu calor. Mas eles estão me sufocando tanto, que qualquer hora vai ter daquelas minhas tempestades solares. Ando muito cansado. Desculpa se eu não falo muito contigo. Sabes tu que eu gosto do silêncio, eu não tenho toda a sua intensidade, entenda, este é o meu jeito de ser.
Eu tenho uma surpresa pra você, estive conversando com tal de Deus, e ele me disse que há muito tempo atrás, ele criou uma espécie de flor que se assemelha a mim. O nome dela é Girassol, ele tem minhas cores, é calado. Tu já deves ter olhado para ele, e se sentido estranha alguma vez. Deus me confessou que fez à minha imagem e semelhança, algo que os humanos chamam de metáfora. Conhece essa palavra?Achei-a bem bonita, ME-TÁ-FO-RA, lindo não é? Deus disse que esta flor, fica imponente com meus raios, e quando eu vou dormir, este tal de Girassol fica na terra, e quando você aparece, ele contempla-lhe, e de uma maneira simbólica, “metaforicamente” falando, aquela flor ali, sou eu olhando pra ti. Deus é tão sacana, depois de bilhares de anos, ele foi-me contar isso só agora. Aquele Girassol é um mimo pra você, se você o olhar, e amá-lo, é a mim que está contemplando. Quando eu acordo, o Girassol sempre me fala que você estava linda, com suas manchinhas. Desculpe-me falar disso só agora, eu ando meio esquecido. Eu sempre esqueço as coisas, esses dias eu esqueci um dos meus neutrinos no espaço, achei até que havia esquecido, porém, desta vez eu encontrei.
Esses dias foram chuvosos, eu não apareci no céu, mas tentei pela bilionésima vez deixar um presente pra ti. Eu sou teimoso, eu sei que talvez não vá dar certo nunca, mas eu não desisto. Um dia você vai acordar, e a noite irá nascer duas vezes pra ti. Quando chove, eu saio timidamente da minha toca, e tento criar junto com minha amiga Chuva, um arco de sete cores. Você me disse que gosta de cores, e eu vejo sua alma assim, cheia de cores, nuances. Mas eu fico triste, pois esse arco é efêmero, quando chega o entardecer, ele some. Se você pudesse ver a Beleza dele, se encantaria. Eu sei, eu já lhe disse que a influência é imoral, mas se você pudesse ver o arco-íris, seria tão lindo. Estarei eu traindo a minha convicção?Eu acredito que não poderia ser melhor, mas eu confesso, eu sou como o Homem lá na Terra. Dizem os humanos, que o homem perante do que é belo e caótico, sente-se como um menino desajeitado. Eu não lhe prometo a mesma intensidade verborrágica, não tenho a mesma coragem que tu. Meus instantes, talvez sejam mal traduzidos, mas é minha forma de ser. Peço que releve isso. Boa noite querida.
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