Não, eu não uso nenhum tipo de droga para escrever as verdades, as bobagens, meu Amor, minha devoção, minha fúria. O máximo que eu cheguei a fazer foi tomar uma garrafa de vinho sozinha e escrever um poema safadinho ao qual eu não me lembrava no dia seguinte. Acordei ao lado do notebook, com ressaca, deitada na diagonal, com a roupa no corpo. Mas gostei do que estava ali. Não editei pra ficar bonitinho, afinal estava bêbada!
Quem quiser ler, o poema bebum está aqui: Drunk Poem
2 – Erotique
Esta noite queria poder lhe beijar de corpo inteiro,
Queria tocar teu corpo como um piano numa sala de jazz,
Pediria para que me devorasse inteira sem pudores,
Olharia em teus olhos e lhe pediria que rasgasse minhas roupas,
E que tirasse minhas meias 7/8 com os dentes…
3 – Brincadeira de criança
Quando criança, tinha poucos amigos. Era daquelas crianças sozinhas, que se divertiam criando histórias e situações em livros que minha mãe me dava. E eu subia no telhado, escondido, e então eu passei a observar a vida de cima, e então eu pude ver pela primeira vez em minha vida, que a maioria das pessoas andam cabisbaixas com seus problemas e medos, e que nenhuma delas contempla a beleza das pequenas coisas. A vida vista de cima, apesar de tudo, era mais bonita, e me dava a compreensão necessária que eu com meus 8 anos de idade na época, eram completamente capazes de entender. E eu assimilava aquilo apenas como o quão chato poderia ser o mundo das pessoas adultas.
4 – Insônia
Neste ano minha insônia piorou. Minha hiperatividade mental tomou proporções quase desastrosas. Cinco dias seguidos sem dormir, uma injeção de diazepam no hospital me fez dormir. Minha mãe me acordou para jantar. Eu acordei meio desnorteada e sem saber onde realmente estava. Comi o jantar numa loucura misturada com sonhos vívidos. Voltei a dormir e só acordei no outro dia, ainda dopada, mas com o corpo descansado. E mais uma vez, chego eu num consultório confortável para tratar de minha ansiedade, insônia e hiperatividade. Mais um ano de Fluoxetina, para tirar a ansiedade e Rivotril para fazer dormir. Se eu bebesse uma garrafa de vinho todos os dias antes de dormir, eu dormiria igual um anjo, mas isso se dá um outro nome: alcoolismo. Prefiro ficar com o Rivotril…
5 – Banho na penumbra
Era de madrugada, depois de um tempo imersa numa boa leitura e estudando francês (estou tentando pelo menos, e estou gostando muito), resolvi tomar um outro banho para dormir em paz. Queria fazer alguma loucura, talvez tomar um banho com as luzes apagadas, acender um incenso e relaxar. No meu pequeno banheiro tem duas luzes, uma fluorescente bem forte e uma daquelas luzes amareladas, perto do espelho. Estava cansada, tomei minhas pílulas de dormir, resolvi tomar um banho na penumbra, com apenas uma luz amarelada de fundo. Acendi um incenso de sândalo e tomei um banho relaxante. Creme hidratante no corpo todo, um camisetão e fui dormir, em paz, com algumas gotas de meu perfume favorito atrás do pescoço. Era este cheiro que eu queria que você sentisse, mas eu dormi sozinha mais uma noite. Seria legal nossos corpos nus entrelaçados embaixo do chuveiro, água morna e meia luz…
6 – Prazer, meu nome é Desejo
Prazer, meu nome é Desejo, tu me conheces?
Porque eu sei que eu lhe conheço de algum lugar.
Eu já passei por aqui antes, você se lembra do meu rosto?
Já estive nesse velho teatro, nesta velha igreja, estive te observando,
Você já me procurou pelas noites, quando estavas sozinho,
Naquelas noites de luzes amareladas, ruas vazias,
E o seu coração tocava uma balada tão triste, seus olhos perdidos,
Tinham o brilho e a intensidade um milhão de estrelas.
Essa tua vida tão solitária, você têm amigos, mas se sente bem?
Existe algo que lhe completa, algo que você ama acima de tudo?
Você me conhece, prazer eu sou o Desejo, e eu sei que estou,
Escondido, você me ignora, eu conheço teu Orgulho, tão soberano,
Um dia ele me contou, um segredo teu, você quer saber o que é?
Meu nome é Desejo e só lhe conto se você estender as suas mãos,
E dançar comigo a noite inteira, em passos da canção que quiser,
Prazer, meu nome é Desejo, e neste teu corpo estarei presente,
Sua mente o tempo todo me nega, mas você sabe, estou te observando…
7 – Frase do dia: ainda vou escrever sobre isso…
“Inventamos amores procurando O amor. Amargamos tristezas pra achar a felicidade perpétua.
8 – Este ano liguei o botão foda-se
Eu fiz, na virada do ano, dentro dos conformes. Coloquei uma calcinha nova vermelha, comi três sementes de romã quando deu meia noite, comi outras três hoje, dia 06 de janeiro, dia de reis, enchi a cara e desci na beira de um rio e pedi para a lua e as estrelas que eu tenha um anoa mais tranquilo, uma vida mais calma, pois afinal, mais da metade dos meus problemas eu consegui resolver. E um muso inspirador que valha a pena.
Escale pra cima do topo
Procure o estado da alma
você tem que achar por si mesmo
se está mesmo tentando de verdade
Porque não tentar
Liberte-se, tome controle
E inevitavelmente vai
achar por si mesmo todas as forças
que tem dentro de você
Eu poderia contar-lhe várias histórias e estórias,
Eu poderia murmurar uma canção ao pé do ouvido,
Eu poderia simplesmente olhar você dormir,
Eu poderia pensar em um milhão de coisas sujas,
Ao ver teus lábios movendo enquanto fala comigo.
E essa tristeza toda que não me deixa em paz,
Eu poderia fazer-lhe algo para lhe deixar mais feliz?
Eu posso contar-lhe uma piada sem graça,
Ou um fato engraçado que ocorreu na minha infância,
Eu posso contar-lhe que quando eu era criança,
Eu subia escondido no telhado com saquinho de pipoca
“A vida vista de cima”, é tão emocionante meu bem…
Eu poderia contar-lhe, que eu falo sozinha,
Quando eu erro, eu me xingo e sinto-me ofendida,
Eu poderia dizer-lhe que acredito em extraterrestres,
E eu lhe diria que eles são seres bonitos e sensuais,
E então eu diria que você é um deles, e minhas bochechas,
Ahh…minhas bochechas ficariam vermelhas, e você então riria,
E esse teu riso me encheria de felicidade.
E eu poderia dizer-lhe, que minhas ultimas madrugadas,
Noites quentes repletas de insônia, meu contentamento
É ver-te feliz, chegando assim, de mansinho,
Dizem por aí que as melhores coisas desta vida,
Chegam de repente, do nada, sem aviso,
Você aterrissou de para-quedas, e desde então,
Minhas madrugadas insones estão mais alegres,
E no fim da noite vou dormir com um sorriso no rosto.
Fique bem consigo mesmo meu amigo, seja feliz!
A vida é difícil, eu sei, temos altos e baixos,
Minha mãe dizia que a vida é feito o desabrochar de uma flor,
A sua beleza está no auge de suas pétalas abertas e bem nítidas.
As flores murcham, caem, mas depois nascem novamente,
A tristeza é apenas uma fase, assim creio eu,
Portanto, sua alegria estará de volta, e eu anseio por isso,
Aqui, de longe, estou bem perto de ti, e o meu carinho,
Chega-lhe devagarinho como um cafuné na cabeça.
“Preste atenção querida De cada amor tu herdarás só o cinismo Quando notares estás a beira do abismo Abismo que cavastes com teus pés.”
Eu me lembrei hoje, conversando com meu amigo, sobre músicas que nos revelam, ou que traduzem nossos sentimentos. Cartola gravou uma música, chamada “O mundo é um moinho”, divinamente regravada e interpretada por Ney Matogrosso, e eu digo que esta música me traz uma lembrança dos tempos de adolescência. Minha mãe sempre disse que é necessário não alimentarmos ilusões nessa nossa vida tão breve. Ela tentou me ensinar a usar a razão ao invés da emoção, pois as emoções sempre, por mais que elas sejam mais intensas, esse nosso sadismo inexplicável de alimentarmos falsas expectativas, alimentarmos nossas ilusões como se déssemos leitinho para o gato lindo e fofo que fica miando na sua porta de madrugada. Nossos sonhos não são como gatinhos fofinhos. Para alcançá-los temos que batalhar, desde que tenha fundamento, e a nossa tendência é fantasiar. Simplesmente fantasiar, alimentar expectativas que só vão nos fazer sofrer depois. Eu me lembro, que um dia, nos meus tempos de aborrescência, peguei uma folha de sulfite, e escrevi em letras grandes e de caixas altas: “NÃO TENHA ILUSÕES”. Peguei uma fita adesiva e colei o bendito sulfite atrás da porta do meu quarto. Isso então, se transformou em um ritual. Eu acordava e via o papel com aquelas letras enormes e propositalmente legíveis(matei aula nos dias de caderno de caligrafia), eu lia e relia o “NÃO TENHA ILUSÕES”, e então eu saia de casa com essa ideia na cabeça. Confesso a vocês que isso nunca funcionou, se funcionar com você, que me lê, escreva nos comentários, porque eu queria muito uma solução milagrosa e funcional, ao contrário do que as revistas de mulherzinhas, presentes em qualquer tipo de salão de beleza prega, de uma maneira geral, bem ridícula.
Tem uma imagem que circula por aí, que é o cérebro e o coração, lado a lado, tentando se equilibrar num meio-fio. Isso é uma linha tênue que todos nós, durante a vida toda, fracassamos ao tentar ter esse equilíbrio, e muitas vezes queremos jogar fora o coração e centralizar nosso peso nesse órgão que carregamos dentro de nossos crânios, e que infelizmente é muito mal utilizado em todos os aspectos em várias pessoas. Quantas vezes eu pensei, que o meu coração deveria apenas bombear sangue para o meu corpo?Inúmeras e inúmeras vezes eu já me vi e me vejo, constantemente, olhando para o meu peito e gritando, “maldito e belo coração desenfreado filho de uma puta”. Simples assim, nós alimentamos nossas ilusões, e depois quando nos sentimos machucados ou quando abrimos os olhos, caímos na real e ficamos feito idiotas nos culpando o tempo todo. Seria tão simples, se fossemos mais racionais do que emocionais. E eu me pergunto, se essa linha tênue tivesse apenas consistência na nossa razão, existiria o Amor romântico?Sim, estou falando de Amor, afinal, qual é o sentimento que mais nos faz sofrer nessa nossa vida tão bonita, mas em outras uma verdadeira vida de merda?Quem nunca deitou na cama, fechou os olhos e imaginou uma vida normal ao lado de alguém que você acredita que seja quase perfeito, e depois quando você realmente acorda pra vida e vê que tudo aquilo é uma merda, que você só fez merda, só tomou bem no meio do toba, arrumou pra cabeça, e o melhor de tudo, a faixa bem grande que área criativa e sagaz do seu cérebro, tão pouco usado nos momentos em que está alimentando o gatinho da ilusão: “Eu avisei”, “Você fez merda”, “Eu disse que não iria dar certo”, “Você foi impulsivo demais”, “Eu te falei que seria apenas sexo”, “Quem mandou você não escutar sua mãe?”, “Eu te disse que ele era gay” (essa deve ser muito triste), “Eu te avisei que você seria apenas “a outra”, “Eu te disse, você era apenas o alarme de incêndio” (expressão muito utilizada para os casos de “como só tem tu, no momento, serve você mesmo, ou seja, na falta de opção, a pessoa pega seu martelinho, e aciona, você, o (a) trouxa, para te chamar e apagar o fogo, simples assim). É sempre aquela coisa, “eu achava que”, “eu acreditava que”, “eu deveria”. O coração humano é frágil, é besta, acredita em tudo o que é dito pra ele. Ele se sente extremamente ameaçado perante situações de incertezas, falsas acusações, mágoas, desentendimento. Ele não chega em um consenso do “é assim, assim assado”, “2 + 2 são 4”, na linguagem do coração, o “é assim” se transforma sempre no “mas”, “mas, pode ser que”, “mas não deve ser isso”, “mas ele/ela gosta de mim, do jeito que eu sou”, “mas, ele, ela vai me ligar”. Quando vamos entender que nosso coração é cego, surdo e mudo?Muitas vezes eu imagino que devemos ter algum gene que sofreu uma mutação maligna e nos faz agirmos feito idiotas babões, alimentando nossos gatinhos chamado ilusões. Nossos atos impulsivos, sem-noção, irracionais, os nossos constantes “eu acho”, “mas pode ser”, “e se…”, é o prato de leite que oferecemos para nossas ilusões, que são nossos gatinhos fofos(tem gente que alimenta várias ilusões ao mesmo tempo, e tem algumas ilusões que não são gatos, mas sim, duendes… A minha ilusão tem um nome carinhoso de Frajola, pois é um gato preto e branco. E o pior, é que sempre, depois de uma cagada homérica e outras nem tanto, eu digo que, vou usar mais o meu cérebro. Ok. Eu usei, mas tempos depois está eu lá com o meu gato todo lindão e bem gordo, alimentado com leite de primeira, aqueles de garrafa, que vende em padocas a R$3,50 ou/e rações Wiskas cheias de frescura.
Nada de amor romântico, nada de paixão, na idade da pedra. O homem evoluiu ou só tende a sofrer ainda mais com o passar do tempo?
Porém, temos uma coisinha muito útil chamada tempo, que temos que agradecer que o cérebro resolve tomar um Sustagem, um Biotônico Fontoura, Farinha Láctea, depois de algumas mágoas e algumas provas de quanto somos imbecis, em muitos aspectos, e todos sabemos disso, apenas ignoramos nossas babações românticas e piegas, nosso cérebro aciona o alarme e dá uma porrada no coração. O que acontece?Sem mais a venda nos olhos, colocada “gentilmente like a gentleman”, por nosso coração traiçoeiro e troll, nós vimos que gastamos muitos recursos em vão para alimentar o gato que não nos dá nada em troca, só algumas arranhadas bem cortantes e em algumas pessoas, cicatrizes eternas, um sentimento, um coração desfigurado, só curado pela plástica infalível do tempo ou um bom, um ótimo terapeuta, ou se você for idiota o bastante, uma outra pessoa, utilizada como uma peça de lego ou de tetris. Você usa para preencher o espaço que o outro ou outra deixou vazio. Quando você vê um lego mais bonito ou um encaixe que julga ser mais “sensato” (sempre achamos nossas atitudes SENSATAS, não importando a hora do dia), você joga a pecinha fora e substituí, então a pecinha de Lego ou nova forma do Tetris acaba te oferendo uma outra dimensão, e então o que acontece?Nos apaixonamos por essa modelagem e partimos para o próximo estágio, que é o “ilusions again level 10 other dimension”.Pois é meus amigos, o ser humano é teimoso, e muitas vezes, quando leio algo do Flávio Gikovate, a respeito da individualidade e do egoísmo humano, aquela coisa de que todos, homens e mulheres estão concentrados naquilo que eles estão focados como planejamento de vida e tendem cada vez mais em pensar em si próprios, eu me pergunto, são as ilusões que estão deixando o homem(mulher) cada vez mais desacreditados, depois de alimentar o imenso e gordo gato chamado Ilusão, que sofre ou sofrerá, um dia, quem sabe?, um infarto, e você sem o gato Ilusão para alimentar, acaba focando mais naquela voz que te avisou o tempo todo, em faixas enormes, no meio do muro responsável em separar a razão da emoção: “NÃO TENHA ILUSÕES”.
“Ouça-me bem amor Preste atenção, o mundo é um moinho Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos Vai reduzir as ilusões à pó.”
Acordamos todos os dias pelas manhãs, com exceção dos domingos livres e dos sábados aos quais não temos que dar nos suores para colocar o bom e velho pão com manteiga, leite e café na mesa. E então fica aquela sensação majestosa e muitas vezes edificante de entrar embaixo do chuveiro para espantar o sono e pensar no que vai ser o dia de hoje. Enquanto a água escorre quentinha, um turbilhão de cenas e possibilidades, feedback de erros dos dias anteriores, tarefas a fazer, planejamento do final de semana, um amor que se foi, um amor que chegou, aquele amor que foi mas voltou…enfim, aquilo que nos move surge com o turbilhão de gotas tímidas ou furiosas dos orifícios de um chuveiro velho ou ducha potente. Somos todos diferentes, mas eu duvido que nenhum de nós tem os mesmos pensamentos num dia qualquer de manhã, afinal, queremos todos ser pessoas melhores, queremos todos que dias melhores cheguem como todas as manhãs. Dias melhores, pessoas melhores e dias menos nublados, e se forem dias nublados e tempestuosos, temos de nos lembrar o quanto o cheiro da chuva nos reconforta depois.
2 – Yellow Raven: válvulas de escape
Where do you go, fantastic dreambird?
Take me away to somewhere
Take me away from here!
Where do you go, fantastic dreambird?
Answer to my yearning
Take me away from here!
Este trecho trata-se de uma música dos Scorpions, mas que é muito melhor na voz do Daniel Gildenlow, do Pain of Salvation, que gravaram um cover maravilhoso e sensual. E vamos falar sobre o que essa música fala, que não é sobre corvos amarelos, literalmente. Eu acredito, na minha concepção, o corvo é uma fuga, uma válvula de escape. Todos nós gritamos, chamamos, clamamos, oramos por uma fuga. Queremos algo que nos leve bem longe dos momentos enfadonhos da vida. Aquela coisa, quando se está de saco cheio, quer fugir para uma ilha deserta, ou simplesmente dizer “foda-se” para alguém, ou, radicalmente dizendo “eu quero mais que você morra”. E eu ainda digo, que isso pode ser para uma pessoa, para a bagunça do quarto, para a chuva que não pára há uma semana. Todos nós queremos ter um corvo com olhos gentis…beijando os raios. Uma válvula de escape para ter uma vida mais leve.
3 – A lagarta
Ontem eu acordei de manhã quase rastejando. Sou uma pessoa que ama a madrugada, eu tenho uma relação de amor com a noite. Gosto mesmo, acho sexy, minha mente flui melhor quando o dia começa entardecer. Na verdade eu aprecio o dia como um todo, mas quando começa a chegar o entardecer tudo se transforma(não, não sou uma transformista na noite), mas algo acontece comigo, isso é realidade. Me sinto mais bonita à noite, é como se eu tomasse um banho de inspiração. Enfim, acordei de manhã, me arrastando para o chuveiro. Eu gosto disso, água. Gosto de tomar banho ou caminhar para colocar os pensamentos em orde. Depois de finalmente ter acordado, é hora de se arrumar para o trabalho. Levo em média 30 minutos, no total, coloco aí uns 45 minutos a 1 hora para me arrumar pra começar a vida. Antes de sair, passei na geladeira para pegar um suco de maçã e uma vitamina de maçã, banana e mamão, daquelas em caixinha. Ao dirigir-me para o portão, ao olhar para o chão, encontrei uma linda lagarta. Linda mesmo, preta, um preto bem brilhante, e ela tinha listras verde limão. Fiquei alguns minutos admirando a beleza dela, todas aquelas duas cores. E percebi que ela estava na direção do carro do vizinho que estava a sair. Minutos mais tarde ele iria sair com o carro e ele poderia passar por cima dela. Sendo assim, eu peguei ela e coloquei bem longe de onde o carro poderia passar. Eu peguei ela e ela se contorcia. Pude ver que suas patinhas eram de um tom amarelo-girassol. Coloquei ela em cima do muro, perto de umas plantinhas. Ela poderia comer todas aquelas plantinhas, mas ela era uma lagarta linda, e vai se transformar em borboleta. Eu adoro borboletas…
4 – No terminal Barão Geraldo
Estava com pressa, cansado, eram quase dez horas da noite, e estava voltando pra casa do trabalho. Peguei o 331 na estação do Tapetão, em frente da Medley. Todas as pessoas com suas caras cansadas. Havia uma moça com um livro, um rapaz dormindo com a boca aberta, uma outra mulher com olhos perdidos na janela. Eu estava lá, com meus inseparáveis fones de ouvido, ouvindo Active Child, para ter uma noite mais relax. O ônibus entrou no terminal, eu desci e já fui correndo para o segundo ônibus que finalmente me levaria para casa. Entrei no 326, Vila Independência, que me deixaria quase em frente de casa. O ônibus iria demorar 10 minutos para sair. Fiquei na janela, observando o movimento. Lá fora, chega um rapaz, de cabelos ondulados e docemente bagunçadas. Não era uma beleza comum, não era um rapaz que todas as mulheres torceriam o pescoço para olhar. Era uma beleza exótica, um magnetismo pessoal. Era daqueles tipos de pessoas que possuem algo no qual não conseguimos explicar, pois não é beleza, é simplesmente “alguma coisa”. Ele carregava uma mochila e um violão nas costas, e do nada deu um sorriso cativante. Do outro lado veio uma garota, de cabelos curtos, também levemente cacheados. Não era um mulherão, era uma mulher simples, daquelas que não se preocupam muito, descontraídas, uma beleza natural. Ela chegou devagar e deu um abraço e um beijo calmo e longo no gurizinho de beleza exótica. E então ficaram conversando no pé do ouvido. Ele era mais alto que ela, ela estava conversando com ele na pontinha dos pés. Ele ergueu ela e ela ficou de pé no banco do terminal. Agora ela ficou na mesma altura, rosto colado, olhos nos olhos. Era um casal incomum. Eu vejo muitos casais por aí, mas aquele casal não tinha uma beleza banal. Era um casal que chamava a atenção, pois seus gestos e simplicidade ao demonstrar o afeto, era diferente de todos os demais, era um amor sincero, simples, bonito aos olhos de todos que passavam. Um homem comum, e uma mulher simples.
5 – A relação com a cozinha
Eu sempre gostei de cozinhar. Hoje de madrugada, lá pelas 02h00 da manhã fui preparar algo para comer. Pensei então numa massa. Simples e prático. E quando eu puxei a tampa do fogão para cima, eu acabei de pensar que há tempos eu não fazia aquilo. Desde que eu comecei a morar sozinha, a minha atividade na cozinha diminuiu drasticamente. É chato cozinhar só pra si. A última vez que eu fiz isso, a comida ficou boa, mas não teve graça comer sozinha e ninguém opinar o que fez. É frustrante até!Fiquei 2 horas na cozinha para fazer uma carne na cerveja com ervas e batatas salteadas com nozes. Estava muito gostoso, mas a sensação horrível de comer todo esse requinte sozinha, é a ponto de quase sentar e chorar. Desde então, no meu armário e geladeira só existem coisas práticas. Pão, geléia, creamcheese, biscoito de gergelim(adoro!), cereal, iogurte, suco, Rap10, algum queijo fatiado e frutas. Para preparo, no máximo, macarrão. Quando vou pra casa de meus pais, a vontade de cozinhar volta, pois ali existem pessoas, há uma motivação para fazer aquilo, então eu volto a criar na cozinha. Talvez seja pura preguiça mesmo, mas a real é que não vejo mais sentido em pintar e bordar na cozinha só pra mim. Quero passar longe desta frustração…
Na segunda-feira, dia 02 de julho, resolvi sair do trabalho e pegar um cineminha. Eu estou sem dinheiro, mas pelo menos eu tinha oito “dinheiros” para dar na entrada do cinema. De segunda-feira, é mais barato lá no shopping Dom “Pedra”, e de quebra caiu o meu vale-refeição na segunda. Como eu já costumo dizer, pobre é uma desgraça, vai sempre no dia em que as coisas estão mais baratas. Saí do meu trabalho, atravessei a passarela, onde sempre tem um povinho fumando maconha. Eu já até conheço o pessoal, pois costuma ser sempre os mesmos. Seguro a respiração e sigo o rumo, pois senão dá para ficar meio alterada porque há extensa nuvem desse treco fedido no ar. E sinceramente, não sou fã, acho fedido demais e minha cabeça já tem parafusos a menos sem eu usar nada ilícito. Para isso temos o álcool, que é permitido, muito apreciável(depende da “grife”, não dá para comparar uma Orloff com uma Absolut), gostoso, une as pessoas sem preconceito(todo mundo fica lindo e legal) e o máximo que pode acontecer, como diz minha sábia amiga Lisiane, é você perder o os amigos, o carro, a família e o fígado. Maconheiros e álcool a parte(prometi que vou fazer um post todo especial sobre o “Álcool, o universo e tudo mais”), segui o meu rumo, esperando o ônibus na estação do Tapetão. Peguei o 331, um ônibus maledeto no qual já fui assaltada e quase encontrei a criatura mais linda do universo se eu não fosse distraída e apressada. E mês passado eu tive a visão do inferno, mas essa foi no 332, eu dentro e o ser cuja beleza não pode ser conjugada(beleza defectível) do lado de fora, bem em frente ao prédio de engenharia, para minha alegria ou infelicidade, pois ao certo eu não sei mais de nada, esses dias ele disse que estava vivo, e isso já me deixa um pouquinho feliz. “Never More, Never More”, isso me lembra Edgar Allan Poe…
Aquele momento em que eu vi o bonitão da janela do ônibus. Ohhhh Jesus Christ what do I do?
Fiquei cerca de 3 minutos dentro do 331 até chegar no terminal Barão Geraldo, que estava bufando de gente, inclusive pessoas aromatizadoras de ambiente, que geralmente tem dois aromas: pastel de carne e pastel de queijo. É uma delícia, principalmente quando está com fome e quando é de manhã, depois do banho. Nada como um cheirinho de pastel grudado nos cabelos. Puro Tesão!Quando é depois do trabalho, eu não ligo, posso chegar em casa e “despastelizar” com um banho maravilhoso e depois partir para as cobertas com um livro a tiracolo, ou meditação, ou ouvir um sonzinho.
Fiquei lá no terminal, no ponto do 338, que é a linha do shopping Dom Pedro. Enquanto o ônibus não passava, eu me distraia com Jeff Buckley nos ouvidos e um livro biográfico sobre Giácomo Casanova, o “muleque piranha”, “putón”, de Viena, na era do Iluminismo. O ônibus não chegava, mas lá na frente vinha vindo o 300, então apertei o passo e subi nele. Fiquei de pé no ônibus, guardei o livro na bolsa, e pensei que, apesar de ser segunda-feira, eu não sei bem o motivo, mas estava muito feliz, mesmo naquele momento, apesar de estar ouvindo “We all fall in love sometimes”, interpretada por Jeff, cuja letra, escrita por Elton John, é de derrubar muros, eu estava lá com um sorriso no rosto, talvez um sorriso sádico, mas um sorriso.
We all fall in love sometimes
The full moon’s bright
And starlight filled the evening
We wrote it and I played it…
Duas músicas depois, eu estava no shopping Dom Pedro. E eu ingenuamente imaginei que por ser segunda-feira, e a galera ainda não ter recebido, o shopping não estaria cheio…ohhhh engano meu!!!O shopping estava lotado!Pode ser que todo mundo tenha tido o mesmo pensamento meu, foi aí que eu lembrei o detalhe do recesso escolar. Mas isso não era problema, de vez em quando eu gosto de ver pessoas…Entrei pela entrada das águas, pois é mais próxima do cinema. De longe avistei a fila quilométrica do cinema, mas estava de bom humor, e eu tinha um livro, eu poderia ler ele na fila, enquanto esperava. Chegando no cinema, entrei na fila daqueles terminais de compra com cartão. A fila estava enorme, mas não tão grande quanto a fila do caixa com atendentes. Entrei na fila e tirei o livro da bolsa. Tinha uma moça na minha frente que a princípio estava sozinha. De repente chegam as amigas dela e a cabeçuda deixa elas entrarem na frente. A vontade de mandar as duas vadias entrarem na fila lá atrás era grande, mas mantive meus nervos em ordem. Depois de cerca de 20 páginas lidas, estava perto do meu objetivo, que no momento era comprar o ingresso. Quando chegou na hora das vadias fura-fila, elas eram muito burras e não perceberam que elas teriam que inserir o cartão ao invés de passar o cartão, tendo em vista que era um cartão com chip. Então eu com toda a paciência do mundo:
O cartão de vocês é chipado, vocês terão de inserir o cartão ao invés de usar a tarja magnética…
Enfim, chegou a minha vez e as 3 vadias anencéfalas, mesmo eu tendo passado as manhas, elas insistiram passar a tarja. Eu comprei meu ingresso, e ouvi a vadia nº 02 falar pra vadia nº03: “Aiiiii a moça conseguiu…ACHO que tem que inserir mesmo.” Dei risada, quase dei um troféu jóinha de “parabéns, você finalmente compreendeu”, e segui meu rumo.
Sobre a escolha do filme, eu iria assistir “Sombras da Noite”, mas na real não estava com muito saco, até porque o Depp está fazendo alguns papéis muito repetitivos. Outro fator também, além disso, é que a sessão de “Sombras da Noite” só teria 21h45, e eu sou uma pessoa pobre que depende de ônibus para voltar pra casa. Tendo em vista que o última linha do Vila Santa Isabel sai do terminal as 0h40, eu resolvi não arriscar, até porque eu não teria dinheiro para o táxi. O último dinheiro que eu tive, além da entrada para o cinema, eu gastei no Bar do Zé com cerveja Murph’s e depois com o táxi, porque resolvi não arriscar voltar 04h00 da manhã de domingo, semi-embriagada, a pé para casa. Como eu digo, pobre é uma desgraça, mas eu sou limpinha e feliz.
Pobre só pensa que existe: “Penso, logo existo!”
Estava olhando a programação do cinema e vi que estava passando “Para Roma com Amor”, um filme de Woody Allen. Olhei no elenco, só tinha gente foda, o filme é em italiano e tinha minha musa Penélope Cruz, que simplemente acho a mulher mais linda do universo:
Na pele de Maria Elena, em Vicky Christina Barcelona, também de Woody Allen. Ela ganhou o Oscar pela atuação.
Depois da escolha do filme, cuja sessão começava as 21h15, como era 20h00 ainda, resolvi dar uma voltinha. Pela primeira vez na história deste país, entrei numa livraria e não comprei nada, mas isso aconteceu porque realmente não tinha dinheiro, mas tinha vale-refeição. Meu vale-refeição é até que versátil, pois às vezes ele se transforma em vale-álcool, poderia muito bem servir como “vale-livros”. Levando em conta que uma vez ouvi uma história que tinha um cabeleireiro que aceitava vale-refeição ou vale – alimentação como pagamento de escovas progressivas/definitivas, aquelas que alisam o cabelo da mulherada. É cada uma que se vê por aí…da hora a vida não é?
Então, durante o meu tour, passei a pesquisar(pobre pesquisa) o melhor preço da minha nova loucura (na verdade vou renovar uma atividade que antes já fazia). A nova loucura é voltar a andar de patins street. Eu fazia isso muito bem, descia a toda velocidade, andava muito de patins dos meus 09 aos 15 anos, e eu andava muito bem. Só caí uma vez, quando tinha 10 anos, e foi uma queda bem feia, pois estava a toda velocidade numa ladeira, e no meio do caminho tinha uma pedra…não preciso terminar a história. Me lembro até hoje que naquela época era aqueles merthiolate que tinha álcool na composição. Só sei que quando relaram aquela “coisa antibactericida” nos meus machucados, eu vi Jesus Cristo, Chuck Norris, Maomé…ardeu muito…muito. Os patins que eu quero, que são profissionais para ruas mesmos, daquelas meio termo igual aqui em Barão Geraldo, ora com buraco, ora sem, terrenos acidentados. A faixa de preço está a partir de 280,00. O que eu quero, está 429,00, que é um Rollerblade, um dos melhores para patinação street. Como sempre gostei de andar de patins, e adoro caminhar por aí, estou pensando em voltar nessa vibe. Além de ser extremamente divertido, ajuda a manter a forma, pois é praticamente como estivesse correndo. Tenho pavor de academia, gosto de interação, ar livre, mente, equiçíbrio, expressão, arte. Por isso gosto de dança, yoga, caminhada, até mesmo uma corridinha no Taquaral, acho muito interessante. Eu sou uma pessoa hiperativa, então acredito que essa interação seja um fator para amenizar essa minha “aceleração”. Quando eu danço, por exemplo, tenho um sono mais tranquilo.
Depois de pesquisar patins, nas lojas do gênero, senti meu estômago roncar loucamente. Eu recebi meu vale, logo, como todo pobre que se preze, fui fazer um rango. Shopping lotado, queria um lugar para poder comer sossegada. Vi que lá perto do restaurante “Fogão Mineiro”, tinham várias mesas vazias. Olhei para o restaurante mineiro e pensei: bom, uma comidinha mineira vai bem. Peguei brócolis ao molho e queijo, abóbrinha recheada, batata doce frita, uma salada aleatória, suco de laranja e de sobremesa, manga em pedaços e mousse de limão. Fui pesar e a brincadeira não saiu lá muito agradável, deu 32,00, mas eu esperava que estivesse tudo gostoso. Peguei um copo com bastante gelo, e para a minha infelicidade, ao sair com a bandeja, o desgraçado tombou e foi gelo pra tudo quanto é lado(ok, exagerei um pouco, nem foi tanto gelo assim), o suficiente pra que eu fique envergonhada e todo mundo olhe para minha cara:
Você ri né?Você acha engraçado?Tomara que escorregue no gelo e caia de boca no chão”
Fiquei meio sem reação, mas o rapaz, muito simpático aos olhos do caixa do restaurante me ajudou e me deu um copo novo com gelo, e disse “Não se preocupe moça, acontece…volte sempre”. Ainda envergonhada, eu procurei uma mesa num cantinho, olhando o chão para não pisar em um gelo que eu derrubei e cair de pernas de ar, afinal estava de vestido e salto alto, não seria uma cena muito bonita, apesar de eu estar em forma, não gostaria de ficar exibindo atributos por aí ou a cena ir para alguma vídeo-cassetadas promovida no youtube. Arrumei uma mesa perto do quiosque de cachorro quente, meio escondida, mas dava para observar o movimento sem ter que necessariamente estar no meio da multidão. A comida não estava boa para justificar o preço, mas a sobremesa estava uma delícia. A mistura manga + mousse de limão foi uma boa idéia. A mulher da limpeza levou minha bandeja embora, e lá tinha os talheres que separei para a sobremesa, pois não daria para cortar a manga com aquela colher de plástico, mas tive que me virar. No primeiro pedaço de manga, foi tudo ok, mas no segundo a colher quebrou. Tive que deixar um pedaço da manga lá. Descobri um outro detalhe enquanto esperava o tempo passar, sentada na mesinha, observando o movimento. No shopping Dom Pedro tem uma capela!Sim!Ela fica escondida num corredor próximo aos banheiros, atrás do quiosque de cachorro quente. Na minha próxima ida, pretendo ir lá para ver como que é. Depois de me frustrar com a quebra da colher de sobremesa, fui ao banheiro escovar os dentes, pois uso um maldito e nada esteticamente bonito aparelho ortodôntico, que é um verdadeiro pára-raio de comida. Logo, desenvolvi o tique-nervoso de sempre escovar os dentes depois de comer qualquer coisa., que seja uma bala, por exemplo, pois sempre se tem a sensação que tem algo grudado, mas são apenas as malditas borrachinhas.Manias…manias condicionadas por uma situação, um mal necessário. Mas em breve vou tirar os aparelhos, pelo menos é o que eu acredito. Olhei o relógio, eram 21h00, resolvi ir para minha sessão. Cheguei lá, nem olharam meu ingresso, entrei direto na sala do cinema. Eu achava que pelo número de pessoas na fila do cinema, a sessão teria um número razoável de espectadores…só tinha eu e mais dois forever alone e três casais. Mas isso não foi motivo nenhum para me sentir uma frustrada, aliás, acho maravilhoso poder curtir um filme sozinha, mas não vou negar que ter alguém para segurar sua mão ou dar uns beijinhos em momentos propícios é bem interessante, principalmente em comédias românticas do Woody Allen que é um romance mais real do que os outros filmes água com açúcar. O fime foi muito bom!Me diverti bastante, o filme é ótimo, garante boas risadas. Eu quase me matei de rir nas cenas do cantor de ópera. Recomendo esse filme para quem tem bom gosto. Eu sai da sessão bastante satisfeita e com um sorriso no rosto, e rindo assim, de repente, ao lembrar das cenas cômicas. Procurei a saída das colinas, olhei o relógio, 23h30, precisava correr para não perder o ônibus. Cheguei no ponto de ônibus onde passam as linhas para Barão Geraldo. Chegando lá, fui obrigada a aceitar uma amostra de perfume, desta vez de churrasquinho de gato. Mas não me incomodei, cheguei em casa 00h20 e tomei um banho pré-soninho que não chegava. Enfim, fui dormir, a segunda-feira foi muito agradável, e o amanhã é outro dia. Como eu sempre digo, a vida pode ser muito ingrata, mas basta acariciá-la e não querer brigar com o Tempo. As coisas então tomam o seu rumo, e tudo se acerta. Aproveite o dia!Carpe Diem!
E para encerrar, o trailer do filme e músicas italianas romantiquinhas…sim é gay…eu sei, mas eu confesso que muitas vezes sou uma mulher sentimental e gosto de romantismo…
l’Aurora: Eros Ramazzotti, marcou meus 12-14 anos, por causa do coral da Fundação Romi, comecei a garimpar músicas em italiano por aí. O meu pai tem o cd com essa música, e este cd tocou tanto que quase “furou no meio”. Encontrei esse vídeo da apresentação dele ao vivo. Ficou muito bom, mas muito bom. O cara tem uma bela voz ao vivo também, sem contar que italiano é uma língua muito bonita, e vou parar por aqui ao descrever essa música, antes que eu fique EMO…
Luna: Alessandro Safina. Caramba!!!Eu assisti aquela novela “O Clone” e pirei nessa música. É brega bagaralho, fim de carreira, mas eu gsoto dessa música. ahahahhahahahahaahaha
Nessun Dorma: adoro essa música, e ela já me arrancou lágrimas. No seriado “Six Feet Under” tem um episódio que fazem um réquiem no velório, e um cara canta essa música. Me arrepiei.
Volare: uma versão flamenca, com toques de salsa, letra em espanhol e o refrão em italiano. Pirei nessa versão. Fiquei cantando e dançando isso enquanto fazia uma faxina. E…ahhhh…o violão espanhol, o ritmo quente…ME GUSTA!!!
E o tema de hoje será: Fluxograma…MEU FUTURO NÃO MUITO DISTANTE
E hoje não vou vou ficar somente nos meus poemas horríveis, dignos do meme Bocage dizendo “Esses poema ficaro uma bosta”. Vou voltar para a prosa durante um tempo, porque faz tempo que tenho algumas coisas a serem publicadas neste formato. Navegando a toa(como sempre) no Facebook, eu encontrei a historinha acima da Mafalda. Nem preciso dizer que eu achei genial, e quase bati palmas para toda a ironia contida na história, obviamente fui obrigada a compartilhar. E isso me fez pensar muito, sobre aquilo que pensamos para o nosso futuro. Fiquei pensando neste tema o dia inteiro, limpando minha humilde kitnet escutando as músicas super-otimistas e fofinhas do Pain of Salvation (sarcasm detected my dear?)… É engraçado como a maioria das coisas que nós planejamos saem completamente diferentes. Um exemplo, eu já quis ser médica e trabalhar em IML e investigações criminais…coisa puramente C.S.I. Claro, analisando a historinha da Mafalda, nos deparamos com aquelas coisinhas dignas de um conto de fada modificado (para bons entendedores, sabe-se que os contos de fada não são nada daquilo na real), e infelizmente(ou seria…felizmente?) ainda existem pessoas que acreditam que vão ser felizes e bonitas para sempre, ao lado do homem/mulher perfeita, com muito dinheiro e filhinhos lindos, asseados e que nunca pegarão resfriado, porque a mamãe perfeita não quer limpar nariz melequento de criança birrenta. No meu atual fluxograma a única coisa que eu quero mesmo é quando eu tiver uma casa que não seja uma kitnet minúscula, eu queria um atelier e uma biblioteca separada. A casa pode ter apenas um quarto, cozinha, banheiro, sala, mas terá que ter um espaço para as minhas tranqueiras e livros…muitos livros. E um cachorro, e um gato para que eu possa rir das desavenças entre eles e também pelo fato de eu amar animais, sempre gostei de bichos, e eu posso dizer que com certeza eles fazem parte do meu fluxograma. E para não falarem que eu sou um ser cruel e sem coração, um homem que me ature e me ame do jeito que eu sou, não precisa me dar jóias, não precisa ter carro, pode ser pobre igual eu, mas que me aceite do jeito que eu sou, com todos os meus defeitos e minha chatice, e que aceite meu Amor também, porque afinal eu quero Amar e não ter um gigolô ao meu lado para me dar doses de amor, carinho, sexo e compreensão, afinal, a idéia de homem-objeto só é legal quando o homem para chamar de seu diz: “Meu bem, hoje quem manda é você”, mas quando o assunto é gigolô por uma noite, não fica legal, porque afinal, para usar e abusar de um homem, você tem que conhecê-lo, enfim, é o que eu penso, na real, quem me conhece, sabe que eu não costumo me aventurar em sexo casual, e muito menos sexo pago, talvez algum dia eu mude de idéia…ahhahahahahahahaha. Bem, a situação nesse caso(relacionamento) é difícil, pois nesse mundinho mundano, é difícil encontrar alguém que não queira apenas te comer como um pedaço de picanha com gordurinha, e quando você encontra aquela pessoa que está configurada de acordo com todas as suas condições normais de temperatura e pressão, para gerar cálculos amorosos-sexuais-apaixonantes de extrema precisão, aquela que você acha que vale a pena, que tem um pouco de cérebro e que entende as coisas que você faz ou diz, a pessoa é mais complicada que cálculo diferencial com trigonometria ou métodos de cálculo para equações sem solução(meu pesadelo na faculdade), digamos que a pessoa é um número imaginário na sua vida, ela está lá, mas ao mesmo tempo não está, então você se conforma, chora as mágoas e torce para que o infeliz nunca seja feliz com alguém sem ser você (muahahhahahahahahaa!!!!VINGANÇAAAAA)…Bem não é assim, isso foi uma piada-pretexto para que eu possa usar a “onomatopeia da vingança”(muahhhaahahaha), mas eu acho engraçada e inútil essa coisa ridícula de vingar o Amor que não deu certo, essa coisa de por o nome do infeliz na boca do sapo porque você não teve feromônios suficientes para atraí-lo. Mas voltando, quando isso acontece, quando você gosta da desgraçada da pessoa complicada, e ela te ignora, se você for besta igual eu, pode até acreditar que um dia, talvez, quem sabe, num futuro não muito distante essa pessoa te enxergue, enquanto isso, toca a vida para frente, até trombar(eu não procuro, eu tropeço nesses tipos de pessoas) com uma pessoa igual ou mais complicada ainda ou um perfeito idiota porque você não espera mais nada dessa vida(eu ainda não cheguei neste ponto, espero nunca chegar nisso). Mas na verdade eu queria apenas pensar: FODA-SE ESSA MERDA…FODA-SE VOCÊ, mas não é bem assim que funciona, e como eu falei, eu sou um ser besta, então eu mereço isso mesmo. Nessas situações, apenas o Tempo pode curar, fazer o quê?Isso é parte do meu fluxograma-amoroso: gostar de pessoas complicadas, o que é bom, porque quando você tem tendência a gostar de pessoas complicadas, você aceita melhor os defeitos, até porque o fato da pessoa ser complicada é porque o gênio dela…digamos, não é dos mais fáceis de se lidar. Isso é explicado em psicologia. Mulheres buscam homens que se assemelhem a sua figura paterna, e homem, na figura materna. Meu pai é de gênio difícil…sendo assim, FREUD EXPLICA!!!Enquanto tem várias pessoas de fácil acesso a seu dispor, que você não precisa fazer esforço nenhum para tentar entender, eu sou uma pessoa que nem Freud explica, por isso eu quero quem não me quer. E quero aquele “boy magia”(adoro esse termo), leonino, genioso, adorável, inteligente, difícil, meu inferno astral(eu não acredito em horóscopo),complicado, aquele meus amigos mais próximos dizem que deve ser uma bichona, MF(SIGLA PARA “Morde Fronha”): “mas Ana, você é linda, inteligente, qualquer um já teria sucumbido, ele deve ser MF e está com medo de sair do armário”, e então todo mundo ri da minha cara e eu entro na brincadeira: “Ana, você ainda gosta daquele viado?”, “Sim, eu amo aquela bichona, uiiiiiiiiii”, “Ana, seu amor é platônico!”, “É, pois é…concordo contigo…mas foda-se essa merda, o Amor é meu, e eu curto Platão, ele era da hora!”. Essa é uma qualidade minha: tenho muito senso de humor, e aprecio Humor-Negro, sarcasmo, ironia…eu também não tenho um gênio muito fácil, mas fora isso sou uma mulher simples e afável na grande maioria das vezes.
Bom o fluxograma parte 1 é: uma casa com espaço para biblioteca particular e um cantinho para sujar de tinta e fazer coisas malucas. Esses dias, eu comentei que gostaria de viver de arte. Acho sensacional, de verdade, eu já fiz minhas coisinhas, sempre gostei de desenhar, me sujar de tinta, mesmo que eu não tenha lá tanto talento. Nessa semana, eu comprei papel especial e lápis para desenho artístico. Estou sem desenhar há 1 ano meio, desde que eu fiquei gorda e ferrada dos rins, com insuficiência renal(uma doencinha de nome muito bonito: Nefrite Intersticial Aguda), internada 2 semanas e meia no Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Lá tinha um programa social que era uma sala para os pacientes terem momentos de lazer. Me lembro até hoje, eu cheia dos soros pendurados, gorda, desenhando, enquanto uns tricotavam, outro rapaz com uma bolsa de colostomia jogava videogame…Desenhar, não era uma coisa que eu fazia bem, mas digamos que dava para o gasto e as pessoas diziam que eu desenhava bem(porque elas não devem ter conhecido uma pessoa que de fato desenhava bem). Eu penso, algum dia, estudar Artes Visuais, mas é aquela coisa, que eu comentei, se eu tivesse escolhido Artes, ao invés de Análise de Sistemas, eu poderia estar passando fome. É uma situação tragicômica, mas eu escuto isso das pessoas que fazem cursos legais. Tenho um amigo que é filósofo, muito inteligente, mas ele diz que só não passa fome porque os pais ajudam ele. Definitivamente, cursos legais não dão dinheiro. Eu gosto de História, Filosofia, Letras, Artes…mas…é complicado né, e como fica o “leitinho das criança”? Sendo assim, outra parte do meu fluxograma, era fazer um curso legal, que eu realmente gostasse. Muitas vezes, quando eu vou numa livraria e fico namorando aqueles livros lindos, cheirosos e absurdamente caros de História da Arte, as pessoas me perguntam se eu estudo Arte. Então eu digo, “Eu sou Analista de Sistemas na verdade…”, então a pessoa faz cara de espanto e deduz que eu quero comprar algo pra dar de presente para alguém, elas não se convencem que aquilo é pra mim, porque afinal eu sou Analista de Sistemas e a coisa mais artística que eu deveria me aproximar, dado a estereótipos, seria a sessão de quadrinhos…
Outra coisa no meu fluxograma, são viagens. Eu ainda pretendo fazer minha viagem para Europa, mesmo que seja sozinha, afinal, estou me virando bem na solidão. As pessoas, cada vez mais eu vejo que elas não sabem lidar com a solidão. Todo mês eu vou dar uma voltinha sozinha. Ando fazendo muito disso ultimamente. Antigamente eu era uma pessoa que só saia para os lugares se alguém fosse junto, pois eu não queria que as pessoas achassem que eu era uma garota sozinha e triste. Sendo assim, este ano, depois da minha reviravolta, um dos motivos por ter escolhido morar sozinha, ao invés de dividir um espaço com alguém, foi a oportunidade de me conhecer. Existe aquela frase: “Conhece a Ti mesmo?”, e desde então eu descobri que boa parte dessa minha pessoinha era desconhecida e que muitas coisas eu deixava ocultas por vergonha, ou medo de que me interpretassem mal. Eu tenho agora aquele meu momento de paz, eu, meus livros, chá a todo momento, eu posso pendurar as coisas pela parede, posso andar pelada ou seminua, posso espalhar meus livros pela cama, posso cantar no chuveiro sem acharem que eu sou louca, posso escrever meus poemas e pendurá-los na parede para ficar lendo ao longo do dia e decidir se publico ou não(eu sempre publico, por mais péssimo que tenham ficado, afinal, FODA-SE ESSA MERDA), se eu quiser passar o dia na Lagoa do Taquaral, no gramado, observando o cotidiano das pessoas e fazendo anotações ridículas para um dia sair algum texto bom dessa merda toda, ou simplesmente ler um livro embaixo de uma árvore, enfim, eu peguei esses 6 meses de solidão para me conhecer e nunca me senti tão a flor da pele, sendo que foram 3 meses morando com meus pais e 3 meses na minha kitnet, onde estou agora, embaixo das cobertas tomando um chá de camomila. Até minha mãe disse que eu mudei, como pessoa, ela diz que eu fiquei mais sensata e madura. Considero que eu deixei aquela garotinha medrosa para trás, hoje sou mulher o suficiente para admitir meus erros, não negar mais sentimentos(mesmo que seja platônico), hoje eu posso pegar uma mochila e sair por aí sem rumo, com todo o meu “não senso” de direção, mas ainda vou bem em Geografia. E é aí que o Velho Continente entra. Qualquer dia farei um mochilão pela Europa, ver “O Jardim das Delícias” no museu do Prado, em Madri, conhecer Praga, Amsterdam, Berlim, Lisboa, Andorra, toda a região da Andaluzia, Paris, Londres, Dublin…lógico que acredito que não dê para fazer isso numa viagem só, mas é algo que tenho em mente. Claro que nas minha atuais condições financeiras, não vai ser algo a se fazer nas próximas férias(nas próximas férias, pretendo ir para o Chile e Argentina). Outra coisa que eu quero fazer é ir para algum retiro espiritual onde se pratique a arte do silêncio. Tem um em Nazaré Paulista. Nesses retiros, você não pode falar absolutamente nada, você conversa apenas com os olhos e gestos. Tendo em vista que eu sou mulher, e como mulher, eu falo mais que a média, tendo em vista que tenha hiperatividade, tomo essa viagem espiritual algo como incrivelmente desafiador. Essa viagem é algo que pretendo fazer até o final deste ano. E esta viagem vai ganhar um post todo especial.
Resumindo, se eu fizesse um fluxograma para minha vida, eu entendo isso como uma espécie de modelagem, um planejamento. Eu creio que o que eu quero não é nada demais, nada absurdo. Eu cansei de fazer grandes planos, na verdade, nunca tive grandes planos, que eu quisesse tanto levar pra frente. Na maioria das vezes, eu desistia alguns dias ou meses depois. Mas hoje, com uma mente mais sensata, eu consigo planejar um fluxograma possível, que vou jogar dentro de um poema que provavelmente vai ficar uma bosta, mas como eu sempre digo: “FODA-SE ESSA MERDA”
Eu gostaria de ter uma casa, uma casa simples,
Não necessariamente num lugar bucólico, surreal,
Pode ser no caos de uma metrópole, eu não me importo,
Quero um canto só meu, para minha paz de espírito,
E nas tardes chuvosas eu posso me sentar num velho sofá,
Depois de puxar um livro velho e cheiroso da estante,
Eu posso viajar longe em páginas e páginas de emoções.
Eu olho o cachorro a dormir e os olhos brilhantes do gato,
A brincar com um velho papel de um rabisco em giz carvão.
E parado na janela eu lhe vejo observar a chuva lá fora,
Eu poderia lhe perguntar o que você pensa, mas eu apenas te observo,
E então eu poderia me lembrar o quanto eu amo e odeio seu silêncio,
Mas um dia eu fiz uma viagem, num lugar no alto da serra,
Enquanto eu esperava entender as minhas dores e meu amor não correspondido,
Foi neste lugar que eu aprendi a conversar com os olhos,
Então você olha pra mim, e me dá um sorriso, como se quisesse me dizer,
“Desculpe eu sou um chato”, e eu dou risada como se eu nunca soubesse disso,
E então eu te olho de novo, e verás que meus olhos lhe dirão: “Seu Tolo”
E eu lhe perguntarei, se eu já lhe contei alguma vez,
Que eu estava a andar de bicicleta nas ruas de Amsterdam,
Minha bicicleta tinha uma cestinha de tulipas que eu comprei de mercador de flores,
E então eu me empolguei e quis conhecer ruas e mais ruas, e me perdi em Amsterdam,
Então eu fiquei com medo, pois estava escurecendo e eu não sabia onde estava,
E então você me dirá: “Eu te disse para tomar cuidado, mas você é teimosa”,
E então vamos rir, como duas crianças e nos amar como adultos,
Uma vida simples, num lugar simples…um amor simples.
Ficou uma bosta, mas foda-se essa merda!!hahahahahahahahahaha
Cineasta, triatleta, ganhador do TheVoice, Mega Sena da Virada e Prêmio Nobel de Literatura. Coach de Política. Pai do Enzo e Raíssa. Marido da Dani. Vascaíno.
“Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.” Carl Sagan