* Este texto é um fluxo mental escrito de forma contínua. Se não tiver sentido, tiver algo errado, é pq simplesmente não tive a mínima vontade de corrigir ou querer que faça algum sentido. Fluxos mentais são contínuos, instantâneos e INCORRIGÍVEIS. Grata pela atenção!
Toda a beleza nas pequenas coisas, são minhas emoções reprimidas em pedaços de papel rabiscados de forma não linear. Pequenos fragmentos de uma diálogo pessoal e eloquente sobre as pequenas coisas sem sentido ou seria “com” sentido. Não sei definir a beleza daquilo que eu não tenho ao meu lado. Almejo a beleza de longe, vendo as pequenas luzes amareladas da cidade, lá no horizonte.. Não almejo que elas se aproximem, pois sei que toda beleza, principalmente aquelas que nós julgamos como eternas, são, de fato, as que nos empurra para um abismo de perdições e perguntas sem repostas. Quantas vezes eu almejei a beleza das pequenas coisas que estão tão distantes, tal como as estrelas… Gostaria de pegar o brilho delas e colocar dentro de um vidro. Quantos passos largos que o homem já deu em vida! Quem sou eu para definir o tamanho dos passos dados em desconexo, em avenidas largas ao qual eu ando com o guarda chuva aberto embaixo das marquises, para somente me proteger das ofensas e gotas de escárnio que vem lá de cima. Deus está sempre a me enviar tentações, uma prova de o quanto eu sou fraca. Mas eu não acredito em Deus, então , sendo assim, porque ele é merecedor de aparecer aqui? Não sei, eu já perdi as contas de quantas vezes eu falei o nome dele em vão. Mas o que importa? Nada neste mundo importa. Mamãe dizia que sempre nos importamos muito com as coisas. Queria eu ser totalmente desapegada. Não queria sentir amor, de nenhuma forma. Amor não existe. Amor é uma coisa que os idiotas inventaram para poder apaziguar aquela dor mesquinha que a solidão causa. Sou tão feliz na minha solidão, no escuro das noites de domingo, deitada na cama, ouvindo o som do motor do meu ventilador de teto, enquanto penso em tolices, que logo torço para minha querida razão varrê-la do chão de minhas emoções. Queria ter emoções vazias, mas sem me tornar uma pessoa vazia… Seria possível?
Eu poderia escutar música, mas meus ouvidos já estão saturados demais dos sons daquelas músicas que me trazem uma lembrança triste daquilo que eu almejei e não tive mais. Músicas me trazem lembranças de velhas fotografias, rasgadas, trituradas e perdidas. Velhas fotografias que me trazem aquele sorriso que eu dei enquanto viajava com meus pais, para lugares longínquos. Sorriso é uma coisa que muitas vezes eu vejo forçado nos rostos das pessoas. Aquele sorriso amarelo do encontro com a pessoa que você odeia, mas que por mera educação, você abre um sorriso, e sai embora xingando. Pessoas… Perdi as contas de quantas vezes as pessoas são o pior retrato da humanidade, e não sei porque a palavra humanidade se relaciona com pessoas. Animais são muito mais humanos do que as pessoas. Eu perdi as contas de quantas vezes eu tento rabiscar um desenho bonito, eu também perdi as contas de quantas vezes eu pensei em dizer para o rapaz dos olhos bonitos e cabelo de leão que eu gostaria de vê-lo andando descalço andando numa praia de areia branca, tal como a praia do velho de Hemingway. Mas eu já me machuquei demais em assuntos de amor. Aliás, eu nem acredito em amor, sendo assim, porque eu teria alguma vontade de exaltar qualquer forma de admiração? Não sei ainda porque eu escrevo poemas, mas me bate aquela vontade de rasgar tudo e jogar fora. Qualquer dia eu vou pegar um dia de ventania. Vou pegar minha coletânea de poemas e romances bestas de minha autoria, vou rasgá-los e joga-los ao vento. Rasgar em pedaços bem pequenos, para que as pessoas não almejem em juntar os pedaços e querer entender todas as bobagens que eu escarrei naquele pedaço de papel. Eu poderia colocar alguma mensagem numa garrafa, e jogar no mar ou em um rio. E esperar até morrer… Eu já perdi as contas de quantas vezes eu esperei uma mensagem que me abrisse um sorriso nos lábios, eu já perdi as contas de quantas vezes eu manifestei meu amor incondicional para pessoas erradas. Ilusão é uma palavra que minha mãe sempre disse que era para eu não ter: “Não tenha ilusões”, mamãe sempre dizia, mas eu sou a filha teimosa, talvez um pouco alienada, e agora, choro minhas dores por não ter dado ouvidos. Engraçado a vida… Eu já perdi as contas de quantas vezes eu dei risada de minha própria desgraça. Dizem que bem- aventurados são aqueles que reconhecem suas tragédias e dão risadas delas. Posso estar ficando maluca, olha só, estou usando o gerundismo. Que horrível o tal do gerúndio, mas quem sabe um dia, eu posso estar ficando feliz…
Eu já perdi as contas de quantas vezes eu me proponho a fazer algo e não faço. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu sai pra caminhar e tentei procurar algum tipo de beleza amargurada naquelas flores que nascem entre a rua e a calçada. Quantas vezes eu tentei transformar isso em poesia, e talvez, atingir o olhar incólume das pessoas que perdem seu tempo lendo todas as baboseiras que eu escrevo em momentos de insônia e tédio. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu jurei que não escreveria nada que fosse um fluxo mental, tal como faço agora. Mas eu não pago promessas, eu não cumpro promessas. Não acredite em mim, quando eu dizer que eu vou fazer algo. O tempo é algo que passou não existir pra mim. Eu digo dias, e isso pode durar meses, e talvez anos. Eu perdi as contas de quantas vezes eu usei as palavras de maneira desconstruída. Quantas vezes eu jurei tantas coisas… Jurar é uma palavra feia, que denota nossa própria falta de confiança. Eu juro, eu juro. Jura uma ova. Nós escarramos em todas as promessas que jogamos para o alto, e nós não nos esforçamos para levantarmos as mãos e pegarmos nossas falácias, nossas promessas fajutas. Não acredite em mim, não espere nada, pois eu não tenho muito o que oferecer. Eu já perdi as contas de quantas vezes eu fiz uma construção tão negativa de mim mesma, tal como estou fazendo agora. É uma coisa deliciosa se destruir por si mesma. É mais suave, e talvez mais sincero, talvez mais poético… Ou talvez mais imbecil. Eu perdi as contas de quantas vezes eu já julguei algo por ser imbecil. Todo ser humano é imbecil, todos, entenda, não há exceções! Já saí da minha toca de utopia, tenho agora a tendência de julgar tudo na pior situação possível. Um dia vi uma matéria alegando que as pessoas pessimistas vivem mais do que as otimistas. Talvez eu aceitaria alguns anos a menos de vida, se eu pudesse realmente acreditar naquela palavra chamada esperança, naquela coisa de não ser apenas um objeto, se eu pudesse acreditar no amor das pessoas, aquela forma de amor sem exigir nada em troca. Mamãe dizia que as pessoas são sempre amáveis naquilo que é do interesse delas. Não tenha ilusões… Não tenha ilusões. Um dia colei essa frase na porta do meu quarto, para que cada vez que eu acordasse, eu pudesse olhar e levar aquilo para o meu dia-a-dia. Mas um dia, Cervantes escreveu um romance com um personagem chamado Dom Quixote. E nas ilusões de Dom Quixote, moinhos de vento eram dragões. E eu perdi quantas vezes eu me doei… Por amor àquilo que dão o nome de “causas perdidas”. Quantas vezes… Quantas vezes… Quantas vezes serão necessárias minhas caminhadas solitárias para dentro de meus pensamentos que tanto me afligem, me fazem ficar quieta dentro de um redoma de proteção. E eu tento fechar meu guarda-chuva, e andar embaixo da chuva, e talvez colocar a língua pra fora, e sentir um pouco do pedaço do céu. Eu perdi as contas de quantas vezes eu usei as metáforas para tornar o meu mundo mais bonito… Gotas de chuva escorrendo no vidro da janela são apenas gotas de chuva. Falar que são como lágrimas, é apenas uma idiotice. Mas eu ainda adoro metáforas… Você também… Você também.