Majesty – She & Him

 You were majesty
Your ropes were heavy
And your longing was a cutting from bone

1 – She
E o Amor se tornando real, os olhos abrindo-se aos poucos, diante de uma noite de brisa leve. E eles eram tão jovens, e ela era sua majestade. E quando ela sentia medo, ele aninhava ela nos braços e sussurra palavras doces nos ouvidos. E as lágrimas que escorriam de seus olhos molhavam as mãos dele, que lhe segurava o rosto dizendo olhos nos olhos que ela era especial e as tempestades nesta vida eram passagens, um mal necessário. E aqueles olhos, tão escuros, tão castanhos, como uma tempestade, tal como a canção de Renato Russo, olhos grandes e curiosos, com brilho de avelã. Em sua memória,seus olhos, boca e na pele, o sentido do toque, na mente. Uma fotografia que nunca envelhece, que nos momentos de raiva, quando está sozinha, essa fotografia quer queimar numa fogueira junto com todas as suas emoções, memórias, sentidos. E então ela lembra que a tentação é mais forte do que a sua própria força de vontade de parar. E a vontade de sair gritando, correndo, embaixo de uma tempestade, talvez, um raio cair sobre seu corpo e sofrer uma perda de memória, e todos os erros impulsivos serem completamente apagados da memória. Tão jovem, e os caminhos se estreitando e ela então caindo e caindo nos mesmos erros. E o corvo que sempre dizia, “Nunca mais, nunca mais”, canta sua velha canção novamente, e de noite, nas noites solitárias a canção do pássaro ecoa pelo quarto de paredes frias, e o seu medo invade, e todas as suas veias dilatadas, coração acelerado. Ela liga o ventilador, talvez o barulho das hélices girando, faça seus sentimentos dispersar, talvez a vontade de chorar vá embora, talvez o Amor que está surgindo devagar, a saudade sem sentido, vá embora, como uma dor aguda no corredor de um hospital, com o soro na veia e dopada de remédios. E quando ela fecha os olhos, ela se lembra, daqueles olhos, com as pupilas dilatadas pelo momento de êxtase, e ela era pra ele como sua droga, ela lhe dava prazer, mas não precisava ficar com ele, era uma troca, apenas uma troca. Ele precisava de sexo, e ela também, e eram apenas amigos. A vida poderia ser muito mais fácil, se não fosse a eterna luta entre a razão e o coração, tão irracional. E então ela se apaixonou e ela tentou vê-lo, pelo o que ele é, e tentou, sentir como ele se sentia. Ela poderia lhe estender a mão, poderia acariciar o rosto e fazer carinho na cabeça, ou simplesmente, deitar-lhe a cabeça no colo, e contar-lhe histórias engraçadas da infância, e fazê-lo rir, e ver seu sorriso, ou aquela risada besta de uma piada ruim. E ele poderia lhe dizer que ela não tem talento para ser humorista, apesar de toda força de vontade, e então, eles poderiam rir juntos, e ela acharia aquilo lindo, mesmo sem a beleza e o despudor do sexo. E ela queria que pelo menos, ele a enxergasse por dentro, e não como um pedaço de carne para degustar como quiser, quando quiser. E o Amor, pensou ela, é uma coisa bonita que dói, que aperta como uma corta no pescoço, tirando o ar, pouco a pouco, ela vai morrendo, por dentro, pouco a pouco ela se sente fraca, pouco a pouco as lágrimas escorrem pelos olhos e então ela vê o quanto ela cavou sua sepultura, e aos poucos a terra está sendo jogada sobre o corpo, e essa terra lhe cobriu os olhos, ela não enxerga mais, não respira, mas sente todo o peso do corpo dele, como uma tonelada de terra…E aquilo era bom… “Abra os olhos querida”, e então ela abriu e lá estavam os olhos de tempestade, e desde então eles a observam dormindo, entre lençóis, um sorriso sádico no rosto, uma meia luz entrando no quarto, e ele gostava disso.

2 – Him

So am I good or bad?
The way that things did turn out

E ele sempre a achou linda. Uma beleza exótica, um dia ele disse isso a ela. Ele poderia lhe dizer várias coisas, mas o tempo seria um bálsamo que lhe cairia pelo corpo, e o medo da rejeição talvez fosse embora. Ele era tímido, será que ela saberia disso?E o sexo era ótimo, ele sabia disso, mas os olhos dela eram um mistério não revelado. E quando ela o olhava, por cima, aqueles olhos contavam uma história sem início, meio ou fim, e ele queria entendê-la muito além do corpo, aquele corpo no início coberto por uma lingerie lânguida e meias 7/8, e ele olhava ela com um olhar de desejo, e ele então pensava que ela era apenas mais uma mulher, e que talvez ele poderia se apaixonar, e um dia magoá-la. Ele poderia fugir, ao não saber como fazer, ele era jovem e poderia ter várias mulheres, quando quisesse, porque iria se prender e acabar com a liberdade?E ela estava lá, tão linda e tão real,com todos os seus defeitos, e não como capas de revistas impressas em papel de editoração. E ele não queria se sentir tão mesquinho, e o medo de se apaixonar o amedronta como um menininho com medo de palhaço. Um dia ela lhe contou que tinha medo de palhaço, porque na cena de um filme,que ela havia assistido quando criança, um palhaço malvado arrastou um menino para dentro de um bueiro. E aquela cena não saia da cabeça dela. E então ele ri, por dentro, quando lembra que ela é linda sendo mesmo assim, meio boba, com seus medos traumáticos de criança ou quando conta aquela piada velha e ridícula dos pontinhos e ela ri dela mesma e ele gosta disso nela, o senso de humor, mesmo com suas crises de bipolaridade. E ele queria que ela visse aquele jogo de favores sexuais, estreitados em laços de amizade, para conhecê-la melhor, como mulher, e não com um objeto sexual.

But in my mind
I could still climb inside your bed
And I could be victorious
Still the only man
To pass through the glorious arch of your head.

A visão dela, enrolada nua nos lençóis, ou o toque ora suave ora agressivo em suas costas, o deixava fraco, e essa fraqueza o preocupava, pois era a mesma fraqueza que sentiu em experiências anteriores, com outras mulheres, uma lembrança ruim de relacionamentos mal resolvidos. Ele queria ser racional, aquela mulher ali deitada, era para ser apenas alguém para servir como válvula de escape, para suas necessidades íntimas. Ele não queria se envolver, para depois, talvez ser rejeitado. Desta vez, ele queria apenas ser mais um amigo. E quando ele começa a sentir amor por aquela criatura de cabelos emaranhados pós-sexo, ele quer apenas fugir como uma criança. E o corvo um dia lhe sussurrou nos ouvidos: “Nunca mais, nunca mais”, mas ele, mais uma vez, se deixou levar. E então ele olha ela adormecida, com o peito subindo lentamente numa respiração doce e calma, e então um sorriso lhe abre no rosto.

Homem e mulher, morrendo de sede,
Na noite se sentindo tão sozinhos,
E então talvez uma xícara de chá lhe acalmem os nervos,
Ele a deseja, essa mulher, sua majestade,
E ela também o desejo, amá-lo como um rei,
Acariciar seu rosto e amar com a devoção de uma súdita,
E ele queria, toda vez que ele tirasse seu manto de rainha,
Que ele não fosse tão pesado, e quando ele lhe beijasse a face,
Ela não se sentisse tão sozinha,

Ela era sua majestade, ele era o seu rei,
E os olhos grandes e escuros dele não eram mais tão tristes,
E os olhos grandes e escuros dela, lhe contava uma história,
E os anseios não eram mais impossíveis…o medo se chamava Amor,
O tempo os ensinou, que o medo pode nos surpreender.

“Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares.
Enfeites de ouro te faremos, com incrustações de prata.
Enquanto o rei está assentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume.
O meu amado é para mim como um ramalhete de mirra, posto entre os meus seios.
Cânticos 1:10-13”

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