Random Memories, Random Life…

1 –  Pelas manhãs

Acordamos todos os dias pelas manhãs, com exceção dos domingos livres e dos sábados aos quais não temos que dar nos suores para colocar o bom e velho pão com manteiga, leite e café na mesa. E então fica aquela sensação majestosa e muitas vezes edificante de entrar embaixo do chuveiro para espantar o sono e pensar no que vai ser o dia de hoje. Enquanto a água escorre quentinha, um turbilhão de cenas e possibilidades, feedback de erros dos dias anteriores, tarefas a fazer, planejamento do final de semana, um amor que se foi, um amor que chegou, aquele amor que foi mas voltou…enfim, aquilo que nos move surge com o turbilhão de gotas tímidas ou furiosas dos orifícios de um chuveiro velho ou ducha potente. Somos todos diferentes, mas eu duvido que nenhum de nós tem os mesmos pensamentos num dia qualquer de manhã, afinal, queremos todos ser pessoas melhores, queremos todos que dias melhores cheguem como todas as manhãs. Dias melhores, pessoas melhores e dias menos nublados, e se forem dias nublados e tempestuosos, temos de nos lembrar o quanto o cheiro da chuva nos reconforta depois.

2 – Yellow Raven: válvulas de escape

Where do you go, fantastic dreambird?
Take me away to somewhere
Take me away from here!
Where do you go, fantastic dreambird?
Answer to my yearning
Take me away from here!
Este trecho trata-se de uma música dos Scorpions, mas que é muito melhor na voz do Daniel Gildenlow, do Pain of Salvation, que gravaram um cover maravilhoso e sensual. E vamos falar sobre o que essa música fala, que não é sobre corvos amarelos, literalmente. Eu acredito, na minha concepção, o corvo é uma fuga, uma válvula de escape. Todos nós gritamos, chamamos, clamamos, oramos por uma fuga. Queremos algo que nos leve bem longe dos momentos enfadonhos da vida. Aquela coisa, quando se está de saco cheio, quer fugir para uma ilha deserta, ou simplesmente dizer “foda-se” para alguém, ou, radicalmente dizendo “eu quero mais que você morra”. E eu ainda digo, que isso pode ser para uma pessoa, para a bagunça do quarto, para a chuva que não pára há uma semana. Todos nós queremos ter um corvo com olhos gentis…beijando os raios. Uma válvula de escape para ter uma vida mais leve.


 3 – A lagarta


Ontem eu acordei de manhã quase rastejando. Sou uma pessoa que ama a madrugada, eu tenho uma relação de amor com a noite. Gosto mesmo, acho sexy, minha mente flui melhor quando o dia começa entardecer. Na verdade eu aprecio o dia como um todo, mas quando começa a chegar o entardecer tudo se transforma(não, não sou uma transformista na noite), mas algo acontece comigo, isso é realidade. Me sinto mais bonita à noite, é como se eu tomasse um banho de inspiração. Enfim, acordei de manhã, me arrastando para o chuveiro. Eu gosto disso, água. Gosto de tomar banho ou caminhar para colocar os pensamentos em orde. Depois de finalmente ter acordado, é hora de se arrumar para o trabalho. Levo em média 30 minutos, no total, coloco aí uns 45 minutos a 1 hora para me arrumar pra começar a vida. Antes de sair, passei na geladeira para pegar um suco de maçã e uma vitamina de maçã, banana e mamão, daquelas em caixinha. Ao dirigir-me para o portão, ao olhar para o chão, encontrei uma linda lagarta. Linda mesmo, preta,  um preto bem brilhante, e ela tinha listras verde limão. Fiquei alguns minutos admirando a beleza dela, todas aquelas duas cores. E percebi que ela estava na direção do carro do vizinho que estava a sair. Minutos mais tarde ele iria sair com o carro e ele poderia passar por cima dela. Sendo assim, eu peguei ela e coloquei bem longe de onde o carro poderia passar. Eu peguei ela e ela se contorcia. Pude ver que suas patinhas eram de um tom amarelo-girassol. Coloquei ela em cima do muro, perto de umas plantinhas. Ela poderia comer todas aquelas plantinhas, mas ela era uma lagarta linda, e vai se transformar em borboleta. Eu adoro borboletas…


4 – No terminal Barão Geraldo


Estava com pressa, cansado, eram quase dez horas da noite, e estava voltando pra casa do trabalho. Peguei o 331 na estação do Tapetão, em frente da Medley. Todas as pessoas com suas caras cansadas. Havia uma moça com um livro, um rapaz dormindo com a boca aberta, uma outra mulher com olhos perdidos na janela. Eu estava lá, com meus inseparáveis fones de ouvido, ouvindo Active Child, para ter uma noite mais relax. O ônibus entrou no terminal, eu desci e já fui correndo para o segundo ônibus que finalmente me levaria para casa. Entrei no 326, Vila Independência, que me deixaria quase em frente de casa. O ônibus iria demorar 10 minutos para sair. Fiquei na janela, observando o movimento. Lá fora, chega um rapaz, de cabelos ondulados e docemente bagunçadas. Não era uma beleza comum, não era um rapaz que todas as mulheres torceriam o pescoço para olhar. Era uma beleza exótica, um magnetismo pessoal. Era daqueles tipos de pessoas que possuem algo no qual não conseguimos explicar, pois não é beleza, é simplesmente “alguma coisa”. Ele carregava uma mochila e um violão nas costas, e do nada deu um sorriso cativante. Do outro lado veio uma garota, de cabelos curtos, também levemente cacheados. Não era um mulherão, era uma mulher simples, daquelas que não se preocupam muito, descontraídas, uma beleza natural. Ela chegou devagar e deu um abraço e um beijo calmo e longo no gurizinho de beleza exótica. E então ficaram conversando no pé do ouvido. Ele era mais alto que ela, ela estava conversando com ele na pontinha dos pés. Ele ergueu ela e ela ficou de pé no banco do terminal. Agora ela ficou na mesma altura, rosto colado, olhos nos olhos. Era um casal incomum. Eu vejo muitos casais por aí, mas aquele casal não tinha uma beleza banal. Era um casal que chamava a atenção, pois seus gestos e simplicidade ao demonstrar o afeto, era diferente de todos os demais, era um amor sincero, simples, bonito aos olhos de todos que passavam. Um homem comum, e uma mulher simples.


5 – A relação com a cozinha


Eu sempre gostei de cozinhar. Hoje de madrugada, lá pelas 02h00 da manhã fui preparar algo para comer. Pensei então numa massa. Simples e prático. E quando eu puxei a tampa do fogão para cima, eu acabei de pensar que há tempos eu não fazia aquilo. Desde que eu comecei a morar sozinha, a minha atividade na cozinha diminuiu drasticamente. É chato cozinhar só pra si. A última vez que eu fiz isso, a comida ficou boa, mas não teve graça comer sozinha e ninguém opinar o que fez. É frustrante até!Fiquei 2 horas na cozinha para fazer uma carne na cerveja com ervas e batatas salteadas com nozes. Estava muito gostoso, mas a sensação horrível de comer todo esse requinte sozinha, é a ponto de quase sentar e chorar. Desde então, no meu armário e geladeira só existem coisas práticas. Pão, geléia, creamcheese, biscoito de gergelim(adoro!), cereal, iogurte, suco, Rap10, algum queijo fatiado e frutas. Para preparo, no máximo, macarrão. Quando vou pra casa de meus pais, a vontade de cozinhar volta, pois ali existem pessoas, há uma motivação para fazer aquilo, então eu volto a criar na cozinha. Talvez seja pura preguiça mesmo, mas a real é que não vejo mais sentido em pintar e bordar na cozinha só pra mim. Quero passar longe desta frustração…

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