Essa imagem ilustra como eu me senti essa semana!^^ But i won’t cry for yesterday There’s an ordinary world Somehow i have to find And as i try to make my way To the ordinary world I will learn to survive…
1 – O Silêncio…
Esta semana foi intensa. Muito trabalho, muitas reflexões, e um encontro com uma barata na cozinha. Um sentimento “Kafka”…hehehehhe. Esta semana trabalhei até tarde, fiz minhas aulas de flamenco, andei lendo bastante e meditando em silêncio, até procurei quando vai ter o próximo retiro espiritual Vipassana, um lugar onde você fica afastado de tudo e todos. Uma semana em silêncio, meditando, e rigorosa dieta(frutas e água). Não pode levar celular, nada eletrônico. Escrever pode, desde que seja papel e caneta e não se utilize disso para conversar, e isso me fez lembrar dos tempos de adolescente, nas aulas que não podia conversar, nós costumávamos fazer chat via papel e a conversa fiada passava na sala toda, e o tempo todo nós achávamos que a professora nunca desconfiava de nada. O fato de poder levar papel é muito bom, pois quando eu for vou descrever a experiência do silêncio total, mas ao mesmo tempo isso implica de uma certa forma, na quebra do silêncio, pois vou usar isso para comunicação certo?O ruim é que no momento não tem nenhuma data definida para o próximo retiro, mas enfim, até o final do ano, gostaria de participar, e muito, até porque os retiros são de graça, você ao final, pode fazer alguma doação se achar que a experiência foi válida. Um amigo meu disse uma coisa engraçada, quando eu comentei que vou fazer um retiro:
“Esses encontros devem ser daqueles retiros muito loucos, onde se toma aqueles chás estranhos e onde todo mundo sai transando com tudo e com todos…só que em silêncio!”.
Obviamente, eu, criatura besta que só eu, e digamos com um bom senso de humor, fiz a minha cara habitual de poker face e depois um facepalm e depois caí na gargalhada e ainda completei “Só se eu for comer a Tia do Batman…em silêncio”. Eu até tentei explicar o intuito da coisa, que de putaria não tem nada, mas eu entrei numa crise de riso tão grande, que mal consegui me segurar. Isso porque, nos retiros Vipassanas, homem e mulher são separados, ou seja, nem que eu fosse com um namorado(se eu tivesse), nada de sexo…nem tântrico…para se ter uma idéia, nenhum contato corporal, nem aperto de mão. A castidade é mental(eu fico me perguntando se isso é possível), visual, física…em todos os sentidos!Resumindo, são 7 dias acordando quatro horas da matina, meditação, leituras e dormindo cedo. Talvez isso melhore a insônia!
2 – A Pieguice e memórias de uma Ana quando jovem(muito jovem!)
Insônia: outro problema. Podem ver, são cerca de 01h30 da manhã, eu trabalhei das 09h00 até as 22h00 e não estou com sono. Estou cansada?Sim, estou, mas ao mesmo tempo minha mente está voando e acelerada. Estou nesse humilde blog escrevendo coisas aleatórias, com o Itunes no modo shuffle, e neste exato momento, neste parágrafo estou ouvindo Tribalistas, Velha Infância. Eu ouço isso e sinto saudades da época que música brasileira não se resumia a Michel Teló e música do tchu-tcha…
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Penso em você
Desde o amanhecer
Até quando me deito
Eu gosto de você
Eu gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu Amor
Está aí uma música cuja letra é simples e piegas, mas a sonoridade eu considero muito, mas muito bonita, principalmente nesta parte que eu citei, que é o Arnaldo Antunes recitando. Eu penso a mesma coisa quando penso em Djavan. E as pessoas me olham embasbacadas quando eu digo que gosto de Djavan. Eu gosto, eu confesso, EU FICO PIEGAS!EU SOU PIEGAS! As pessoas me vêem com uma mulher sem coração que só curte sons agressivos, com gritaria, letras tristes e revoltadas, mas lá no fundo eu sou um ser sentimental. Não é pelo fato de eu ser a única mulher em um setor só de homens, que eu tenho que ser uma ogra com peitos. E particularmente, “Um Amor puro” é uma música que me derrete igual chocolate no sol(péssima analogia…péssima). A letra é muito simples, coisa que meu irmãozinho de nove anos faria para a namoradinha dele:
O que há dentro do meu coração
Eu tenho guardado pra te dar
E todas as horas que o tempo
Tem pra me conceder
São tuas até morrer
E a tua história, eu não sei
Mas me diga só o que for bom
Um amor tão puro que ainda nem sabe
A força que tem é teu e de mais ninguém
Te adoro em tudo, tudo, tudo
Quero mais que tudo, tudo, tudo
Te amar sem limites
Viver uma grande história
Aqui ou noutro lugar
Que pode ser feio ou bonito
Se nós estivermos juntos
Haverá um céu azul
Um amor puro
Não sabe a força que tem
Meu amor eu juro
Ser teu e de mais ninguém
Um amor puro
Em falar nisso, na última vez que eu fui na minha casa, em Santa Bárbara, eu encontrei na gaveta do quarto do meu irmãozinho, um poema que ele escreveu pra uma guria da escola. Ele me pegou lendo e ficou todo tímido, e ele disse que aquilo foi uma canção que ele escreveu. Então ele arrancou o papel da minha mão e ficou todo envergonhado. Eu ri muito da situação, mas eu ri porque achei aquilo muito bonitinho, não por maldade, até porque naquele momento eu me enxerguei ali. Quando eu era criança, eu tinha um amiguinho de 7 /08 anos, chamado André Luís, que enviava cartinhas se dizendo apaixonado por mim e que nós iríamos nos casar. Era com ele que eu estava neste acontecimento aqui:
Eu estava voltando da escola, com ele e a irmã dele, que se chamava Graziele(eu acho…não me lembro ao certo o nome dela) e nós encontramos um pássaro no chão(leiam a história, pois não vou repetir). E eu me lembro que naquele momento ele estava comendo aquelas balas quadradinhas de doce de leite (ele adorava essas balas, e eu gostava de dadinho!). E toda vez que eu sinto esse cheiro, dessas balas, eu me lembro desse momento. Eu me lembro que ele colocava uns versinhos e desenhava eu e ele na versão “Desenho Universal”: um homem palito e uma mulher palito, e ele sempre me desenhava segurando uma flor. Então teve um dia que ele me deu uma flor, que ele arrancou do jardim de uma mulher muito brava, pois eu costumava roubar as flores dela para dar de presente para minha mãe. E então, todos os dias ele me dava uma flor, e eram flores diferentes, pois ele não gostava de repetir. E o mais engraçado é que nem selinho de criança rolava. Nós namorávamos do nosso jeito, e para nós, namorar era ir e voltar da escola junto, de mãozinhas dadas.
Ele apenas me dava flores, arrancadas sem culpa, Das casas ao redor do caminho da escola, De mãos dadas, despreocupados, caminhamos, Nós nunca nos beijamos, e ele dizia, “Então nós vamos nos casar…” E quando isso acontecer, eu vou te dar um beijo…
Vamos descrever o que é piegas?Piegas é aquela pessoa melodramática, “dramaqueen”. Hoje eu fui piegas, quando fui tomar danone e só tinha meio copo…e eu estou sem grana para comprar danone, e mesmo se eu tivesse, cheguei tarde do trabalho e estava com preguiça($) de ir no Dalben, que fecha meia noite. Enfim, fiquei de bibibi porque fui seca no danone e não tinha mais. E a vida é assim, quando você está com vontade, pode ficar apenas chupando dedo. Me contentei então com leite e ovomaltine…oh como sou juvenil!!!
“Tudo os aluno criado a leite com pêra, a ovomaltino, a pão com mortandela!”, Prof. Gilmar
Neste caso, fui piegas também, mas isso não é só no sentido dramaqueen. Temos a pieguice no sentido do ser romântico. Todo poeta é romântico de uma certa forma. Eu não sou poeta, mas me arrisco, mas não ao ponto de ser poeta, mas quando eu sou, eu uso a pieguice romântica sentimental ultra-esquerdista. Ser piegas é se emocionar escutando Daniela Mercury, “A primeira vista”, de madrugada, cantando desafinado mentalmente, para não acordar os vizinhos, ou querer sair correndo na rua, ou quase chorar de emoção escutando Ney Matogrosso interpretando Cazuza, naquela música, “Poema”:
Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança…
Esse detalhe me lembra do desenho do pica-pau…episódio clássico, mas sem backing vocals, roupas pretas e luvas brancas. Sinto saudades do pica-pau, mas vejamos…na merda da história toda, estou mais para o índio. Ba tum disssss!O que vai querer meu chapa?Ah, bravo Figaro!Bravo, bravissimo!Bravo! La la la la la la la!
3 – A Barata: o processo na cozinha
Nesta semana, especificamento na terça-feira, saí do trabalho e fui para a aula de Flamenco. A aula começa as 20h30, saí dela as 21h30 e voltei pra casa. Resolvi ir na cozinha pra comer um iogurte com cereais. A cozinha do lugar que eu moro é compartilhada, e fica do lado de fora. Não costumo ir muito lá, porque quase não paro em casa em dias de semana. Praticamente, é muito difícil eu fazer alguma refeição em casa. Sempre compro coisas práticas, como pão, leite, iogurte, cereal, sucos. Nada além disso, até porque acredito que não daria muito certo, até porque o meu senso de “fazer comida somente e exclusivamente para minha adorável pessoa”, ainda não foi configurado. Eu cheguei, coloquei minhas coisas do trabalho em cima da cama, peguei meu livro do Stieg Larsson e levei pra cozinha. Gosto de ler enquanto como alguma coisa. Eu sei que é errado, mas não tem coisa mais prazerosa do que comer cereal lendo. Tirei os sapatos, coloquei algo confortável e fui para a cozinha. Primeira coisa foi abrir a geladeira e tirar a garrafa de iogurte. A tigela de cereais estava me aguardando toda sorridente e bonitona. Ela esperava ansiosamente para enchê-la de Amor, que neste caso é o meu adorável sucrilhos com mel da Nestlè. Mas eis que me deparo com uma baratona nojenta, enorme, marrom e cascuda, em cima da mesa de mármore. Quem lê, imagina que o lugar é sujo, mas não é, está sempre bem limpo, mas o fato da cozinha ser do lado de fora, acaba complicando. Naquele momento, ao ver aquele ser das trevas, eu entrei em choque. Foi cômico, pois eu fiquei encarando aquela coisa horrível, com uma garrafa de danone na mão e na outra a caixa de cereais. E por um instante eu achei que aquela coisa fosse voar pra cima de mim. E então eu permaneci em silêncio, achando que ela iria se tocar da minha presença e iria se mandar dali, afinal, eu precisava pegar o meu livro em cima da mesa. Mas não adiantava, aquele bicho asqueroso, como diz o meu amigo Brunão, sobre a vida o universo e tudo mais:
Queria o meu corpinho nu, banhado no óleo de dendê
E eu fiquei lá, e a maldita barata me encarando, e chegando cada vez mais perto do meu livro. E eu queria pegar o livro, mas ela estava lá e a Lei de Murph caminha comigo desde quando eu nasci, logo a probabilidade dela voar pra cima de mim, poderia ser particularmente altas.
Você quer uma barata Ana???Elas voam Ana, elas voam, e você pode voar com ela também!
“Cê ri né?Cê acha engraçado!” Andersão sobre tudo…
Enfim, ela ficou lá me olhando, e então eu pensei que se bicho continuasse vivo, mais tarde ela poderia entrar por baixo de minhas cobertas, ou caminhar nos meus pés, como aconteceu uma vez lá em Porto Alegre, quando uma barata resolveu subir nas minhas pernas dentro de uma loja. Obviamente, nunca mais voltei naquela loja. Quando eu resolvi criar vergonha nessa minha cara e e deixar de ser mulherzinha, a desgraçada fugiu. Fui lá, peguei o meu livro, enchi a tigela, guardei o danone e fui para o quarto ler meu livro. Eu e aquela barata não podemos ocupar o mesmo ambiente. E toda vez que eu vejo insetos asquerosos e tenho de matá-los, eu lembro da filosofia budista. Reza a lenda que eles não matam uma barata, pois pode ser um tio que já se foi…batumdissss!
Eu não corro essa risco, pois minha risada é huahuahuahuahuahuaa, e quando o assunto é vingança, minha risada é “muahahahahaha”….
4 – Pastéis Matutinos
Imaginem o seguinte cenário. Você acorda pela manhã, quase morrendo, principalmente se for um ser que “morcega” na madrugada. Você tem que ir trabalhar, porque afinal, como diz a minha sábia e querida mãe:
Mente vazia minha filha, oficina do diabo!!!
Então, imaginem, acordar, se arrastar no quarto e partir para o chuveiro. Eu como mulher, tenho meu arsenal de coisas cheirosas, tal como perfumes, águas de banho, óleos perfumados, coisas de mulherzinha. Então é nesse momento que acabo acordando de vez, ou muitas vezes puxo um livro da cabeceira, leio algumas páginas e depois vou para o banho. Sendo assim , me arrumo para ir trabalhar. Passo um perfume, creme nos cabelos, creme hidratante que combine com o perfume(aqueles que é da mesma linha, eu tenho o creme e o perfume de sândalo do águas de Natura…muito bom!), enfim, eu gosto dessa coisa, adoro “memórias olfativas”. Cheiros me remetem a lugares remotos, lembranças, logo, eu sou alvo fácil em lojas de perfumes, cosméticos em geral. Pronto, depois de meia hora, me perfumei e me arrumei para ir trabalhar. Passo na cozinha, tomo alguma coisa, e vou para o ponto de ônibus que é quase em frente de casa, coisa de 15-20 metros de distância do portão. Coloco meus fones no ouvido e se tiver um solzinho em alguma região da parada de ônibus, eu fico lá no solzinho, pois acho divino um sol de inverno pela manhã. Eu pego o 326(Vila Independência) ou 325(Vila Isabel). Ambos vão para o Terminal Barão Geraldo. E aí que entra a questão “Pastel”. Do lado de fora do terminal Barão Geraldo tem uma pastelaria do lado de fora, atravessando a rua, em frente ao ponto de táxi. Até aí, tudo bem!Pastel é uma delícia, coisinha linda e iluminada de Deus, principalmente se for acompanhado por um caldo de cana com limão, suco de laranja ou refri de garrafinha, conhecido como caçulinha, na minha cidade é o Esportivo, que é muitoooo bom!!!!Ohhhhh Santa Bárbara queridaaaaaaa!!!
Voltando, chego no terminal, e pego 134, ou 333 ou 331, esses param num ponto de ônibus bem próximo de onde eu trabalho, sendo que em agosto, vai ser quase em frente, pois a churrascaria Coxilha dos Pampas vai sumir dali e nós vamos expandir. Então, onde quero chegar com os pastéis?É muito simples. Eu tomo banho, eu me arrumo, fico cheirosa. Aí entra no ônibus uma maldita pessoa enviada pelo demônio, comendo pastel, 08h00 da manhã…e eu, a estas horas, estou azul de fome. E o cheiro de pastel é algo muito bom, soberbo, excitante, do ponto de vista alimentar(eu não quero nenhum corpinho nu banhado num oléo de pastel…). O problema disso tudo, é que todo o seu investimento para ficar agradavelmente perfumada, vai por água abaixo. A lei de Murph me persegue, e as pessoas pastelentas sentam DO MEU LADO, ou seja…eu fico cheirando pastel!!!!!
Ana, que perfume você passou hoje????
Hoje eu estou usando o “Pastelon de Carné”, é francês, da marca L’entraîneur Baron Gérard…
Resumindo…o cheiro de pastel impregna sua roupa, seu cabelo, sua pele e você fica passando vontade o dia inteiro!#CHATEADA COM ISSO TUDO!
Prefiro Frango com Catupiry ou calabresa…
5 – Heath Ledger
O Joker era a única pessoa deste mundo que ficava muito bonito sem maquiagem!Se é que vocês me entendem…
Se tem um homem que eu perderia as estribeiras, que eu entraria em estado de graça, este é Heath Ledger(o outro é o Ewan Mcgregor). E nesta semana eu entrei em um cômico estado de ebulição. Estava eu lá, no hemocentro do hospital Vera Cruz, em Campinas. Faz tempo que eu não doo sangue, então como tenho hora-extra bagaralho, resolvi fazer uma boa ação. Eu deveria ter chegado cedo, o hemocentro estava cheio, então tive que esperar alguém terminar a doação. Sentei lá na salinha de espera e fiquei lendo “Os homens que não amavam as mulheres”. Eis que de repente a porta se abre e um cheiro muito bom de perfume masculino(estou chutando que seja o “Quasar” azul, da Boticário) entra na sala. Disfarçadamente eu levanto os olhos do livro e…NOSSA SENHORA DA BATATINHA PODRE EM CONSERVA…NOSSA SENHORA DOS OVINHOS COLORIDOS EM CONSERVA DO BUTECO DA ESQUINA!!!O ser era a cara d Heath Ledger…sem tirar nem por.
Entrei em estado de graça… You’re just too good to be true…can’t take my eyes of you!
Eis que meus hormônios chegaram no pico do Everest. Então eu dei um sorriso sem graça, porque o filho da manhã disse “Bom dia” e eu acredito que o meu riso ficou largo igual a cicatriz do Coringa quando eu vi tamanha belezura australiana(Heath Ledger era australiano). Ele pegou uma revista e sentou do meu lado. Deu uma folheada na revista e eu lá, quietinha com os olhos nas páginas do livro(nessa altura do campeonato eu nem sabia mais o que eu estava lendo ali…). De repente: “Gosta de ler?O que está lendo aí?”, então eu sorri e mostrei a capa do livro, “Eu tenho os três, adoro esse livro!”, “Stieg Larsson escreve muito bem!Você está gostando?”
Sim…adoro ler…adoro…
Depois que o ser iluminado me disse isso, eu me senti como uma adolescente besta, fechei o livro e começamos a falar a respeito, E AINDA PERGUNTOU SE EU ESTAVA ATRAPALHANDO A LEITURA!Eu disse que não, óbvio. Então ele disse que tem a trilogia em filme, de um diretor sueco, que ele aconselhava eu assistir. E falamos sobre Lisbeth Salander, e ele então construiu uma visão brutal da personagem, e disse me perguntou se eu também tinha vontade de conhecer a Suécia ao ler o livro. E não foi só isso, falamos sobre a vida, o universo e tudo mais. Ele está fazendo mestrado em letras e vai para portugal dentro de 2 meses e depois para a Alemanha. E então eu perguntei se ele sempre doava sangue. Aí ele disse que era a primeira vez, pois o NAMORADO dele…isso…isso mesmo caros colegas…sofreu um acidente e o sangue dele era compatível. Ele estava internado no hospital Vera Cruz e a cirurgia seria nesta próxima segunda, e muito provavelmente ele precisaria de sangue, mas disse que estava fora de risco, não precisaria de muito. E então ele pegou o celular ( um Samsung S3) e começou a mostrar as fotos dele com o namorado(uma delas em Amsterdam, na Holanda). E pasmem…o namorado dele era lindo também, mas ao contrário dele, tinha um “q” que gostava da coisa. Então ele foi chamado para a triagem e me desejou boas leituras e boa sorte na vida. E finalizou que me achou muito bonita. E eu fiquei o dia inteiro me perguntando se por um acaso eu joguei saquinhos com urina na cruz, porque Jesus Amado…o que eu fiz de errado?
Eu, por dentro fiquei exatamente deste jeito quando ele mostrou ele e o namorado pelas ruas de Amsterdam…
E foi assim. Voltei para o trabalho #CHATEADA, contei a história para os miguxos e vou resumir numa imagem já repetida neste post, sobre o que eles acharam disto tudo:
Hahahahahhahahahahaha!Se fodeu!!!!!Fuuuuuuuuuu!
Como meu amigo Brunão diz, homem que é homem chega na mina coçando o saco e diz: “E aí mina, tamo aí nessas carne?”. Homem que chega e diz que gosta de ler, escreve, curte música de qualidade e não quer somente teu corpinho nu banhado no óleo de dendê, segundo ele, é apenas seu amiguinho gay, que vai fazer francesinha na sua unha aos finais de semana. o.O
E para encerrar esse abençoado e enorme post, vai a música cuja refrão eu fiquei na cabeça a semana toda e que deu parte do título desse post. Eu digo, esse mundo é ordinário, mas eu amo infinitamente tudo isso. Coloquei os outros vídeos inspiração também. C’est fini! C’est la vie !
All flowers in time bend towards the sun,
I know you say that there’s no-one for you
But here is one, here is one… here is one
Um sorriso estarrecedor do Amor velho, surdo e mudo,
Meus olhos te veêm como uma escuridão mal-compreendida,
Sua natureza cheia de dualidades, na sua escuridão,
Eu posso ver suas cores embora não acredite nisso,
Nesta noite, pode acreditar, meu sorriso tão tímido,
Meu sorriso seria mais completo se estivesse por perto,
Mas você não acredita nisso, sou apenas uma mulher,
Querido, sou apenas uma simples mulher nesta noite,
Voltei para casa nesta noite, pensando em ti,
Com um sorriso triste, eu olhei pela janela,
Então eu pude relembrar sua imagem, atravessando a rua,
No mesmo lugar que eu lhe vi dias atrás, dentro de um ônibus,
E eu me lembro, que naquele momento, tristemente,
O tempo, a razão, tudo parou naquele momento, sem sentido
E então eu não pude fazer nada além de sorrir,
A vida naquele momento, estava em movimento…
Eu acredito velho Amor, eu existo, uma simples mulher,
Talvez seu ódio ou medo me afaste, eu sinto o Tempo,
Me enamorar com os olhos, somente ele, me vê agora,
Nesta manhã sonhei contigo, mas o que lhe importa isso?
A única coisa que eu tenho de ti, são meus sonhos,
E muitas vezes eu não consigo mais recordar que vi teu rosto,
A única coisa que eu vejo são traços difusos, como uma pintura,
Uma pintura triste, com vários borrões, mas eu sinto,
Seu cheiro numa forma tão realista que acordo assustada,
E por instantes eu gostaria de nunca mais acordar.
Mas meu amigo, o que importa?Você não se importa?Sinceramente, eu não sei…
Eu me curvei aos seus pés, eu ainda permaneço de joelhos e eu continuo te olhando,
Mas meus joelhos doem tanto, se ao menos eu conseguisse, me levantar,
Eu poderia lhe dar um beijo imaginário de Adeus, quando eu me levantasse,
Eu olharia dentro de teus olhos, poderia acariciar teu rosto pela primeira e última vez,
E poderia como uma ciborgue, emular um frieza destemida e dizer-lhe,
“Adeus meu velho amigo, adeus meu velho amor, adeus minha coisa doce,
“Adeus criança bonita”, eu lhe toco com minhas velhas luvas brancas, apenas para não sentir,
Estas minhas mãos tão frias e trêmulas a lhe tocar suavemente.
Esta noite eu poderia cantar alguma canção, mas minha voz desapareceu…
E eu me sentia tão completa quando você me olhava nos olhos,
Porque tu, meu velho e singelo Amor, com sua deliciosa conversa de fim de dia,
Foi o único a ver minhas verdadeiras cores, e não um esboço, em preto e branco,
E então a única coisa que me resta é apenas suas fotografias que eu evito,
E hoje eu vejo, que era somente isso que eu poderia ter, tua beleza estática.
Oh Deus!Abençoe cada momento dessa Mulher tola incapaz de esquecer,
Oh Deus!Abençoe cada momento deste Homem que amo, tão distante e frio
Talvez querido, se eu tivesse te tratado mal, como um brinquedo velho,
Um jogo de marionete, talvez se eu tivesse pisado e cuspido no seu ego,
Talvez se eu tivesse zombado do seu orgulho, mas eu apenas te amei,
Eu apenas te amei e sinceramente também te odiei nesse teu silêncio,
Criança bonita, só Deus sabe o quanto eu te amo silenciosamente,
Apenas Deus sabe que ao mesmo tempo que eu lhe ofendo em pensamentos,
Quando eu te mando para o Inferno, eu queria ir contigo também.
Somente fui sincera o tempo todo dando esse meu rosto para bater,
E eu sinto ele tão dolorido o tempo todo, eu amava…Deus sabe o quanto eu amava,
Passar a noite conversando contigo…e o Tempo passava tão rápido, e eu me sentia tão bem.
E eu me pergunto o tempo todo, o que eu fiz de errado?Sou tão imbecil assim?
Pela primeira vez nesta vida eu fui mulher, talvez…Meu Velho amor, eu deveria,
Eu deveria ter silenciado como uma noite fria e vazia, eu deveria meu querido,
Ter te amado como todas as paixões furtivas de meus velhos 15 anos,
Paixões platônicas de uma colegial tímida, com livros a tiracolo e blocos de anotações,
Apenas te amar no silêncio devastador, eu estaria talvez, menos triste agora,
Esta noite eu poderia escrever um poema mais alegre, não sincero e insensato,
Esta noite eu poderia amar qualquer outro homem, brincar de gente adulta sem compromisso.
Esta noite eu poderia negar todo e qualquer sentimento por ti nos braços de outro homem,
Mas esta noite, meu Amor, meus olhos grandes alegremente tristes, são somente teus.
Se tu ao menos me olhasse nos olhos, mas você é apenas minha velha incógnita,
E como você disse, “nós não nos conhecemos não é?”, eu deveria ter lhe escutado,
E me ausentado por um longo tempo, até que meus sentimentos fossem embora,
Mas eu me aproximei demais e agora eu não tenho mais forças, eu já estou perdida.
Eu queria apenas me encostar em teus ombros e te contar alguma história,
Eu queria apenas te fazer rir, eu ficaria feliz se eu te fizesse sorrir,
Eu queria apenas lhe dar as mãos e te desejar boa noite todos os dias,
Eu queria apenas que tu afastasse meus cabelos de meus olhos, e me pedisse,
Que eu não me esconda mais, porque você nunca me olhou nos olhos.
Eu não tenho mais forças para ser sensata e deixar de te amar, talvez, eu deveria,
Gastar todo meu amor nos braços de outro homem, mas esta noite meu Amor,
Nesta velha esquina com luzes amarelas, eu apenas espero com todo o meu Amor,
Este velho homem que um dia me disse que não entendia como eu poderia amar, se…
Nós nem ao menos…nos conhecemos…nem ao menos fomos apresentados, um ao outro.
Nem ao menos…nem ao menos…mas você me cativou e por isso meu querido,
Por isso que agora você é único neste mundo…ao menos, aceite isso, sem me julgar.
E quando se perguntar porque eu te amo, lembre-se disso,
Não é algo tão difícil de entender, lembre-se disso minha doce incógnita,
Lembre-se disso quando me ver atravessando a rua, com pressa e distraída.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro…
Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
…Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol! Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros.
Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música…
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1ª citação: Trecho da música “All Flowers In Time Bend Towards The Sun”, cover de Jeff Buckley, com participação especial de Elizabeth Fraser. A música é composição de Jeff Beck, mas como sempre, os covers de Jeff Buckley são muitas vezes melhores que o original.
2ª Citação: livro infantil que serve para uma vida toda: “O Pequeno Princípe”, de Antoine de Saint-Exupéry.
Este bichinho simpático é conhecido como Eremita. Ele vive sozinho dentro de sua concha, mas ele necessita da interação da Anêmona. Isso se chama Simbiose. Nós, humanos, assim como o Bernardo-Eremita aí da foto, temos que aprender a conviver sozinhos e ao mesmo tempo conviver com outras pessoas ao nosso redor. A solidão não é benéfica quando vista da perspectiva da redoma de vidro.
We sail,
through endless skies,
stars shine like eyes,
the black night sighs.
Estive muito tempo pensando sobre a solidão. Aquela questão de se aprender a conviver bem consigo mesmo, sem ter que viver dentro de um escudo de isolamento. Aquela coisa de se conhecer. Quantas pessoas já separaram um tempo para colocar a vida em ordem, tirar um tempo para si, mas sem ter que se afastar de tudo e de todos? Isso não significa ser uma pessoa egoísta e anti-social, que não quer ver outras pessoas pela frente, não significa que você odeia as pessoas ou que é uma pessoa triste e infeliz, apesar de neste período normalmente diminuirmos bem as interações sociais, por estar num profundo momento de reflexão pessoal. Estou falando de solidão, em ambos os sentidos, digamos, espiritual e pessoal também, não somente na condição de relacionamentos amorosos, capiche?
Conhece a ti mesmo?Não somos meros coadjuvantes nessa vida, a vida é como uma simbiose entre uma anêmona e um paguro-eremita, ela é harmoniosa e recíproca quando sabemos viver respeitando os espaços um do outro, sem exigências e sem exigir nada em troca, trocando experiências de vida, de maneira que os indivíduos cresçam. O paguro tem a proteção da anêmona que protege sua estrutura frágil, a anêmona se beneficia do deslocamento do paguro para obter alimentos de maneira mais ágil. Vivemos em simbiose, uma proto-cooperação. Quem vive em uma redoma de vidro, é sufocado pela própria existência. A solidão só é benéfica quando temos um tempo para aprendermos mais sobre nós mesmos e nos tornarmos atores principais de nosso próprio palco, afinal nós nascemos sozinhos, e isso é uma condição natural do homem. Quando aprendemos a lidar com nossa solidão, nos tornamos fortes o suficiente para sermos anêmonas ou paguros na vida de outras pessoas.
Como eu já escrevi no post anterior, eu costumo fazer uns programas “alone”. Eu gosto de por exemplo, entrar numa livraria ou numa FNAC da vida e ficar horas e horas lá dentro, ou sair para caminhar, 1 ou 2 horas de caminhada diárias. Eu faço isso para colocar os pensamentos em ordem, para ter novas idéias, pensar e repensar em atitudes, e muitas vezes apenas observar ao redor. É um tempo que reservo pra mim, esqueço trabalho, esqueço tudo. Eu vou para a aula de flamenco, e depois faço uma caminhada em Barão Geraldo, até chegar em casa. Já me falaram que é perigoso, mas enfim, existem pessoas que certas coisas só na base da porrada mesmo. Eu gosto de caminhar, e gosto de caminhadas noturnas. Eu sempre achei a noite uma coisa belíssima, assim como finais de tarde, quando fica aquele clima barroco no ar, jogos de sombra e luz, aquele céu meio laranja, ou arroxeado.
Quando saio, depois das horas na livraria e algumas vezes cinema, eu gosto de sair para tomar um vinho e comer alguma coisa, fazer uma “gordice” solitária. Costumo ir no restaurante Monte Bello, no Parque Dom Pedro. Lá tem rodízio de pizza por preços bem acessíveis, e tem aquele suco de uva integral Mitto, que é uma delícia. Vinhos eu costumo tomar no Giovanneti, que possui uma carta de vinhos de melhor qualidade, ou compro uma garrafa e levo pra casa, para tomar enquanto leio ou escrevo algo, ou simplesmente ficar sentada largadamente na minha cama pensando na vida. Vinho é uma bebida para se tomar vagarosamente, pensando na vida, uma bebida para se tomar sozinha(o) com no máximo mais uma pessoa, se é que me entendem…sabe…o clímax…vinho vermelho igual paixão…capiche?São nestes locais, dentro de restaurantes, que eu me sinto julgada. É engraçado a reação das pessoas ao ver uma pessoa comendo pizza sozinha, parece bizarro, mas acontece mesmo. Quando eu entro no restaurante, depois de ter escolhido a mesa e disposto as minhas comprinhas numa cadeira ao lado, o garçom pergunta se estou esperando alguém e eu respondo que não. No restaurante Monte Bello, como já sou cliente assídua, na última semana o garçom perguntou se poderia fazer uma pergunta pessoal: ele me perguntou se eu não me sentia sozinha, e eu sempre fui pra lá sozinha, de noite, aos finais de semana, em um lugar cheio de pessoas confraternizando, casais trocando juras e carinhos suaves no rosto, dividindo garrafas de vinho, tomando na mesma taça, ou entrelaçando as taças, ou muitas vezes discutindo a relação. As pessoas olham para você como se fosse uma pobre coitada, elas te olham e comentam a sua “solidão” com as pessoas ao lado, e eu apenas observo ou simplesmente tiro um livro da sacola e me coloco a ler, intercalando a leitura com algumas espiadinhas ao redor. Sou uma pessoa detalhista. Eu gosto de detalhes, gosto de observar. Eu sento em uma mesa, gosto de observar o movimento, o comportamento das pessoas, seus gestos, peculiaridades e eu me sinto absurdamente viva, e acho engraçado a reação das pessoas: “Ana você vai num rodízio sozinha?”, falou um amigo meu com cara de espanto, como se isso fosse a pior coisa do mundo que acontecesse na vida de alguém. Eu vi, algum tempo atrás, um trecho do livro “Quando Nietzsche chorou”, do Irvin Yalom, que falava sobre a solidão. Dizia o trecho que a pessoa que sabe abraçar a solidão, que sabe viver como uma águia, será uma pessoa mais forte em um próximo relacionamento, porque não usará o(a) companheiro(a) como um escudo anti-isolamento. Eu vejo muitas pessoas por aí em um desespero quase doentio, em um medo intenso de ficarem sozinhas, como se a solidão fosse um bicho de sete cabeças e que a vida será assim sempre, como se a pessoa será “forever-alone” para a vida toda. Eu tenho uma amiga que brinca que ela vai ser daquelas pessoas que sentem compulsão em pegar animais, ela diz: “Eu vou ser aquelas tias com mais de 100 gatos e muitos cachorros cagando alucinadamente no quintal e eu a recolher fezes o dia inteiro, porque a única coisa que me restará é o amor dos animais, pois eles não pedem nada em troca, faça um simples afago diário, os leve para passear, água e comida, apenas isso”. Concordo sobre a opinião dela sobre o amor incondicional dos animais…Mas acredito que não é bem assim que funciona. As coisas apenas acontecem na hora e momentos certos que tem que acontecerem, as consequências que vêm depois são unicamente culpa de nossos atos. Se agirmos corretamente e sermos sensatos, as coisas vão se encaminhando, mas…é tão difícil não tropeçarmos e deixar de sorrir para a impulsividade, deixar de agir sem pensar…
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo e não no outro.
A grande maioria das pessoas vêem a solidão, tanto amorosa quanto “social” como uma espécie de morte, e querem desesperadamente preencher o vazio que sentem com a primeira pessoa disponível que aparece pela frente, muitas vezes, brincando com sentimentos ou no caso da solidão “social”, o fato de não serem capazes de ir numa sessão de cinema desacompanhadas, por exemplo. Lógico que Amar é bom, sair com os amigos, todo mundo quer uma pessoa ao lado certo?Todo mundo fica angustiado quando está amando alguém e não pode ter a pessoa ao lado, afinal, é bom ter alguém para partilhar as emoções do dia a dia, ou quando não tem nenhum amigo para acompanhar numa festa, ou assistir um filme e rachar a pipoca.
Quando falamos sobre os relacionamentos amorosos, pessoas que conseguem lidar com a solidão, sabem respeitar melhor os espaços, sufocam menos o relacionamento, pois passam a enxergar que todo mundo precisa de um tempo para si. Eu confesso que o sufocamento e a pressa foi um dos fatores que me fez terminar um longo relacionamento. Eu tenho colhões o suficiente para admitir, que o fato de eu não ter aprendido a conviver com a solidão, como hoje estou sabendo lidar, me fez sufocar o meu companheiro de uma certa forma, e eu não enxergava que eu conseguiria fazer as coisas sem depender dele. Uma amiga me disse um dia que eu era muito dependente, na época eu discordei, mas hoje eu vejo que sim, eu era muito dependente, e eu não precisava disso. Claro, isso não foi, o fator principal do término, mas colaborou para o desgaste, para as brigas intermináveis, a falta de diálogo, troca de ofensas.
Depois que terminei o meu relacionamento e voltei para minha cidade natal, me senti desnorteada. Muitas vezes sentei e chorei porque não sabia o que seria da minha vida dali em diante, porque toda a minha vida virou de pernas para ar. Foi como se eu fosse uma criança perdida. Aos poucos e com apoio de minha família e amigos, fui reconstruindo minha vida, e foi como se eu tivesse renascido. Quando eu arrumei um emprego, decidi que sairia da casa de meus pais, até porque nos últimos 2 anos, morei fora, tinha uma certa independência. A princípio eu queria dividir um apê ou uma casa com alguém. Mas depois, eu repensei e decidi morar sozinha. Hoje eu digo que foi a melhor escolha que eu fiz. Nunca amadureci tanto em curto espaço de tempo. Hoje eu me amo mais, enxergo o mundo com outros olhos. Eu posso dizer com todas as palavras que nunca me senti tão mulher como eu me sinto hoje. Hoje eu sou uma mulher que acredita no meu poder pessoal, muito mais segura de minhas atitudes, uma pessoa sem medo. Antes eu tinha muito receio de demonstrar uma atitude, de demonstrar sentimentos. Hoje eu não perco mais o meu tempo, me escondendo atrás de um muro alto. Eu aprendi a dar a cara para bater, é como ligar o botãozinho foda-se. Antes eu me preocupava muito com o que os outros vão achar. Hoje não mais. Eu escrevo neste humilde blog, e não estou preocupada com estatísticas, não estou preocupada se alguém ou ninguém vai ler, se vão falar a la Bocage, “Esses poema “ficaro” uma bosta”. Antes, eu escrevia meus poemas e jogava fora, porque eu achava que ninguém ligaria para o que estava escrito ali, porque eu achava que tudo o que eu fazia teria de ser importante para os outros. Escrever me faz bem, me lava a alma, me deixa mais leve, porque eu tiro tudo aquilo que eu gostaria de dizer, de uma certa forma é a forma de me mostrar quem eu sou para o mundo. É muito mais fácil me conhecer pelos meus textos, pois tem muitas coisas que eu demonstro ser somente aqui (“Nossa Ana…não sabia que você era romântica…”). É neste endereço humilde e gratuito que eu mostro todas as minhas cores, e lá fora, muitas vezes eu estou apenas em preto e branco. Ficaria muito feliz se alguém elogiasse tudo isso aqui, se tivesse mais comentários, se a pessoa que eu amo e destino 99,9 por cento dos meus poemas não profissionais mas não tão horríveis assim, porém extremamente sinceros, desse mais atenção para o que está escrito aqui, e aparecesse fazendo algum comentário extremamente sutil (eu adoro sutilezas, acho extremamente elegante) ou apenas escrevesse qualquer, mas qualquer coisa,poderia ser “Esses poema “ficaro” uma bosta” , mas isso não é mais um fato de exclusão, de jogar tudo num buraco e colocar fogo, como fiz com meus escritos que eu tinha dos meus 15 aos 20 anos. Eu não vou excluir o blog porque ele não passa da média de 5 a 15 acessos. Aprender a conviver com a solidão, me fez enxergar que a vida está aí para darmos a cara pra bater, e como diz o sábio médico Flavio Gikovate, a solidão não é vergonha, é dignidade.
E para encerrar o texto de hoje, eu sou teimosa e não aprendo, eu não posso encerrar isso sem falar de Amor, mesmo que seja um Amor que muito provavelmente nunca vai dar em nada, talvez porque deveria ter ficado quieta como sempre, pois eu nunca dei a cara para bater, e nunca fui de demonstrar sentimentos, pois tinha muito medo de julgamentos. Um dia uma pessoa muito especial e que hoje está desaparecida a dias, muito provavelmente ao inferno de final de semestre ou outro motivo qualquer(talvez alguma abdução alienígena, vai saber…), me disse que estava brincando de ser eremita, e eu me lembro(tenho memória de elefante) que ele disse “quando eu brinco de eremita…”. E foi com ele que eu aprendi que brincar de eremita é uma coisa muito bonita e capaz de mudar a forma de enxergar a vida. E desde então eu vivo aqui na minha casinha, na minha montanha particular observando um lago azul imaginário lá embaixo. Talvez eu encontre este belo ermitão por aí, sentado nas pedras(conversando com os musgos, quem sabe, ele disse que ainda não chegou ao ponto de conversar com pedras musguentas), pensando longe, muito longe. Eu daria tudo por pelo menos 1 por cento do que se passa naquela cabecinha complexa e adorável. Talvez, um dia, caso nos encontrarmos, poderíamos acender uma fogueira, sentarmos os dois numa pedra, e então eu vou contar uma história, pois um dia este velho homem me disse que gostava de história…
“Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.”
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Primeira citação: Trecho de Planet Caravan, do Black Sabbath.
Segunda Citação: Flávio Gikovate, médico psicoterapeuta especialista em relacionamentos humanos. O cara é genial e tem argumentos e contra argumentos sobre tudo no que se diz respeito a relacionamentos.
E o tema de hoje será: Fluxograma…MEU FUTURO NÃO MUITO DISTANTE
E hoje não vou vou ficar somente nos meus poemas horríveis, dignos do meme Bocage dizendo “Esses poema ficaro uma bosta”. Vou voltar para a prosa durante um tempo, porque faz tempo que tenho algumas coisas a serem publicadas neste formato. Navegando a toa(como sempre) no Facebook, eu encontrei a historinha acima da Mafalda. Nem preciso dizer que eu achei genial, e quase bati palmas para toda a ironia contida na história, obviamente fui obrigada a compartilhar. E isso me fez pensar muito, sobre aquilo que pensamos para o nosso futuro. Fiquei pensando neste tema o dia inteiro, limpando minha humilde kitnet escutando as músicas super-otimistas e fofinhas do Pain of Salvation (sarcasm detected my dear?)… É engraçado como a maioria das coisas que nós planejamos saem completamente diferentes. Um exemplo, eu já quis ser médica e trabalhar em IML e investigações criminais…coisa puramente C.S.I. Claro, analisando a historinha da Mafalda, nos deparamos com aquelas coisinhas dignas de um conto de fada modificado (para bons entendedores, sabe-se que os contos de fada não são nada daquilo na real), e infelizmente(ou seria…felizmente?) ainda existem pessoas que acreditam que vão ser felizes e bonitas para sempre, ao lado do homem/mulher perfeita, com muito dinheiro e filhinhos lindos, asseados e que nunca pegarão resfriado, porque a mamãe perfeita não quer limpar nariz melequento de criança birrenta. No meu atual fluxograma a única coisa que eu quero mesmo é quando eu tiver uma casa que não seja uma kitnet minúscula, eu queria um atelier e uma biblioteca separada. A casa pode ter apenas um quarto, cozinha, banheiro, sala, mas terá que ter um espaço para as minhas tranqueiras e livros…muitos livros. E um cachorro, e um gato para que eu possa rir das desavenças entre eles e também pelo fato de eu amar animais, sempre gostei de bichos, e eu posso dizer que com certeza eles fazem parte do meu fluxograma. E para não falarem que eu sou um ser cruel e sem coração, um homem que me ature e me ame do jeito que eu sou, não precisa me dar jóias, não precisa ter carro, pode ser pobre igual eu, mas que me aceite do jeito que eu sou, com todos os meus defeitos e minha chatice, e que aceite meu Amor também, porque afinal eu quero Amar e não ter um gigolô ao meu lado para me dar doses de amor, carinho, sexo e compreensão, afinal, a idéia de homem-objeto só é legal quando o homem para chamar de seu diz: “Meu bem, hoje quem manda é você”, mas quando o assunto é gigolô por uma noite, não fica legal, porque afinal, para usar e abusar de um homem, você tem que conhecê-lo, enfim, é o que eu penso, na real, quem me conhece, sabe que eu não costumo me aventurar em sexo casual, e muito menos sexo pago, talvez algum dia eu mude de idéia…ahhahahahahahahaha. Bem, a situação nesse caso(relacionamento) é difícil, pois nesse mundinho mundano, é difícil encontrar alguém que não queira apenas te comer como um pedaço de picanha com gordurinha, e quando você encontra aquela pessoa que está configurada de acordo com todas as suas condições normais de temperatura e pressão, para gerar cálculos amorosos-sexuais-apaixonantes de extrema precisão, aquela que você acha que vale a pena, que tem um pouco de cérebro e que entende as coisas que você faz ou diz, a pessoa é mais complicada que cálculo diferencial com trigonometria ou métodos de cálculo para equações sem solução(meu pesadelo na faculdade), digamos que a pessoa é um número imaginário na sua vida, ela está lá, mas ao mesmo tempo não está, então você se conforma, chora as mágoas e torce para que o infeliz nunca seja feliz com alguém sem ser você (muahahhahahahahahaa!!!!VINGANÇAAAAA)…Bem não é assim, isso foi uma piada-pretexto para que eu possa usar a “onomatopeia da vingança”(muahhhaahahaha), mas eu acho engraçada e inútil essa coisa ridícula de vingar o Amor que não deu certo, essa coisa de por o nome do infeliz na boca do sapo porque você não teve feromônios suficientes para atraí-lo. Mas voltando, quando isso acontece, quando você gosta da desgraçada da pessoa complicada, e ela te ignora, se você for besta igual eu, pode até acreditar que um dia, talvez, quem sabe, num futuro não muito distante essa pessoa te enxergue, enquanto isso, toca a vida para frente, até trombar(eu não procuro, eu tropeço nesses tipos de pessoas) com uma pessoa igual ou mais complicada ainda ou um perfeito idiota porque você não espera mais nada dessa vida(eu ainda não cheguei neste ponto, espero nunca chegar nisso). Mas na verdade eu queria apenas pensar: FODA-SE ESSA MERDA…FODA-SE VOCÊ, mas não é bem assim que funciona, e como eu falei, eu sou um ser besta, então eu mereço isso mesmo. Nessas situações, apenas o Tempo pode curar, fazer o quê?Isso é parte do meu fluxograma-amoroso: gostar de pessoas complicadas, o que é bom, porque quando você tem tendência a gostar de pessoas complicadas, você aceita melhor os defeitos, até porque o fato da pessoa ser complicada é porque o gênio dela…digamos, não é dos mais fáceis de se lidar. Isso é explicado em psicologia. Mulheres buscam homens que se assemelhem a sua figura paterna, e homem, na figura materna. Meu pai é de gênio difícil…sendo assim, FREUD EXPLICA!!!Enquanto tem várias pessoas de fácil acesso a seu dispor, que você não precisa fazer esforço nenhum para tentar entender, eu sou uma pessoa que nem Freud explica, por isso eu quero quem não me quer. E quero aquele “boy magia”(adoro esse termo), leonino, genioso, adorável, inteligente, difícil, meu inferno astral(eu não acredito em horóscopo),complicado, aquele meus amigos mais próximos dizem que deve ser uma bichona, MF(SIGLA PARA “Morde Fronha”): “mas Ana, você é linda, inteligente, qualquer um já teria sucumbido, ele deve ser MF e está com medo de sair do armário”, e então todo mundo ri da minha cara e eu entro na brincadeira: “Ana, você ainda gosta daquele viado?”, “Sim, eu amo aquela bichona, uiiiiiiiiii”, “Ana, seu amor é platônico!”, “É, pois é…concordo contigo…mas foda-se essa merda, o Amor é meu, e eu curto Platão, ele era da hora!”. Essa é uma qualidade minha: tenho muito senso de humor, e aprecio Humor-Negro, sarcasmo, ironia…eu também não tenho um gênio muito fácil, mas fora isso sou uma mulher simples e afável na grande maioria das vezes.
Bom o fluxograma parte 1 é: uma casa com espaço para biblioteca particular e um cantinho para sujar de tinta e fazer coisas malucas. Esses dias, eu comentei que gostaria de viver de arte. Acho sensacional, de verdade, eu já fiz minhas coisinhas, sempre gostei de desenhar, me sujar de tinta, mesmo que eu não tenha lá tanto talento. Nessa semana, eu comprei papel especial e lápis para desenho artístico. Estou sem desenhar há 1 ano meio, desde que eu fiquei gorda e ferrada dos rins, com insuficiência renal(uma doencinha de nome muito bonito: Nefrite Intersticial Aguda), internada 2 semanas e meia no Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Lá tinha um programa social que era uma sala para os pacientes terem momentos de lazer. Me lembro até hoje, eu cheia dos soros pendurados, gorda, desenhando, enquanto uns tricotavam, outro rapaz com uma bolsa de colostomia jogava videogame…Desenhar, não era uma coisa que eu fazia bem, mas digamos que dava para o gasto e as pessoas diziam que eu desenhava bem(porque elas não devem ter conhecido uma pessoa que de fato desenhava bem). Eu penso, algum dia, estudar Artes Visuais, mas é aquela coisa, que eu comentei, se eu tivesse escolhido Artes, ao invés de Análise de Sistemas, eu poderia estar passando fome. É uma situação tragicômica, mas eu escuto isso das pessoas que fazem cursos legais. Tenho um amigo que é filósofo, muito inteligente, mas ele diz que só não passa fome porque os pais ajudam ele. Definitivamente, cursos legais não dão dinheiro. Eu gosto de História, Filosofia, Letras, Artes…mas…é complicado né, e como fica o “leitinho das criança”? Sendo assim, outra parte do meu fluxograma, era fazer um curso legal, que eu realmente gostasse. Muitas vezes, quando eu vou numa livraria e fico namorando aqueles livros lindos, cheirosos e absurdamente caros de História da Arte, as pessoas me perguntam se eu estudo Arte. Então eu digo, “Eu sou Analista de Sistemas na verdade…”, então a pessoa faz cara de espanto e deduz que eu quero comprar algo pra dar de presente para alguém, elas não se convencem que aquilo é pra mim, porque afinal eu sou Analista de Sistemas e a coisa mais artística que eu deveria me aproximar, dado a estereótipos, seria a sessão de quadrinhos…
Outra coisa no meu fluxograma, são viagens. Eu ainda pretendo fazer minha viagem para Europa, mesmo que seja sozinha, afinal, estou me virando bem na solidão. As pessoas, cada vez mais eu vejo que elas não sabem lidar com a solidão. Todo mês eu vou dar uma voltinha sozinha. Ando fazendo muito disso ultimamente. Antigamente eu era uma pessoa que só saia para os lugares se alguém fosse junto, pois eu não queria que as pessoas achassem que eu era uma garota sozinha e triste. Sendo assim, este ano, depois da minha reviravolta, um dos motivos por ter escolhido morar sozinha, ao invés de dividir um espaço com alguém, foi a oportunidade de me conhecer. Existe aquela frase: “Conhece a Ti mesmo?”, e desde então eu descobri que boa parte dessa minha pessoinha era desconhecida e que muitas coisas eu deixava ocultas por vergonha, ou medo de que me interpretassem mal. Eu tenho agora aquele meu momento de paz, eu, meus livros, chá a todo momento, eu posso pendurar as coisas pela parede, posso andar pelada ou seminua, posso espalhar meus livros pela cama, posso cantar no chuveiro sem acharem que eu sou louca, posso escrever meus poemas e pendurá-los na parede para ficar lendo ao longo do dia e decidir se publico ou não(eu sempre publico, por mais péssimo que tenham ficado, afinal, FODA-SE ESSA MERDA), se eu quiser passar o dia na Lagoa do Taquaral, no gramado, observando o cotidiano das pessoas e fazendo anotações ridículas para um dia sair algum texto bom dessa merda toda, ou simplesmente ler um livro embaixo de uma árvore, enfim, eu peguei esses 6 meses de solidão para me conhecer e nunca me senti tão a flor da pele, sendo que foram 3 meses morando com meus pais e 3 meses na minha kitnet, onde estou agora, embaixo das cobertas tomando um chá de camomila. Até minha mãe disse que eu mudei, como pessoa, ela diz que eu fiquei mais sensata e madura. Considero que eu deixei aquela garotinha medrosa para trás, hoje sou mulher o suficiente para admitir meus erros, não negar mais sentimentos(mesmo que seja platônico), hoje eu posso pegar uma mochila e sair por aí sem rumo, com todo o meu “não senso” de direção, mas ainda vou bem em Geografia. E é aí que o Velho Continente entra. Qualquer dia farei um mochilão pela Europa, ver “O Jardim das Delícias” no museu do Prado, em Madri, conhecer Praga, Amsterdam, Berlim, Lisboa, Andorra, toda a região da Andaluzia, Paris, Londres, Dublin…lógico que acredito que não dê para fazer isso numa viagem só, mas é algo que tenho em mente. Claro que nas minha atuais condições financeiras, não vai ser algo a se fazer nas próximas férias(nas próximas férias, pretendo ir para o Chile e Argentina). Outra coisa que eu quero fazer é ir para algum retiro espiritual onde se pratique a arte do silêncio. Tem um em Nazaré Paulista. Nesses retiros, você não pode falar absolutamente nada, você conversa apenas com os olhos e gestos. Tendo em vista que eu sou mulher, e como mulher, eu falo mais que a média, tendo em vista que tenha hiperatividade, tomo essa viagem espiritual algo como incrivelmente desafiador. Essa viagem é algo que pretendo fazer até o final deste ano. E esta viagem vai ganhar um post todo especial.
Resumindo, se eu fizesse um fluxograma para minha vida, eu entendo isso como uma espécie de modelagem, um planejamento. Eu creio que o que eu quero não é nada demais, nada absurdo. Eu cansei de fazer grandes planos, na verdade, nunca tive grandes planos, que eu quisesse tanto levar pra frente. Na maioria das vezes, eu desistia alguns dias ou meses depois. Mas hoje, com uma mente mais sensata, eu consigo planejar um fluxograma possível, que vou jogar dentro de um poema que provavelmente vai ficar uma bosta, mas como eu sempre digo: “FODA-SE ESSA MERDA”
Eu gostaria de ter uma casa, uma casa simples,
Não necessariamente num lugar bucólico, surreal,
Pode ser no caos de uma metrópole, eu não me importo,
Quero um canto só meu, para minha paz de espírito,
E nas tardes chuvosas eu posso me sentar num velho sofá,
Depois de puxar um livro velho e cheiroso da estante,
Eu posso viajar longe em páginas e páginas de emoções.
Eu olho o cachorro a dormir e os olhos brilhantes do gato,
A brincar com um velho papel de um rabisco em giz carvão.
E parado na janela eu lhe vejo observar a chuva lá fora,
Eu poderia lhe perguntar o que você pensa, mas eu apenas te observo,
E então eu poderia me lembrar o quanto eu amo e odeio seu silêncio,
Mas um dia eu fiz uma viagem, num lugar no alto da serra,
Enquanto eu esperava entender as minhas dores e meu amor não correspondido,
Foi neste lugar que eu aprendi a conversar com os olhos,
Então você olha pra mim, e me dá um sorriso, como se quisesse me dizer,
“Desculpe eu sou um chato”, e eu dou risada como se eu nunca soubesse disso,
E então eu te olho de novo, e verás que meus olhos lhe dirão: “Seu Tolo”
E eu lhe perguntarei, se eu já lhe contei alguma vez,
Que eu estava a andar de bicicleta nas ruas de Amsterdam,
Minha bicicleta tinha uma cestinha de tulipas que eu comprei de mercador de flores,
E então eu me empolguei e quis conhecer ruas e mais ruas, e me perdi em Amsterdam,
Então eu fiquei com medo, pois estava escurecendo e eu não sabia onde estava,
E então você me dirá: “Eu te disse para tomar cuidado, mas você é teimosa”,
E então vamos rir, como duas crianças e nos amar como adultos,
Uma vida simples, num lugar simples…um amor simples.
Ficou uma bosta, mas foda-se essa merda!!hahahahahahahahahaha
Flores secas espalhadas em cima de uma mesa, um altar
Eu rezei uma Ave-Maria numa velha igreja, perto de casa,
E voltei caminhando amaldiçoando os Deuses sob luzes amarelas,
Todas as noites, ao voltar para casa, num velho jardim…numa velha igreja,
Eu peço que a minha Graça venha até mim, como uma criança com Fome.
Os ônibus continuam passando, lotados de pessoas comuns,
No silêncio de cada dia num delírio religioso, eu desejo minha Graça,
Subindo na cabeça, estou como em um dia de fúria então talvez…
Eu volte para aquela velha igreja e reze mais três ave-marias
Talvez, eu confesse todos os meus pecados, talvez o padre me diga,
“Filha, Amar não é pecado. Pecado é Amar em vão”,
E voltarei para casa no meio da noite, confusa e sem meias palavras,
Em vão eu vejo minha Graça atravessando a rua, em vão, eu amei aquela visão,
Então no retorno de casa eu rezo três Ave-Marias…Oh Senhor…não vê meus lábios?
Tremendo de frio…a Graça me atingiu ao longe e eu nem pude alcança-la…
E eu vejo os passáros a voarem no céu, e eu penso no tempo,
Ele voa tão distante como uma ave de rapina imponente,
Estou com os ombros desnudos esperando o Tempo voar…tão suave…
A Graça…eu a sinto sussurrando sua conversa em meus ouvidos,
Tão calmamente repousa em meus ombros, com seus olhos pequenos,
Tão suaves e escuros, minha Graça me olha nos olhos, em meu sonho,
Minha Graça me alcança, me toca como arco-íris repousando numa montanha,
E a Graça chama meu nome numa canção suave desconhecida, e eu me lembro,
Do rastro de perfume que ela deixou quando me disse Adeus, quase sorrindo.
Wait in the fire…Wait in the fire…Wait in the fire…
Com seus olhos pequenos e inquietos a Graça beijou meus ombros,
Deixou-me esperando debaixo de uma chuva gelada, com trovões cantando ao fundo
Mas o raio iluminou a noite e no clarão eu vi a Graça me observando nas sombras,
E quando eu fecho os olhos, nós comungamos o pecado como crianças na Eucaristia.
Ave Maria,
Ave Maria,
Heute sind so viele ganz allein.
Hoje há muitos sozinhos.
Es gibt auf der Welt so viele Tränen,
há sobre a Terra tantas lágrimas,
und Nächte voller Einsamkeit.
e noites cheias de solidão.
Und jeder wünscht sich einen Traum,
E cada um deseja a si um sonho
voller Zärtlichkeit.
cheio de ternura.
Und manchmal reichen ein paar Worte,
E às vezes bastam algumas palavras
um nicht mehr so allein zu sein,
para não mais se estar tão sozinho,
aus fremden Menschen werden Freunde,
e de desconhecidos os homens tornam-se amigos
und grosse Sorgen werden klein.
e grandes preocupações tornam-se pequenas.
Ave Maria.
Ave Maria
Ave Maria.
Ave Maria
Kalt ist die Reise durch die Nacht.
Fria é a jornada pela noite.
Es gibt so viel Wege zu den Sternen,
Há tantos caminhos para as estrelas,
und jeder sucht eine Hand, die ihn hält.
e cada um procura por uma mão, que lhe acalente.
Vielleicht ist jemand so traurig wie du,
Talvez haja alguém tão triste quanto você,
komm, und geh auf ihn zu.
venha, vá ao encontro dele.
Verschliess heut nacht nicht deine Türen,
Não feche esta noite as suas portas,
und öffne heut dein Herz ganz weit
e abra bem o seu coração hoje
und lass den anderen Wärme spüren,
e deixe os outros sentirem o calor
in dieser kalten Jahreszeit.
nesta fria estação do ano.
Ave Maria.
Ave Maria.
PS: Nas minhas pesquisas randômicas dos últimos dias, tenho me voltado para o misticismo, pois estou estudando arte religiosa(barroco), então eu encontrei uma canção de Ave-Maria em Alemão. E eu achei muito bonita, mas muito mesmo, inclusive muito melhor que a oração tradicional. Então esta canção passou a ser minha oração, mas eu faço isso em português, porque eu sou uma negação em alemão. E de quebra eu dilacero meu coração ouvindo Jeff Buckley. Grace é uma canção sobre a espera…uma canção sobre crenças, uma canção sobre o tempo e o Amor.
Toque minha pele como um homem cego e me leve pra casa,
Estou exatamente onde gostaria de estar, numa velha colcha de cetim,
Andei perdida por caminhos longos e cheios de lama,
Consegue sentir todas minhas veias se dilatarem nessa minha pele branca?
Num grito de temor eu estava voltando pra casa,mas não encontrava o caminho.
Enquanto nos bancos eu assistia, a criança a brincar de pular do banco pra grama,
Num velho ponto de ônibus, eu penso apenas, toque minha pele, me leve pra casa,
Pegue minha mão e me cubra de beijos…apenas me leve pra casa,
Nesses caminhos perdidos, apenas o que eu espero, correndo…suspirando.
As ruas continuam com as luzes amarelas, envoltas em neblina,
Há uma mulher esperando seu velho homem na esquina
E enquanto os carros passam em alta velocidade,
Ela sente frio, ela ama como mulher, toda a paciência do mundo,
Ela apenas espera seu velho homem, e ela não se importa,
Talvez ele nunca apareça, mas o sorriso tímido desta mulher,
Sempre, será para este velho homem, naquela velha esquina, em qualquer lugar,
Essa mulher, espera reencontrar…ela apenas sente amor, não importa,
O inverno se aproxima, ela sente frio, e na próxima primavera,
Ela estará esperando seu velho homem com uma rosa nos cabelos.
-“Vou deixar você com o vovô, papai e Caroline. E sabendo disso, finalmente poderei dizer adeus.” Six Feet Under,”Hold my hand”, Episódio 03, Temporada 05.
1 – [Infância]
Mamãe está preparando sua comida preferida Georgie,
Ovos com bacon e linguiça Georgie, mamãe sabe que você gosta.
É muito melhor que essa bebida amarga e comprimidos,
Georgie, segure a mão de mamãe e não solte nunca mais,
E quando eu adormecer, não quero que me acordem,
Vá brincar com Russel lá fora, ele perdeu sua mãe,
O pai de Russel é alcooótra e trabalha nas minas de carvão,
Mas ele pode lhe fazer um lindo barquinho de papel quando sóbrio,
E então poderá sair na chuva e brincar com seu barquinho,
Ohhh Georgie!Você fica tão bonito com sua capa de chuva amarela,
Georgie, segure minha mão, e pingue mais 40 gotas deste sedativo,
Mamãe quer dormir agora, mamãe está tão cansada…
2 – [Vida Adulta]
George, porque guarda pedaços de pão nos bolsos?
[Mamãe me dizia para comer todo o pão,]
[Mamãe me dizia que não se pode desperdiçar comida,]
[Eu não estava com fome e guardei pedaços de pão nos bolsos.]
[Porque mamãe dizia…mamãe dizia, que eu sou estúpido,]
“Oh Georgie, você é estúpido igual teu pai, coma todo esse pão”,
E mamãe me disse: “Segure minha mão, até que eu durma”
3 – [Loucura/Paranóia/Lembranças]
Vamos lá George, está na hora de tomar os remédios…
Hoje a injeção vai doer menos, vamos lhe dar mais uns choques,
Feche os olhos George, não vai demorar, talvez você esqueça alguma coisa…
E nunca mais voltará a se lembrar, nunca mais George…
Oh Georgie, segure a minha mão agora, e nunca mais me acorde,
Mamãe vai dormir agora, me leve pra cama e me cubra, está frio hoje,
Olha lá Georgie, está chovendo, vai brincar lá fora com Russel,
Mas espere que mamãe feche os olhos, e então os anjos olharão por ti
E então poderei partir sem medo, mas Georgie, segure minha mão…
4 – [Adulto/Lembranças]
Hello garotinha!!Estava com saudades de Vovô George?
Quando vovô era criança, o pai de um amigo me ensinou,
A fazer lindos barquinhos de papel, e quando chovia,
Ohhhh minha pequena, quando chovia, o barquinho deslizava,
E sua avó um dia me viu pela janela, e naquele instante,
Naquele instante eu nunca mais esqueci seu rosto,
Um dia vovô ficou doente, e vovô tomou vários choques,
E sempre…sempre vovô vai se lembrar…”Segure minha mão…”
“Segure a minha mão até que eu durma!”
PS: George Sibley é um personagem da série norte-americana “Six Feet Under”. Um dos episódios mais impactantes da série é o episódio 03, da última temporada, que foca os conflitos deste personagens. Dentro do contexto, lembrei de outro personagem, do aterrorizante “A coisa”(aquele filme daquele palhaço medonho) que têm um personagem chamado “Georgie”. Foi apenas um cruzamento de idéias, por causa do medo, lembrança e o tema abordado: a loucura, que é abordada nesse episódio, tendo em vista que o personagem tem surtos depressivos-paranóicos, devido a um trauma na infância por ter visto a mãe se matar com remédios.
Eu me sinto tão jovem, como uma criança com saudades,
Caminhando sozinha todas as noites, quando o meu cansaço me permite
E então eu sempre encontro um velho rosto na multidão,
E por instantes eu me engano com um rosto desconhecido ao longe,
Está tão longe, tão distante de minhas mãos, tão distante…
Eu poderia acariciar esse teu rosto e então poderia olhar-te nos olhos,
Mas os dias estão passando, rápido como as badaladas de um sino pesado,
E a cada dia eu me sinto velha, caduca e faminta por um Amor que nunca vêm.
E então eu não nego, não nego ser escrava em meu trabalho, trabalhando até tarde,
Horas e horas a fio, eu tento em vão esquecer esse Amor…em vão…Amor teimoso.
Eu estou a olhar meu rosto no espelho agora e eu me pergunto o que está acontecendo.
É cedo demais ainda para que eu possa ter uma resposta, estou ocupando minha mente,
Em vão…trabalhando altas horas, mantendo minha mente ocupada…mas é tudo em vão…
Há algo aqui dentro deste tolo coração, há algo a queimar, solitário e frio,
Nessa ambiguidade, sim é dessa forma que me sinto, com o coração a queimar,
Mas ao mesmo tempo ele segue gelado, calado, batendo desesperado pela rua,
Nas noites de neblina, eu acalmo meu coração numa caminhada solitária,
É dessa forma, quando meu cansaço me permite, é dessa forma que eu entro em paz,
Essa minha mente angustiada, essa doce angústia se despedaça na orvalhada noturna,
Porque enquanto meu coração se despedaça durante o dia, a noite me faz acreditar,
A beleza noturna me faz sentir tola novamente, e então eu volto a acreditar,
Nesse amor que nunca chega, o inverno está chegando e então talvez…pode ser,
Que eu esqueça de me agasalhar, que eu perca as chaves, eu posso perder o juízo,
Às vezes, eu queria, entender tudo isso…alguma resposta, mas em vão…em vão
Todas as noites eu volto a te amar de novo…e de novo…e eu em vão…tento esquecer,
Ocupando minha mente com histórias de ficção, códigos odiosos e que não funcionam…
Nunca diga adeus, porque isso não vai funcionar, não é assim desta forma,
Doce Amor nunca diga Adeus, não é dessa forma que minhas convicções deixarão de existir,
Estou entregando minhas velhas luvas, estou jogando elas ao chão, pois eu cansei,
Cansei de lutar contra algo que é maior que minha capacidade orgulhosa de negar tudo.
Eu minto todo o tempo todo, mas esse tempo está sempre a me enganar,o tempo todo,
O tempo…o vento…As estações… Em vão… eu digo que não sinto mais absolutamente nada,
E os dias vão passando, e estou tirando meu diploma de atriz de quinta categoria,
Porque quando eu penso em não te querer mais, eu digo, eu não te amo…nunca mais…
Eu estou apenas interpretando um papel fajuto numa peça sem espectadores, sem público,
Minhas emoções guardadas em um velho baú…nessas ruas…de dia eu te esqueço, por alguns minutos…
EM VÃO…está tudo muito além do meu poder, eu não tenho respostas, tenho somente o tempo,
Esse tempo sempre foi meu velho amigo, é aquele ao qual eu olho nos olhos agora, é aquele…
Aquele que me pega no colo e me conta uma velha história…é ele que me faz rir, mas ele não é Perfeito,
Porque o tempo não apaga esse teu rosto da minha memória, nem palavras…o tempo apenas me olha nos olhos.
But tonight you’re on my mind so (you’ll never know)
Sweet lover, you should’ve come over.Oh, love well I’m waiting for you
Talvez um dia, eu lhe conte alguma coisa engraçada, as pessoas me acham divertida,
Talvez eu veja esses teus pequenos olhos sorrirem, talvez um dia, eu lhe cative, de alguma forma…
De alguma forma, nem tudo deve estar acabado, e eu posso retornar meu sorriso no meu rosto,
E quando me perguntarem se estou gostando de alguém, talvez eu não negue mais,
Talvez eu não tenha mais vergonha alguma de dizer que não sou correspondida,
Talvez eu deixe meu velho orgulho de lado e assuma que eu amo e não espero nada disso,
Eu apenas direi que somente o passar talvez…de quatro estações, no próximo verão,
No próximo verão chuvoso, eu andarei na chuva sem me preocupar em molhar os sapatos,
Mas nestas noites frias, eu continuo queimando por dentro, um Amor não correspondido,
E eu apenas me conformo, está tudo bem agora, eu apenas observo uma velha rosa,
Uma velha rosa seca num vaso em cima de minha mesa…velha e bonita…simples…
E essa rosa, é como meu Amor…tão destruído, seco, mas ainda é bonito, sozinho no meu quarto,
Eu poderia ter te jogado no lixo…eu deveria?Tolo coração não deixa te jogar no lixo…no limbo…
Calmo, silencioso, apaixonado, porque iria descartá-lo…o que eu tenho a perder?
Meu coração permanece batendo devagar durante horas, às vezes eles enlouquece,
Em cima de uma mesa ao lado de papel e canetas eu estou a cortá-lo em pedaços,
Talvez eu o sirva no jantar, acompanhado com um pouco de molho pardo…
Eu tenho apenas…eu tenho apenas que me proteger do inverno que está chegando,
Porque eu cansei…de me proteger debaixo de um escudo de orgulho, doce amor…
Eu cansei…cansei de trabalhar até tarde para manter minha mente ocupada,
Cansei de lutar contra aquilo que até então eu achava que conseguia extinguir…
Nunca achei que seria tão difícil, e agora estou despindo meu orgulho,
Nas manhãs eu lhe nego 3 vezes, assim como Pedro negou Jesus…a tarde eu finjo,
Eu finjo ser uma mulher fria e sem sentimentos com instinto workaholic até as 22h00,
Mas as noites sempre me enganam, partindo sem rumo em ruas perigosas, eu me coloco a caminhar,
Pensando na vida e questões do dia-a-dia, eu gosto de caminhar, para acalmar minhas aflições,
Todo mundo tem uma mania não é?Eu gosto de caminhar por aí, com música nos ouvidos,
Talvez seja muito tarde, eu sei que é perigoso, mas eu sou teimosa, porque é de noite,
Que me coloco a pensar em questões sensatas, eu posso pensar em qualquer coisa,minha mente voa…longe…
Eu te coloco em rascunho, eu apenas me conformo…doce amor, eu apenas me conformo…com seu esboço,
Seu esboço em preto e branco…
Maybe I’m just too young to keep good love from going wrong
Oh… Lover, you should’ve come over…
Because it’s not too late…
Cineasta, triatleta, ganhador do TheVoice, Mega Sena da Virada e Prêmio Nobel de Literatura. Coach de Política. Pai do Enzo e Raíssa. Marido da Dani. Vascaíno.
“Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.” Carl Sagan