Física Bêbada e castelo de cartas.

Num pub estranho num sonho do cochilo vespertino,

Cartas de baralho sendo dispostas em forma de um castelo,

Enquanto a Garota lambe as pontas dos dedos para separar as cartas,

Ao seu redor inúmeros personagens há garrafas e rostos embriagados.

Isaac chega com sua maçã dentro de um vidro com formol,

[Segurando um taco de bilhar]

Ele o carrega preso às suas calças de linho, impecáveis e desnecessárias,

Toma o seu litro de conhaque, provando a sua teoria da gravidade,

Ao Cair no chão, seu vidro com formol estoura, sua maçã rola pelo chão,

Numa mesa cheia de garrafas, Stephen, ri alto, na sua cadeira de rodas motorizada,

-“ HA…HA..HA…Isso foi engraçado…HA HA HA…” – diz o computador

– Cala sua boca filho da puta, você ocupa meu lugar em Cambridge!Me ajude a levantar!

– Sarcasmo? – diz Schrödinger, batendo as mãos na mesa e virando mais uma tequila.

– En-gra-ça-do…Mui-to en-gra-ça-do! – diz Stephen em tom de raiva.

– Eu te ajudo Isaac,  diz Schrödinger,

[“desde que me arrume mais um gato”]

[ “E uma caixa de aço hermeticamente isolada”]

– Schrödinger e mais um de suas idéias malucas. Não tem medo daquelas associações?

[Protetoras de Animais?] – diz Isaac

-“Protetores de animais?Eles me amam!E é tudo por amor a ciência!Preciso de mais tequila”

-“CRU-EL, CRU-EL” – Stephen sussurra triste…

– “E eu de mais conhaque…e formol para minha pobre maçã…Oh Jesus!Cadê minha peruca!!!”

– “Dê graças a Deus, sua peruca era…arghhhhhh…” – Schrödinger desmaia num coma alcóolico…

-“Ri-dí-cu-la…pa-re-cia um…poo-dle, HA-HA-HA” –  Stephen ri alto…através de seu computador,

No pesadelo alcoólico de Schrödinger, ele sonha com a Incerteza de Heisenberg…

[Mas sua incerteza é sempre errada]

[Pois o gato tem sete vidas…]

[E ele rasteja com pelos eriçados…no seu corpo]

Mas ele está Caído no chão, com a cara machucada e fedendo a tequila de 10 reais,

Isaac: – Estou muito bêbado…

Isaac: [ sem Força alguma para ficar em pé, nem minhas 3 leis funcionam agora!]

Isaac: Estou bêbado demais, e está tocando… Disco Queen!

Stephen: [“TEN-SO…TEN-SO…FES-TA ES-TRA-NHA…”]

[“com gen-te es-qui-si-ta”]

Isaac: “Eu não estou legal…”

Isaac: Oh God…olha lá quem tá dançando, com uma garrafa de gim na mão…

[Disco Queen, Let’s Disco…Disco Queen]

E lá na pista de dança, dançando como um pêndulo, em todas as direções,

Estava Jean Bernard Léon Foucault…

Isaac: [A experiência dele está deixando ele maluco…vamos embora Stephen!]

– Esta festa parece uma viagem de ácido, diz Isaac

– Sin-gu-la-ri-da-de…diz Stephen,

– Sim, tudo o que acontece aqui parece contrariar as leis da física!Como o colapso de uma estrela…

Isaac acorda Schrödinger, chutando-lhe o traseiro…

[“Baby, you’re just what I need…You purr when I make you bleed”]

[Gatos…não…não…sai daqui pelo amor de Deus!] – grita Schrödinger

[Já me arranhou o suficiente… Chega… Chega…Desisto]

[- Schrödinger,é apenas uma música feliz-deprimente…Vamos pra casa todos nós,
Tomar um banho frio e tomar uma coca-cola] – diz Isaac

Schrödinger: -Isaac…Esquece aquilo OK?

Isaac: Aquilo o quê?

Schrödinger: -Gatos…não preciso mais de gatos…nem caixas…nem pote de veneno…OK?

– O-lha…o-lha os Spins…Na-que-le Cas-te-lo…De car-tas, de ba-ra-lho – diz Stephen,

Schrödinger: -“Esquece Gostosão!…ela não leu seu livro!Por mais ilustrado que seja!”

Isaac: “Vixe…aí vêm o Jean Bernard…”

Schrödinger: “O cara se acha o Disco Man…Você quer cara ou coroa que aí vêm merda?”

“Stephen, fique aí cara, pedi uma música pra você!!!” – diz Focault,

“Le-gal!ha-ha-ha” – diz Stephen,

[“For millions of years mankind lived just like animals

Then something happened which unleashed the power of our imagination

We learned to talk”]

Isaac: [Maldito Heisenberg, Maldito David Gilmour…agora temos a incerteza de ir embora daqui cedo…]

Schrödinger: “O que faremos?Vamos olhar o castelo de cartas…Há vários bêbados como nós em volta…”

E o castelo de cartas fica cada vez mais alto, a Garota está concentrada,

No seu castelo de cartas e no Garoto sentado na meia luz,

Ele tem os olhos tão perdidos, está branco feito cera,

Ela o observa pelos vãos de seu castelo de carta, ele parece um rei,

Mesmo com seu galão de plástico, cheio de vinho causador de enxaqueca,

[Procedência duvidosa – ela pensa rindo]

[Eu não me importo!Eu não me importo]

[Hey garoto, me dê um gole desse vinho!]

[Vamos nos embebedar juntos, não precisa de outra taça!]

[Vamos beber na mesma taça, simples assim!]

[“Lilac wine is sweet and heady, where’s my love?”]

[“Lilac wine I feel unsteady, where’s my love?”]

O lampião e a mariposa.

Em volta do lampião aceso naquele quarto, naquele sítio no meio do nada,
Há vários insetos circundando ao redor, dançando bêbados ao redor do fogo.
Eles se debatem, caem no chão e ficam rodopiando com as asas pra baixo,
Como anjos caídos por acreditar nas próprias convicções contrárias à lei divina.
E assim no dia seguinte eles amanhecem mortos, queimados pela própria luz,
“Não me importo, Não me importo”, disse a Mariposa,
“Esta é a minha luz, eu vou rodopiar em volta dela, até consumir todas as minhas forças.”



E como numa dança obscena, ela é hipnotizada, suas asas batem violentamente,
Aquele fogo é tão sensual,tão quanto o casal que se ama no quarto,
O calor da lãmpião queima suas asas,é como se arranhasse suas asas
Ela gosta disso, ela gosta desse golpe,ela gosta de suavidade, mas também gosta do golpe,
Ela chora feito um bebê, quando sua luz se apaga, pois a sua fonte de luz foi embora,
Ela fica perto de uma flor da janela do quarto, onde a luz se acende todas as noites,
Ela se camufla naquele tronco marrom, aquele cheio de juras de amor de 1980.
E quando o lampião se acende, ela aparece para beijar sua luz com seus cílios.
E então, ela se curva perante seu fogo, e suas asas batem um milhão de vezes…

Apenas um verso e uma estrofe musical…

Shine for me, show all its colors, I have a prism, but I need your light…

“Oh, if this little light of mine
Combined with yours today,
How many watts could we luminate?
How many villages could we save?
And my umbrella’s tired of the weather,
Wearing me down.
Well, look at me now.” Sunshine Song

A velha Johanne

A Velha Johanne está sentada no banco,
Lendo seu velho jornal de 1955.
Com o velho Seamus deitado ao seus pés,
Nos seus olhos há um brilho morto
O médico lhe avisou da catarata,
E das suas veias pulsam o Tic-tac,

Tic-tac , Tic-Tac
O cuco canta,
O Silêncio mata,
A Saudade cura
O Amor derruba!
Tic-tac, Tic-tac

Velha Johanne observa um quadro,
Nas úmidas paredes rachadas do seu quarto,
Cheios de fotografias velhas e outras boas lembranças,
Deus levou seu marido e depois seu filho
O que restou agora Velha Johanne?

Anoiteceu e Velha Johanne se prepara pra deitar,
Todas as luzes da casa estão acesas,
Ela está sozinha agora…Toda noite Velha Johanne chora!
Apenas o tempo ameniza nossas dores! – disse Mamãe
Faz 15 anos e eu nunca me esqueci! – disse Velha Johanne!

Velha Johanne está sonhando agora,
Ela está fazendo o jantar da ceia de Natal.
Seu filho adora Arroz a Grega, seu marido também
Eles beijam cada um, um lado do seu rosto,
E assim dorme a Velha Johanne…
Com os olhos bem abertos e um sorriso nos lábios!

Tic-Tac – Tic-Tac…

Love for a child

Está a garotinha num bar com seu pai,
Há bêbados ao redor, com seus copos reluzentes,
Observando embasbacados no meio dos soluços e garrafas,
A garotinha que brinca com as cartas do baralho,
Ela faz um enorme castelo de cartas,
Seu Rei está lá no topo, com o rosto colado…
[Na Rainha]

Hey filha!Vamos jogar uma partida de bilhar! – diz o pai
Ela sorri e escolhe o melhor taco e o melhor giz.
Enquanto o pai arruma as bolas sobre a mesa,
Ela olha lá fora e vê que pela estrada de terra vem um garoto,
Com sua bicicleta pequena, velha e singela,
Ele vem pedalando e freia na frente do bar,
Olha para a garotinha e diz “Olá!” e fica olhando sorrindo,
A garotinha responde, e então ela olha para seu pai…
[“Pode ir minha filha…”]

“Garoto do sorriso bonito!Para onde tu me levas?”
“Não se preocupe!Não se preocupe!Siga-me!”
“Vai devagar!Vai devagar!Minhas pernas não aguentam!”
[“Você está a milhas de distância!”]
[“Querido me espere!”]
O Garoto parou a bicicleta, voltou atrás e lhe deu a mão:
“Seguiremos o mesmo ritmo então. Eu lhe acompanho! Segure no meu braço!”

E a Garotinha segue sua jornada, olhando pra trás vê seu pai acenando,
Ela diz adeus e no meio do caminho tudo desaparece,
Há apenas a terra vermelha, o horizonte nublado,
Não há mais ninguém, apenas ela e seu Garoto na estrada,
Ela faz uma prece enquanto segura sua mão:
[Abençoados os lunáticos]
Que se esquecem
[das próprias convicções]…

E assim, a garotinha e seu garoto foram cantarolando,
Cantigas de criança, trovas, enigmas…
O Garoto olha para a Garotinha, ele lhe toca os braços:
“Está com você! Venha me pegar se puder. Corra! Corra!”
“Não vale! Você é mais rápido! Nunca vou lhe alcançar!”
[Cada passo um suspiro]
[Cada minuto, gotas de suor]
[Cada aproximação um sorriso.]

E quando a Garotinha alcança seu Garoto, ela o segura e o derruba no chão,
“Vou te contar um segredo, quer ouvir?” diz o garoto suado,
[Sujo de Terra Granada]
“Quero!”… E então a Garotinha rola de cima de seu garoto e deita-se,
Ao lado do seu Garoto, que olha para o céu cinza e triste com seus olhos castanhos,
[Olhos de caleidoscópio]
“Eu tentei correr mais rápido que você, eu não esperava que me pegasse”
[“Mas nossos passos são sincronizados”]
[“Nada mais há de se fazer. Você me pegou agora”]
[“O que faremos agora ma petite?”]

“Dance with me little stranger” – diz a Garotinha,
“Não podemos dançar agora!Olha só este lugar!” diz seu Garoto,
A Garotinha olhou ao redor, era tudo muito cinza e triste.
[Como as chuvas de verão]
No horizonte havia um campo aberto, mas ele não tinha nada.
Era um lugar onde ambos sempre estiverem, mas ele é velho e desgastado.
[Preciso de um novo lugar]- diz ela
[Preciso de tempo] – diz ele
E assim, a Garotinha abraça seu garoto e lhe beija a testa,
E quando ela abre a boca pra lhe dizer algo,
Ele sela seus lábios com os dedos,
[“Não diga nada! Você sabe o que eu sei”]

A garotinha foi andando pelo campo cheio de joio.
Ela se machucou com os espinhos que constantemente machucavam,
Ela precisa cuidar daquele jardim imenso, ela têm certeza disso.
Lá no horizonte, ao longe, há uma casinha cinza e velha, de telhado torto.
Sua chaminé é alta e ela pende para a esquerda,
Ela corre em direção a casa, vai chover e ela quer abrigo,
[Ela sente frio, quando seu Garoto não está por perto]

Ela bate na porta da casinha,
[Há alguém aí?Deixe-me entrar!]
Ninguém responde, nem mesmo o vento, nem a coruja marrom de olhos amarelos…
[Paralisada em cima do telhado]
Ela abre a porta devagar, está tudo escuro!
Em frente à porta que se abre está uma velha sentada num trono,
[Tal como sua avó paterna]
[Quando prestes a morrer]

Em seus dedos magros ela segura um terço,
E em cada conta do terço, ela passa as pontas dos dedos magros,
Sua boca se mexe, ela sibila alguma oração.
Ao lado de seu trono, tem um saco marrom e um regador.
A Velha pega o saco e o regador, e entrega para a Garotinha.
[Ela não precisa dizer nada.]
[A Garotinha sabe o que fazer.]

Ao lado da casa velha, há uma árvore velha e seca,
[Galhos retorcidos]
Nessa árvore há um balanço de madeira, preso por grossas cordas,
[Seu Garoto é o impulso]
Quando ele a empurra tocando suas costas,
Ela se sente mais viva, como uma borboleta.
[Ele gosta de Newton]
[Seu Garoto é a Força]
[É Ele que a faz balançar]
[É Ele que lhe ensina essa Poesia]

Poema irregular.

Eu escrevi esse poema, mas eu não sei como se faz

Todos os poemas de minha alcunha,

Foram abandonados pelo meu desprezo.

Eu joguei as páginas num buraco,

Risquei um fósforo e assisti os queimar.

Meu rosto queimava no calor daquele fogo,

Eu gostava disso, gosto até hoje, de sentar na beira e sentir.

[Teu calor]



Abracei meus joelhos e observei as labaredas.

Imaginei todas aquelas palavras dançando nas chamas,

Palavras ao vento, espalhadas, talvez sujando…

[alguma Honra?].



Quando criança havia um formigueiro na rua em frente de casa,

Chegava da escola, pisava com minha sandália em cima dele,

Sentava na calçada, a beira do formigueiro e observava,

As formigas desesperadas organizavam grão a grão

[O CAOS]



E então a ordem se estabelecia, no meio do desespero.

Eu era criança e tentava entender aquilo

As formigas desapareciam na calma já estabelecida.

Então eu pegava um galho e instalava novamente,

[A Violência]



Sou mulher, mas parte de minha alma ainda é criança,

Eu coloco um vestido preto, um salto alto e um perfume provocante,

Mas gosto de tirar meus sapatos, sentar-me na grama e observar,

[As Formigas]

Carregando o dobro do peso para dentro de suas casas.


Eu arranco um dente de leão, e assopro as sementes no seu rosto.

Você ri, aperta os olhos, eu lhe toco o rosto afastando os dentes de leão,

[Beijo teus cílios]

Olho teu rosto, teu sorriso enigmático me emociona.


Meus olhos agora querem enxergar todas as suas cores,

[Brilhe pra mim]

Como um prisma refletido na luz, e assim eu lhe pergunto:

[Permita-me amar-lhe?]



Segure  minha mão, aperte meus dedos,

Mamãe dizia que tenho mãos de pianista,

Nunca toquei piano antes, mas eu vejo um nas suas costas,

[Permita-me Tocar-lhe?]



Homem Valoroso, este é o significado de teu nome,

Na bíblia já foi crucificado, Pedro era teu irmão,

O teu nome de apóstolo eu sussurro

[Na Penumbra]



Meia-luz, neste momento estou agora, despindo meus sentimentos,

Consegue enxergar agora, meus olhos mirando você?


Meus olhos estão nus, eu consigo ver suas veias saltarem,

[na sua pele branca]



Eu sinto o seu calafrio agora, eriçando os teus pêlos,

Não me venha falando que é apenas

[Energia Estática]



Minha resistência queimou e não quero mais trocá-la,

Deixei-a lá com o Carpe Diem Modernista,

Não negarei mais, não quero esquecer

[Quero lhe amar debaixo de um cedro]



Beba-me quente como um gole de chá,

Pois você me disse que não importa o dia,

Em dias frios ou quentes você toma sua dose.

[Não se acanhe, mostre-me como é sua mágica]

Não reaja tal como na cantiga de amor

[de Christine de Pisan]

“Je vous vens La passerose.

-Belle, dire ne vous ose

Comment Amours vers vours me tire,

Si L’ Apercevez tout sanz dire.”



Quando me olhar face a face,

Faça o seu “Jugement d’ amour”,

Eu vou olhar e não direi nada,

Pois você sabe, eu sei que sabe…

[“Mon cuer avez, Je le desire, Por tousjous, Tout pour vous”]

Vou te contar um segredo…

“Within my pounding heart
which kept itself entirely for him
He fell into his sleep
beneath the cedars all my love I gave
From o’er the fortress walls
the wind would his hair against his brow
And with its smoothest hand
caressed my every sense it would allow
 I lost myself to him
and laid my face upon my lover’s breast
And care and grief grew dim
as in the morning’s mist became the light
There they dimmed amongst the lilies fair”
Eu não sei escrever poemas, mas se eu soubesse, eu escreveria um tão bonito quanto este. Eu quero te dizer “Sonhe comigo”, ao invés de um simples “Boa Noite”, eu queria ser aquele barco que te resgata do náufrago, e não meu amigo…eu não quero que me esqueça, eu te esperei a vida inteira e eu cheguei pra ficar. O meu coração permanece batendo noite adentro, meu suspiro transcende a infinitas milhas cada vez que eu te vejo, mesmo que seja apenas fotografias. Sua conversa me eleva, é todo mansa e sensual. Estou esperando…esperando a ocasião certa para poder deitar em seu peito e esperar a orvalhada da manhã, debaixo dos cedros…

Um blues…

A chuva passa, deixa estragos, vai embora, fica muito tempo sem aparecer, mas ela sempre volta, quando você menos espera, lá estará você, molhado no meio do caminho. Se proteja se quiser dentro de seu guarda-chuva preto, ainda assim ela pode molhar seus pés e a barra das calças. Você não se livrará dela. Ela vai molhar as roupas que deixou penduradas no varal. Ela vai fazer sua força cair, e você poderá então chorar no escuro, acender uma vela talvez, até fazer uma prece mesmo que não acredite em nada no sua boca sussurrar. A chuva estará lá fora, você pode se proteger, você pode ignorá-la mas ela estará lá seguindo seu curso, mas lá no fundo ela quer que você dance junto com ela. Ela é inofensiva, mesmo indo de garoa a tempestade de granizo, acompanhada de trovões e raios, mas ela é incapaz de te ferir. Tome um chá, coma uma torrada, se esconda se quiser, pegue seu livro de poemas e escreva algo agressivo, mesmo que não tenha motivação ou inspiração nenhuma. Se proteja debaixo de seu escudo, se esconda do seu medo imaginário, lute contra aqueles monstros imaginários que te atormentam, como um fidalgo sonhador. Eu não me importo se é melhor assim, eu jamais negarei meus sentimentos, mesmo que eles sejam dirigidos a um estranho de modos ingleses, mesmo em tempos de verão chuvoso. Outono, inverno, primavera, eu estarei lá esperando, “em algum lugar, em algum tempo, um outro sonho, outro dia…Por um outro mundo, um outro caminho..”

“Down here the river, meets the sea
And in the sticky heat I feel ya’ open up to me
Love comes out of nowhere baby, just like a hurricane
And it feels like rain
And it feels like rain

Lying here, underneath the stars right next to you
And I’m wondering who you are and, how do you do? How do you do,baby?
The clouds roll in across the moon, and the wind howls out yourname
And it feels like rain
And it feels like rain

We never going to make that bridge tonight baby
Across lake Ponchartrain
And it feels like rain
And it feels like rain

So batten down the hatch baby, and leave your heart up yoursleeve
It looks like we’re in for stormy weather, that ain’t no causefor us to leave
Just lay here, in my arms, let it wash away the pain
And it feels like rain
And it feels like rain”

The Mortal Joke…

É fácil julgar quando se vê do lado fora. Quem deveria estar do lado, está me apedrejando. Todos os dias, todos os dias pessoas de dirigem a mim e me dizem o que é certo. Estou farta de pessoas querendo ditar regras, ditar meu destino, o que eu deixei ou não de fazer. Eu estou cansada, e minha vontade é de desaparecer, ir para o Acre talvez… Eu errei muito nessa vida, e a única coisa que eu quero agora é alguém que não me julgue. Mas está tão difícil. O que eu posso dizer pra mim mesma, agora neste momento, é “Ana, eu acredito em você. Você fez a coisa certa.”, porque a todo o momento as pessoas apontam a mão na minha cara e dizem: “Você é egoísta”. Sim, olham pra mim apontam o dedo como se eu fosse um monstro. Claro…Eu tinha que conviver com uma pessoa, mesmo sendo infeliz. Eu tinha que brincar com os sentimentos daquela pessoa. Eu tinha que olhar e dizer “Eu te amo”, mesmo este sentimento não existindo mais. Eu quero desaparecer. Sabe porque?Porque essas acusações falsas me matam por dentro, as pessoas acham que eu sou um monstro, e eu sou apenas uma mulher fodida, que fez tudo às pressas, que abandonou tudo por ele, e no fim ficou sem nada. A única coisa que eu queria, é que respeitassem minhas escolhas. Você pode me dizer: “Você não fez nada, por que se preocupa?”. Sim, eu lhe digo: “Eu me preocupo demais com tudo. Eu estou sempre me cobrando, eu sempre fui julgada a vida toda sobre todas as minhas decisões. Eu quero alguns momentos de paz, pelo menos nesse exato momento. Eu não tenho mais ninguém para passar a mão na minha cabeça e dizer: “Está tudo bem, encoste aqui e pode chorar”. Estou sozinha agora, com frio, medo, e triste, muito triste, porque as pessoas transformam seus problemas em dragões horripilantes, que gospem fogo. E te fazem acreditar que a sua espada é fraca demais e que você não vai aguentar…

Agora eu sou motivo de piada, mas sou eu quem vai rir por último. Enquanto isso eu fico por aí, chorando no escuro e amaldiçoando todos os meus erros, e ouvindo meu pai dizer “Eu te disse, você fez tudo errado”, “Eu te avisei pra não ir morar com ele”, “Você é insensível e inconsequente”, “Você jogou sua vida no lixo”…

Sim, eu joguei minha vida no lixo e agora eu tento reciclá-la e tornar ela melhor. Mas a diferença é que agora eu vou cuidar de mim. Se eu não fizer isso, quem vai fazer?